Salvação
Nacional.
Ninguém
desejou que o país chegasse a este ponto, mas os anos foram passando e já havia
sinais múltiplos de que com o Governo nada daria certo.
É desejo de
qualquer nacional, que haja seriedade, dignidade, respeito, justiça,
honestidade, legalidade, transparência, modicidade e economicidade no gasto
público, projetos úteis e honestos. Este desejo sempre foi tripudiado e
vilipendiado durante décadas pela cultura e sistema político tradicional e o
tempo foi passando até chegarmos a caos econômico dos anos 80 e 90. O partido
dos metalúrgicos, que crescia lentamente, na época era a esperança de muitos brasileiros
e inclusive de parte da magoada e desempregada classe média que o elegeu
historicamente como salvador da pátria, esperança de democracia e honestidade.
A euforia
inicial foi marcada por ufanismo, que sinalizava novos tempos democráticos com
ares de fantasiosa Terra do Leite e Mel. As bolsas da União estavam sendo
cheias de recursos, graças às medidas econômicas do governo anterior, o qual
caíra justamente pelas mesmas medidas de arrocho e dificuldades, que havia
adotado, provocando a impopularidade. Economistas prudentes alertavam sempre,
“é necessário fazer o bolo e depois repartir”, o que começou a ser menosprezado
sistematicamente em nome de reformas populares e garantia de reeleição.
Foi assim que
o governo popular, tomou posse em cerimônia épica, mas já sob os olhares
silenciosos de quem sabia que todo aquele momento histórico poderia estar já
maculado pela qualidade pessoal dos governantes, a grande maioria de pessoas
sem qualquer experiência para conduzir um país continental, pois o Brasil não
era um sindicato nem uma federação deles.
Assim, todos
pensavam e projetavam um sonho, mas não analisavam as pessoas que realmente
iriam operacionalizar os atos para fazer este sonho ser realizado. Aliás,
problema crônico no Brasil, onde pessoas são eleitas não pelas ideias expostas
de governo, mas pelos sorrisos, pela fachada, pela beleza, pela simpatia, pelo
carisma e dinheiro.
Já no início,
a queda da meritologia foi uma adoção espantosa para quem tinha diploma e era
altamente qualificado, mas era sob o ponto de vista do partido dominante algo
essencial para possibilitar o acesso de sua gente sem diploma para os cargos
públicos com ou sem importância estratégica. Tais pessoas políticas chefiariam
pessoas de alta qualificação nos Ministérios, algo sem precedentes em
Ministérios como o da Fazenda. O negócio
era garantir emprego para todos do partido e facilitar a adoção das medidas que
seriam adotadas em prol da grande revolução de base.
Necessário
lembrar que sob a égide de um sonho de democratização e inclusão social, a
estratégia era dizer ao país das “elite” que se deveria desrespeitar e mesmo
debochar dos modelos e princípios até então adotados, para que com isto fosse
possível perpetrar a ideia de que havia havido 500 anos de menosprezo ao povo e
que nada que tinha sido até então feito tinha legitimidade e correspondia aos
anseios da população mais simples e carente. Algo como dizer que todos os
governos até então só haviam copiado e adotado modelos da cultura e história de
países colonialistas sem compromisso como o povo brasileiro. Tal mensagem aos
diplomados e seus filhos, esquecia as manifestações mais legitimas das várias
áreas da cultura nacional e a luta pela independência.
Contudo, o
carisma do líder eleito, com sua simplicidade e retórica popular, com a língua
Portuguesa em seu pior momento oficial, a frequente quebra de protocolo, a
falta de modos oficiais e a adoção do estilo “simprão”, eram vistos como ato de
descontração de um presidente tranquilo, envolvia a todos, era avalizado pela
imprensa sem restrições. A indústria e o
comércio o saldavam, os Bancos e o mercado financeiro estavam tranquilos, mesmo
os que tinham sido tão receosos; todos o sustentavam abertamente. O Presidente
era encantador, era Paz e Amor. Tudo era um novo Brasil, algo que lembrava os
fantasiosos dias de Juscelino-Bossa Nova e suas gastanças desvairadas.
Sob o efeito
hipnótico do novo tempo, a multidão de puxas sacos de todas as classes sociais,
seguia o fluxo do ufanismo, da adoração, do agora-vai, do
Maria-vai-com-as-outras, sem perceber que havia por trás de singela cortina de
fumaça uma estratégia ideológica que lembrava os regimes de grande
autoritarismo e escravidão humana, que marcaram a história com suas revoluções
populares para acorrentar o próprio povo. Revistas semanais, no entanto, não
seguiam as massas e olhavam tudo com reserva.
