quarta-feira, 27 de julho de 2011

Artigo Científico

Trabalho   apresentado, pela Dra. Eudália Vieira de Paulo, como   conclusão   dos Estudos   dos   grupo   de   iniciação   científica 2010/2011  do  Curso  de  Direito,   Faculdade Radial de Curitiba. Orientadora: Profª.Dra. Fernanda Schaefer Rivabem.

Tema: CONCEITO CONTEMPORÂNEO DE BIOPODER A LUZ DE MICHEL FOUCAULT


1.   INTRODUÇÃO

No  presente  trabalho  busca-se conceituar Biopoder  de  forma  contemporânea    a  partir das leituras de Michel  Foucault  e de vários outros estudiosos de deste tema como Paul Rabinow, Nicolas Rose e Thamy Pogrebinschi. 

Michel Foucault foi o primeiro filósofo a  estudar o tema Biopoder. Em quase todas as suas obras esse tema é abordado, como por exemplo: La volonté du savoir (a vontade do  saber),   1976;  Histoire  de  la  Folie  à  l’âge  Classique  (1961;  História  da  Loucura),  A ordem do Discurso, 1971; entre outros.    

Ao estudar o conceito de Biopoder entende-se melhor a obra de Michel Foucault e sua característica marcante ao abordar temas tão polêmicos para a época, verifica-se que estes temas lhe eram sensíveis devido as dificuldades pessoais de aceitação. Ele foi um revolucionário das idéias e um estudioso de temas como prisão, loucura e sexualidade, foi conhecido como o filósofo que se atreveu a tudo. MOLINA, Daniel Molina. O filósofo que se   atreveu   a   tudo.   (abril/99).  Disponível   em:  http://filoesco.unb.br/foucault/bio1.pdf. acesso em: 23 fev.2011.

Buscando entender melhor o tema abordado neste artigo inicialmente  conceituar- se Biopoder para em seguida analisar de forma mais aprofundada as ferramentas usadas por Foucault em sues estudos.

2.  CONCEITO FOUCAULTIANO DE BIOPODER.

Biopoder   classicamente  é  o  direito  de  morte  e  poder   sobre  a  vida,   em  outras  palavras é o poder que o soberano tem de confiscar as coisas, os corpos e em última  instância até a vida de seus súditos. (Rabinow e Rose, 2006 p.27-57). Partindo  deste  conceito,  conclui-se    que  o  Biopoder   é  um  “direito”   unilateral,   o  soberano o institui para si.

Fazendo uma   analogia aos dias atuais poder-se dizer que qualquer pessoa que  usar sua influencia para direcionar as ações de outras, seja de forma positiva ou negativa, exerce soberania, pratica “Biopoder”. Por exemplo o pai para com os filhos, os filhos para com  os   pais,   o  patrão  para  com  o  empregado,   o  presidente  para  com  a  nação  e finalmente o objeto do presente artigo, os sistemas de controles e as políticas exercida em face de toda a coletividade.


Diante desta constatação, a reflexão que se deve fazer ao estudar este tema, não é como evitar que os controles influenciem a vida das pessoas, pois diante das ferramentas tecnológicas  aliadas  à  política  dos  governantes  e  as  grandes  corporações  que  detém poder, é algo inevitável. Portanto a preocupação dos estudiosos e do Direito é detectar de forma  antecipada  os  impactos  positivos  e  negativos  destes  controles  no  cotidiano  das pessoas e buscar forma de normatizar-lo e amenizar-los.

Historicamente  tem-se  exemplos  de  crueldades  desmedidas  em  nome  de  uma razão incompreendida por toda a humanidade para satisfazer ideais compreendidos por um único homem que usou sua soberania para dissimar toda uma raça, como foi o caso de  Hitler1  que  usou  seu  poder   para  ordenar  uma  das  crueldades  mais  inominadas  da História da humanidade - o holocausto, é um exemplo claro de como o poder pode ser usado para mudar os rumos de uma população inteira e até a  Historia do mundo como se verifica no texto abaixo.  

