O Hino
Nacional que estava na contracapa de alguns cadernos escolares, tomou
forma própria, ganhou vida e invadiu ruas, praças, viadutos, pontes
estaiadas, prédios públicos, rodovias e BRs, e principalmente os
olhos e mentes da nação brasileira, extrapolando fronteiras e
mostrando ao mundo inteiro nossas mazelas.
Um novo
brado retumbante ecoou. Desta
vez, não foi só no Ipiranga, mas nas marginais do Tietê, na
Paulista, na Avenida dos Ministérios, no Leblon, na Imigrantes, nas
diversas escadarias palacianas, legislativas e congressianas das
capitais e das principais cidades do Brasil.
Para que
o Sol dessa liberdade de expressão pudesse brilhar em raios fúlgidos
foi lembrado às autoridades públicas que qualquer tipo de repressão
desse movimento ordeiro e pacífico de uma liberdade que o povo
brasileiro conseguiu conquistar com braço forte, não seria aceita,
e aquele que desafiar a liberdade desse movimento legítimo de
vivência democrática, verá que um filho teu não foge à luta.
O povo
queria uma só coisa: Poder falar, pacificamente. Queria demonstrar o
seu descontentamento com a alta das tarifas de ônibus, com as
péssimas condições do transporte público, da saúde, da educação
e da segurança, se manifestar contra a classe política e a
corrupção. Levar cartazes e gritar palavras de ordem. O movimento
deixou claro o seu repúdio a atos de vandalismo, e desordem, os
quais infelizmente ocorreram, mas que não retiraram o brilho da
imagem do cruzeiro democrático, que resplandeceu no formoso céu
brasileiro.
O Brasil
é o País do futebol, e o povo escolheu justamente um particular
momento deste esporte amado nacionalmente, em plena Copa das
Confederações aqui realizada, para mostrar ao mundo, o seu
descontentamento com gastos elevados na construção de estádios, em
detrimento de tantas outras nossas carências. De demonstrar o nosso
repúdio para com a corrupção que assola este nosso País, e que já
tomou proporções avassaladoras colocando em xeque algumas de nossas
instituições.
Escolheu os locais dos jogos, os novos estádios, construídos mediante empréstimos públicos, ou com algum subsídio dessa ordem, para concentrar também ali suas manifestações.
Cada
brasileiro tem coisas a dizer e os governantes tem a obrigação de
escutar e de entender o povo que fala. E o mundo também tem que
conhecer a nossa realidade. Não basta ser gigante pela própria
natureza, ser um país de dimensões continentais, belo, forte e
impávido colosso, pois para que um sonho intenso, um raio vívido de
amor e de esperança nesta terra desça, para os que aqui vivem,
temos que adotar atitudes mais éticas, mais responsáveis, temos que
ter mais educação. Temos que dar um basta na corrupção. O “dia
do basta”, então é o começo.
O povo
não quer governantes e legisladores deitados eternamente em berço
esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo. Este é o
recado das ruas. Esta é a voz do povo que tem que ser escutada. O
povo quer mais vergonha na cara, mais ética na política. Só assim
teremos: “Paz no futuro e glória no passado.”
Salve!
Salve! O Hino Nacional e o povo brasileiro.
Rosaldo
Jorge de Andrade
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