 [...]Ele começou a aniquilação do povo judeu, especialmente em solo polonês onde vivia o maior contingente de judeus da Europa. Documentos descobertos depois da guerra mostram que sua intenção era exterminar todo judeu no mundo...Disponível em: http://www.beth-shalom.com.br/artigos/fsicom05.html. Acessado em 26 fev.2011 

Diante  da  citação  acima  pode-se  analisar   o  Biopoder   apenas  como  forma  de dominação  usado  em  regimes totalitários,   o  que  neste  caso  desvituaria  seu  estudo  no meio acadêmico como novos direitos2, pois poderia se concluir que não se trata de um direito mais sim de uma arma potencial e seu estudo teria a finalidade única de encontrar novas aplicações bélicas para guerras ou qualquer outro tipo de medição de poder entre os povos.

Felizmente esta idéia não corresponde a verdade, há também formas de uso do Biopoder   para  ações  positivas  como  exemplo  pode-se  citar   os    estudos  na  área  de reprodução   genética,   os   sistemas   educacionais,   a   biossegurança,   os   sistemas   de controles   demográficos,     as   pesquisas   de   novos   medicamentos,   o   desenvolvimento 

1Hitler,   Adolf  (1889-1945),   ditador   alemão  considerado  o  único  responsável   pela  segunda  guerra  mundial   e  pelo 
holocausto.
2Conforme doutrina Norberto Bobbio os novos direito são direitos de 4ªgeração que decorrem dos avanços no campo da 
engenharia genética ao colocar em risco a existência humana atrevas da manipulação do patrimônio genético. Pedro 
Lenza, Direito Constitucional esquematizado, 13ª edição p.670

sustentável, a educação e os movimentos sociais que lutam para diminuir a pobreza e aumentar   a  qualidade  de  vida  das   pessoas   entre  outros.   Portanto  pode-se  verificar inúmeros  exemplos  que, comprovadamente  podem  ser   classificados  como  práticas  de Biopoder e que atualmente são usados para maximizar os potencias humanos com ações positivas que tem como base os mesmo elementos e formas de controles estudadas por Foucault como pode-se visualizar no texto que segue. 

Nas  Modernas  sociedades  ocidentais,   os  mecanismos  de  poder  são  direcionados  para  os  corpos,   tornando-se  proliferam  vida,   o  que reforça as especies e os seus efeitos.....Uma política demográfica, de família, casamento, a educação, a hierarquia social e da propriedade, e uma longa série de intervenções permanentes ao nível do corpo, comportamento, saúde e da vida diária foram [ ...] a justificação do mítico preocupação de proteger a pureza de sangue e de liderar a corrida para ganhar. 

Disponível em:
        http://psicopsi.com/pt/biopolitica-e-biopoder-michel-foucaultrepressivo-hipotese. Acesso 23 abr 2011.

3.  ELEMENTOS DE CONTROLES


Como foi visto o Biopoder busca controlar a vida das pessoas de diversas formas uma destas formas é o uso de bancos de dados que são coletados por meio de pesquisas diretas e indiretas, cadastros de grandes corporações, sensos demográficos e até como seleção de cobaias humanas feita pelos laboratórios farmacêuticos, entre outros. A partir destes dados são feitos estudos estatísticos que servirão de bases para projetar situações futuras de acordo com a vontade dos detentores do poder.

Na  definição  de  poder   Foucaultiana,   há  um  diagrama  bipolar   onde  de  um  lado encontram-se os corpos e do outro os controles, criado para regular suas atividades, suas vidas.   Um  dos   elementos   para   obter   estes   controles   é   a  disciplina     usada   como mecanismo institucional para maximizar as forças dos corpos de forma a extrair deles o que  se  busca.   Para  Foucault   esta  busca  é  feita  de  forma  local,   ou  seja  exercidos  por instituições estatais ou paraestatais criadas com uma finalidade específica dentro de um meio social mas que aos poucos vai influenciando os indivíduos de forma a alcançar um objetivo que normalmente é desconhecido pelo sujeito passivo,   o que Foucualt chamou de objetivação que é o segundo elemento. (Pogrebinscki, 2004, p. 182)


O terceiro elemento e a circularidade.  O poder circular em meio aos sujeitos e trocar de posição frequentemente. Em um momento um sujeito é um elemento passivo – subordinado  a  quem    detém  o  poder   e  suas  regulações  -     e  em  outro  momento  este mesmo  sujeito  passa  a  ser   elemento  ativo   controlando  o  poder   e  vice   versa.   Esta circularidade  acredita-se  ter  como  fator   principal   o  elemento  politica.   Um  exemplo  real desta  situação  ocorre  nas   empresas,   orgão  públicos,   instituições   de  ensino  onde  o elemento política é muito forte, os cargos de poder mudam conforme o grupo político que estar em acessão e as competências individuas são segundarias. Neste caso ocorre uma politização dos indivíduos. Estes indivíduos   podem ou não permanecer naquele grupo, depende do quanto ele aceitou esta manipulação política. Em outras palavras conforme a leitura   de   Foucault,   potencialmente,      todos   são   ao   mesmo   tempo   detentores   e destinatários do poder. (Pogrebinschi, 2004, p. 179-201).

Após   conhecer   os   elementos   de   controles,   e   para   melhor   entendimento   dos mesmos, a seguir estuda-se as formas de controles abordadas na obra de Foucault com base na leitura de Paul Rabinow e Nicolas Rose.

4. FORMAS DE CONTROLES;

Conforme ensina Michel Foucault o Biopoder é usado contemporaneamente  como formas de controles que utilizam, alem dos elementos de controle, formas de controle que são: O discursos, a intervenção e a subjetivação para envolver os indivíduos. A seguir analise-se cada um destes elementos para entender melhor   como o Biopoder se utiliza desdes mecanismos  para  alcançar seus  objetivos.  Estes três elementos  atualmente se apresentam não apenas na forma horizontal, mas também na forma vertical  através do uso de estudos  estatísticos para se prever e avaliar resultados antecipadamente. 

A) Discurso de verdades é a forma como as informações são passadas aos indivíduos de acordo com a época ela é dotada de temporaneidade e abstratividade isso significa dizer   que   ela   é   mutável,   ou   seja,   acompanha   o   desenvolvimento   das   idéias   da humanidade   e   modifica-se   junto   com  elas.   Estes   discursos   são   idealizados   pelos detentores do poder para influenciar os indivíduos.   Essas  verdades  entram  no  cotidiano das  pessoas  de  forma  quase  impeceptível   por   meio  das  redes  de  comunicação,   nas comunidades em que o indivíduo esta inserido e aos poucos vão direcionando suas vidas, os rumos das nações e do próprio mundo de forma a fazer com que o discurso torne-se a verdade. 


No setor da moda tem-se um exemplo claro deste direcionamento e ocaso de modelos lindíssimas mostram roupas que só se adequam à pessoas magérrimas como elas e  as mulheres se sacrificam para  imita-las,   não   apenas   pela   aparência   mais também  e,   principalmente  porque  os  homens  querem  que  elas  se  pareçam  com  as modelos que viram na TV sem  se  preocupar   qual   o  preço  a  ser   pago  pelo  sacrifício. (Rabinow e Rose, 2006 p.29)

B)   Abstratividade  é  a  mutação  do  discurso,   ela  é  institucional   e  subjetiva,   ou  seja  o discurso é visto e absorvido de forma diferente dependendo de uma série de fatores como época em que ele é proferido e ouvido, a cultura individual e coletiva, a ideologia de quem fala e de quem ouve, a posição sócio-econômica destes indivíduos entre outros fatores que juntos são determinantes na formação da opinião individual e que se soma e dita as regras. (Rabinow e Rose, 2006 p.29)

C) Intervenção é o  uso das tecnologias da informação3 e dos sistemas  de controles para intervir nas mudanças de comportamento. Esta intervenção é feita de forma invisível, quando alguem toma  vacina, liga a televisão, usa o celular, é fiel a um determinado produto, ou coisas similares, “aceita” uma intervenção externa sobre seu modo de viver. Esta intervenção poderá ter resultados positivos e negativos, visto que ela na maioria das vezes não é invasiva por isso o cuidado tem que estar sempre presente nas escolhas do dia a dia para evitar a manipulação. Os agentes externos desta intervenção são os grupos políticos, corporativos ou qualquer outro que detenha poder, e os instrumento utilizado em sua execução são diversos como citado anteriormente: A mídia atuante na moda (como no exemplo já mostrado), na estética e nos padrões de beleza e comportamento socialmente aceitos pelos grupos sociais que, valoriza muito mais a maquiagem que o intelecto das pessoas. (Rabinow e Rose, 2006 p.29)

D) Modo de subjetivação: As ferramentas usadas na intervenção levam os indivíduos a um campo de sujeição onde ele próprio se insere em uma situação de descriminação. Um exemplo desta sujeição é o caso de alunos cotistas, crianças especiais, empregos para PPNE's  (pessoas  portadoras  de  necessidades  especiais)   etc.   Nos  casos  citados  para 

3 A Tecnologia da Informação (TI) pode ser definida como o conjunto de todas as atividades e soluções providas por 
recursos de computação que visam permitir o armazenamento, o acesso e o uso das informações. Emerson Alecrim, 
2011. disponível em: http://www.infowester.com/ti.php . Acesso: 06/07/2011 


ilustrar, os indivíduo são levados a pensar e agir de forma a atender um interesse que ele próprio desconhece, visto que os programas se apresentam declaradamente com uma função  diversa  da  almejada  ou  seja  há  uma  máscara  para  esconder   as  verdadeiras intenções   por   traz   do   cartaz.   Esta   sujeição   leva   o   indivíduo   a   um  determinado comportamento que, muitas vezes ele nunca parou para refletir se é condizente com sua realidade, se esta é sua verdade ou a dos outros e em nome de vivência social  a ele imposta  mas  que  ele  pensa  ser   sua  escolha  ou  simplesmente  porque  não  vê  outro caminho. (Rabinow e Rose, 2006 p.29) Todas estas situações  geram  implicações  em sua  aplicação tanto para o sujeito passivo quanto pata o ativo que neste caso seria o resultado. A seguir tenta-se estudar algumas destas implicações. 

5 APLICAÇÕES E IMPLICAÇÕES DO BIOPODER

As formas de gerenciamento das politicas de mercado são feitas direcionadas a um objetivo predeterminado  que vão desde o que a pessoa come e veste até a  forma como nasce  e  morre  e  desta    forma  os detentores  do  poder  vão  agindo  sobre  a  saúde  das pessoas, suas famílias, seu modo de viver, sobre a economia e a política de forma a fazer do indivíduo um escravo do sistema. Um bom exemplo destes controles é o projeto da biopolitics international com sede na Grécia que objetiva criar uma consciência emergente entre   os   sonhadores   e   praticantes   religiosos   em  direção   a   um  movimento   mundial ecologicamente perfeito de plena juventude e justiça na qual os homens podem envolver-se em eventos de prazer físico e espiritual inimaginável. (Rabinow e Rose, 2006 p.29).

A  leitura  do  Biopoder   descrita  por   Hardt   e  Negre  é  uma  forma  de  dominação totalizante. Nesta leitura pode-se avaliar que as praticas do Biopoder são invasivas, fazem uma  espécie  de  lavagem  cerebral   no  individuo  obrigando-o  a  comportar-se  desta  ou daquela forma para atender os interesses de grupos dominantes sem a permissão deste como pode-se verificar no texto abaixo: 
...O Biopoder é um termo totalizante – serve para assegurar uma forma 
global   de  dominação...Trata-se  de  uma  leitura  neo-maxista.Sua  primeira  
premissa é que  atuação do poder deveria ser entendida como a extração 
de alguns tipo de mais-valia da vida humana...Regula a vida social a partir 
de seu interior. Rabinow, P. e Rose N. O conceito de Biopoder Hoje 
Politica & Trabalho  nº24 abril 2006 p.27 a 57.  






Para  Foucault   estes  controles  são  exercidos  por   entidades  disciplinadoras  que controlam  a  inclusão  e  a  exclusão  dos  indivíduos  como  escolas,   programas  de  ajuda humanitária, asilos, presídios, hospitais, empresas de grande porte, entidades religiosas em fim, órgãos ou lugares que detém uma certa credibilidade por parte da coletividade e deveriam ser um agente de desenvolvimento, multiplicador de melhoria para as massas e exatamente por isso de fácil acesso a população. Diante  do  exposto  pode-se  concluir   que  as  implicações  do  Biopoder   são  mais nítidas   à   população   com  nível   cultural   mais   elevado   e   conseqüentemente   melhor informada, e a população menos favorecida e com limitações culturais mais acentuadas estão mais expostos a estes controles e suas aplicações.  

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao estudar os novos direitos, onde estar inserido o tema Biopoder passar-se a conhecer vários discursos muito recentes para a maioria, vistos que ainda não há uma consciência  coletiva  sobre  temas  como  direitos  fundamentais4,   ou  em  outras  palavras direitos básicos, inerente à existência do individuo e sua segurança, portanto é cedo para falar em disseminação coletiva de   algo como Biodireito. Mesmo no meio acadêmico o tema ainda é bastante novo porém vertente e como se sabe bastante estudado. Diante desta  realidade,   falar   em  Biopoder   e  outros  temas  relacionados  aos  novos  direitos  é bastante distante da realidade Brasileira, motivo pelo qual ainda há algumas dificuldades na abordagem deste tema. 

O tema hora estudado como foi dito inicialmente foi abordado pela primeira vez por Michel Foucault na década de 70, porém é sabido que durante a 2ª Guerra Mundial  ficou conhecido  através  das  atrocidades  praticadas  nos  campos  de  concentração  contra  os Judeus sem qualquer justificativa – se é que poderia se encontrar algo que justificasse as praticas nazistas.  Atualmente se busca conhecer práticas  de Biopoder que  influenciem positivamente a vida dos indivíduos, trazendo mais qualidade de vida e até a prolongue por meio das novas descobertas e para tal  faz se necessários o uso de controles que previnam novas doenças (é o caso das pesquisas na área médica) e encontre soluções para as futuras gerações como o controle populacional  que hoje se faz urgente devido altas taxas de natalidade em alguns países e baixíssimas em outros como é o caso da 

4 Direitos fundamentais são direitos de 1ªgeração ou seja direitos que protegem diretamente a vida e a dignidade da 
pessoa humana previstos na declaração universal dos direitos humanos e na constituição. (Lenza, 2008)  



Europa  onde  a  grande  preocupação  e  o  envelhecimento  da  população.   (Revista  Veja, 
edição 2031/2007). Ainda  há  muito  o  que  se  estudar   e  também  tutelar   para  que  os 
avanços  tecnológicos  sejam  feitos  de  forma  sustentável   e  harmônicos  e  não  a  preços 
como o  a humanidade paga pelo holocausto.


 7. REFERENCIAS

• FOUCAULT,   M.  A  Ordem  do  Discurso,   leituras  filosóficas  –  Ed.     Loyola,   9ª 
Edição,  2005
• FOUCAULT,   M.  Vigiar  e  Punir  36º  Edição  –  FOUCAULT,   Michel   –  Ed.   Vozes, 
1997
• Ciência e Trabalho – Revista de Ciências Sociais nº24 abril/2006 p.27 a 57
• DALVI, L. Curso avançado de biodireito – Ed. Conceito Editorial, 2008
• LENZA,   P.  Direito  Constitucional   Esquematizado  –   Ed.Saraiva   13ª   Edição, 
2009

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Notícias da OAB


           Mais Fotos



Dr. Paulo Henrique Azzolini presenteando o presidente José Lucio Glomb



Discurso do presidente da Comissão dos Advogados Empregados da Administração Pública Indireta

Segue o discurso de Paulo Henrique Azzolini, presidente da Comissão dos Advogados Empregados da Administração Pública Indireta, durante evento realizado na última sexta-feira, na sede da OAB, em Curitiba.

Prezados Senhores e Senhoras advogados (as), prezadas autoridades,

é com satisfação que a Comissão de Advogados das Empresas da Administração Indireta, Economia Mista e Regimes Especiais promove esta palestra. Agradeço desde já a todos que a ela vieram, esperando que o conteúdo agrade e acrescente à intenção de despertar uma reflexão sobre temas da atualidade.

Nas Empresas da Administração Indireta e regimes especiais é comum em cada governo a afluência de pessoas de outros setores que vem ocupar cargos de decisão. Pessoas vêm com o encargo de implantar diretivas do Governo, dar nova orientação aos negócios da Companhia. Nada mais lógico e comum. Todavia, a diferença não está só na qualidade das diretivas a serem implantadas, mas também nas qualidades pessoais de quem vai colocá-las em prática.

Um Governo diferencia-se justamente pela qualidade de seus representantes em tais empresas. É comum que os novos dirigentes não tenham pleno conhecimento das matérias das várias áreas técnicas. Levam um certo tempo para fazê-lo. Selecionando o que a de bom e o que deve ser alterado. O bom dirigente respeita os procedimentos técnicos existentes, pois eles seguem a normalidade técnica para satisfazer necessidades da empresa. Já ouve época em que o desrespeito era total. Partia-se do pressuposto de que nada dos Governos anteriores era bom, desrespeitando a história da evolução técnica de cada empresa. Técnicos eram desrespeitados, tirados de seus cargos, exilados para áreas fora da sua especialidade por discordarem de posições pessoais de tais dirigentes.

Para o advogado das economias mistas e empresas de regimes especiais, a tarefa sempre foi e é estar alerta para a garantia dos direitos individuais, a preservação da autonomia técnica e a independência profissional em todas as matérias de interesse da empresa. Intolerável a atitude vista no passado das perseguições a técnicos de todas as profissões, passando por cima de garantias dos direitos humanos e constitucionais.

Já o advogado destas empresas tem sua missão também na salvaguarda dos direitos humanos, no caso de assédio moral, desmandos e desvios pessoais de tais dirigentes na implantação de planos do Governo posto. Que nunca mais se retorne a tempos passados, e que o advogado, embora CLT, tenha sua autonomia sempre respeitada para defender a todos.

Tal atitude é de participação, contribui para assegurar os processos democráticos. Todavia, o advogado, tem que ser respeitado também em função de seu histórico de independência. Principalmente aquele que ocupa cargo de chefia, comissionado, assessor, etc tem ainda dever maior que é o de manter sua independência profissional, devendo em suas atitudes profissionais manter-se longe da posição meramente subserviente, muitas vezes assumindo posições técnicas mais de auto preservação de seu salário e posição do que no interesse de não criar passivos para a empresa.

Assim, tanto os novos dirigentes quanto os advogados tem a missão de bem conduzir a gestão da empresa, para que esta tenha progresso e cumpra sua função social. Como brasileiros todos temos a responsabilidade pela gestão.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Comunicados úteis

Você toma muito refrigerante , cuidado , a osteoporose vai te pegar. 

Você sabe o dia de aniversário de seus colegas? Talvez você nunca tenha se importado com eles, pois para você oito horas na empresa é só uma coisa passageira e não vale a pena conviver com ninguém. 

Alguém pergunta?

Quantos jogos da Copa serão realizados em Curitiba e quais? 

Até quando o real continuará valorizado? 

Curitiba terá que escolher: parar de crescer ou ter o caos urbano ?

Será que mudando o sistema de financiamento de campanha eleitoral, acabará a corrupção? 

O que significa apagão de mão de obra: que o Brasil esculhambou com a educação e agora precisa de gente qualificada? 

Odilon Reinhardt

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Atualidades em picadinho

Conforme divulgado na imprensa, a Sanepar está preparando a 2ª emissão de debêntures, no valor de R$ 395.155.300,00, para distribuição privada e subscrição pelo BNDES. São recursos para obras. Ao contrário dos tempos da década de 90, os recursos agora não são problema. E o valor acima é só 85% de um valor total de investimentos de R$ 464.800.000,00. Isto  leva a meditar como é importante a orientação política acima da empresa. Lembrando que  o que levou à venda de parte do capital soicial para a Dominó foi a falta de recursos, realidade criada num período do governo federal. 

Segundo divulgado em rádio,uma escola dos Estados Unidos da América não ensinará mais as crianças a escrever. Tudo será digital . Uma inovação polêmica. Pode ser uma daquelas esquinas que nos dizem do futuro .

Odilon Reinhardt

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Artigo da semana

Tudo muito passageiro


Na época que nos deixamos dominar pela onda da transitoriedade, onde o modelo econômico, por questões de maior consumo, favorece a obsolescência precoce das coisas, tudo parece ser na verdade passageiro, instável, desmerecedor de maior atenção.

É assim que na esteira desta programada, forçada e imposta instabilidade no mundo as coisas, também o comportamento das pessoas segue uma patética e virtual “modernização”. Torna-se, então, mais rápido, superficial, descambando para a intolerância e impaciência quanto ao maior detalhamento de qualquer assunto.

Com apoio dos instrumentos fornecidos pela tecnologia e sua programada inserção na sociedade, os modos de comunicação entre as pessoas multiplicam-se . Todavia, a qualidade da comunicação é vulgar, controladora, superficial, sem intensidade, elegância e complexidade. Fica tudo como conversa de passarinho, um pipilar, rápido, vazio e curto sobre rotinas do dia a dia. Nenhuma profundidade ou conteúdo mais complexo é aceito. Mais do que quatro frases é uma aporrinhação.

E as pessoas vão se acostumando a este modo. O diálogo feito de assuntos comezinhos, de assuntos pequenos, sem muita reflexão, sem muita informação. Bastam algumas palavras e já tenho um “amigo”. É visível a precariedade das relações e a superficialidade de tudo. Compare-se informações sobre qualquer tema em qualquer enciclopédia de 20 anos atrás e as de hoje. Hoje, vale o superficial.

Este todo  parece ser muito conveniente e oportuno para espelhar a falta de cultura, educação e formação que marcam registrada mente a vida pessoal e política no país. Cada vez mais um país de forçados tarefeiros, de seguidores, de alienados, com pessoas se habituando à superficialidade num vazio sem precedentes.

O pior é que toda este modo “moderno” , este evitar a complexidade , está desembarcando no Judiciário, também através do processo eletrônico, virtual, que logo inaugurará a Justiça de formulários, marcando uma regressão aos tempos do pretor romano com suas fórmulas. Isto tudo para agilizar o processo, aproximando-o mais rapidamente da fase de execução da sentença, onde uma outra realidade desponta, onde não há o que executar, pois a maioria da população não tem recursos materiais. O consumidor, âncora da política econômica, está consumido. O advogado passa a ser o operador do Direito. Designação bem ajustada ao utilitarismo, ao materialismo dos dias que nos pregam. Por que não chamá-lo de mecânico das leis ou coisa assim? E o Juiz, por que não o eletrônico da Justiça?  
           
Uma Justiça célere,  mas superficial e sem razão,  pode levar à  Injustiça, estado pior do que a falta de decisão.  Sem embargo dos problemas existentes na fase de execução, a agilidade nos processos judiciais merece atenção e cuidado . Não podem os meios sobrepujar os fins. No entanto, é quase inevitável que a transitoriedade, a rapidez ansiosa, a superficialidade e tudo mais do modo “moderno” imposto contamine o exame dos fatos trazidos pelas partes e produza sentenças rápidas e sem ponderação de Justiça.

A necessidade de rapidez, agilidade, etc, no Judiciário, cada vez mais cobrado politicamente  pela sociedade face sua tradicional demora, corre o risco de refletir nas decisões o mesmo que se passa nas comunicações entre as pessoas .

Pessoas que não se detém mais a nada, que não prestam atenção a nada, que não sabem mais parar a fim de pensar. Se o pensar envolver o uso de mais do que dois neurônios, é chatice, e isto começa a ser uma perversa realidade. A realidade “moderna”. Caba a cada um decidir , se segue a onda ou não.

Para uns o lema é : “modernize-se”; nunca fale mais do que 3 frases sobre qualquer assunto, para não ser o chato, o complexo, o fazedor de problemas. Seja breve, nunca escreva nada muito profundo, detenha-se no vulgar e no superficial, caso contrário você será ultrapassado. Será tido como enrolado, complexo, barroco demais. Você não ganhará atenção, só a intolerância, a impaciência e irritação. A pergunta que fica no ar é a seguinte: a quem interessa isto? A quem interessa manter um povo distraído, de mente desinformada, curta e vazia, sem espírito crítico?

Todos nós aceitamos isto. Vamos pagar por isto. Tudo parece levar a conclusão que isto faz parte de  um  plano anti-democrático, para afastar as pessoas da participação e consciência, favorecendo a perda da liberdade de poder  criar e propor.  

Odilon Reinhardt

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Atitude em picadinho

A resolução 203/07 esta sendo revista. Nos rígidos limites da lei estadual 15.608/07, ainda será possível agilizar o trâmite de processos para aprovação.

Espera-se a retirado do Conselho de Administração do processo decisório de despesas normais da empresa, passando o Conselho a dedicar-se ao campo estratégico de soluções para grandes aspectos da Sanepar e sua posição no mercado.

O estatuto da Sanepar será revisto para possibilitar a adequação da empresa aos novos tempos e também possibilitar a revisão da resolução 203/07 e introduzir mais agilidade no processo decisório.