No entanto,
tudo era tão lindo, tão bom que nada era percebido. Quem ousaria levantar alguma suspeita e
macular o que estava acontecendo? Afinal a inflação estava controlada, o país
estava bem, o presidente era “o cara”, conforme Obama o chamou. Nem a crise
mundial de 2008 parecia incomodar; chegaria ao paraíso como mera “marolinha”.
No entanto,
desde o início pessoas estreladas e vermelhas, mas despreparadas para um
governo democrático honesto e transparente, já trabalhavam arduamente para a
revolução que pretendiam implantar, onde certamente seriam a camada
privilegiada de chefes enquanto o povo viveria sob seu jugo e determinações.
Algo como num sindicato.
Contudo, o
país inteiro estava embevecido, pois com o apoio fundamental da TV, propagandas
perfeitas de marketing, poderiam vender qualquer coisa e por que não uma imagem
de um Presidente? Propaganda intensa e até o filme Lula, o Filho do Brasil, com
candidatura ao Oscar, em plena casa do Tio San. O país é tomado de um
romantismo anacrônico de ver o bom moço simples e de origem humilde tornar-se
presidente da República. Uma histórica comovente, que esquecia quem eram os
companheiros mais chegados e os conselheiros mais espertos que conduziam o
presidente.
Desde o início,
é de se repetir, os sinais já denunciavam problemas fundamentais, mas que muito
poucos viam que eram peças soltas de um quebra-cabeças gigantesco. A revista
Veja sempre alertou, mas ninguém ousava acreditar.
Nos primeiros
dias de Governo, o Ministro da Defesa da época, anunciou que o Brasil
fabricaria a bomba atômica, episódio rápido e silencioso que foi apagado também
rapidamente das reportagens, depois que o Presidente americano considerou o
Brasil um dos países do Eixo do Mal, junto com Iran e Coréia do Norte. O
tapa-boca foi eficaz, mas já colocou o Brasil sob o microscópio do primeiro
mundo. Não demorou para os Estados Unidos da América do Norte fazerem manobras
militares na fronteira Brasil – Paraguai, como que dizendo “ watch out , budy,
this farm is ours”.
O segundo fato
inicial foi querer lançar o presidente eleito como líder da América Latina e
terceiro mundo. As incursões do presidente à África não deram certo já no
início. Faltava tutano internacional para tal. O líder carismático não conseguia
convencer. E mesmo na América latina espanhola, logo surgiu o Chaves, como
pretenso líder. O projeto brasileiro não era líder para a América Latina, só
para o Brasil.
Recolhido ao
Brasil, a única alternativa era mostrar dinheiro aos “hermanos”, dinheiro dos
impostos do contribuinte brasileiro, para seduzir as bandeiras do Continente; o
Brasil como capitalista, então financiando os governos populares, sua eleição e
suas obras, se mostrassem igual ideologia irresponsável e anacrônica. Assim, o recusado líder, poderia pagar sua
presença entre os espanhóis e manter-se ativo, mesmo tendo que se ajoelhar para
Chaves, tudo em nome de um projeto maior para a América Latina. Aliás, as
relações exteriores já eram dedicadas à América Latina.
Apesar de
inúmeras viagens do Presidente ao Exterior, as relações com países mais
avançados, não convenciam, pois as inteligências externas já haviam entendido o
que se passava internamente e que só aparecia em entrelinhas para alguns
nacionais. Não ficou explicada toda a celeuma em torno da compra de aviões de
guerra e porque o assunto era tratado diretamente pelo presidente. Alguém da
indústria de armamentos saiu perdendo milhões.
O Presidente
batalhou pela imagem do Brasil, tentando dar base para seu Governo e plano de revolução.
Conseguiu na ONU que o Brasil fizesse parte do Conselho de Segurança, e
famílias brasileiras perderam seus filhos no Timor e no Haiti. As desastradas
embaixadas sem verba e cheias de asseclas da Estrela não conseguiam mais nada.
Nem dá para esquecer o episódio da Bolívia que invadiu propriedade da Petrobras
e o Presidente do Brasil deu razão ao Governo Boliviano.
Internamente a
ilusão crescia e cegava o povo e as camadas culturais e políticas. A oposição
chegou a calar, emudecida pelo sucesso do presidente que falava como, pelo e
para o Povo. Quem seria contrário sem perder votos? Boquiabertos os 3 Poderes da República
estavam alinhados. O STF estava
lentamente sendo preenchido por indicados pelo Governo. Tudo era harmonia. O
país estava em rumo popular de acerto, contentamento das massas e prosperidade.
A final todos podiam satisfazer seus represados sonhos de consumo, comprar
carros e roupas etc.
O fato é que
com as ausências frequentes do presidente, face às viagens externas, o governo
ficou na mão de assessores e ministros, que atordoados com tanto Poder e sob a
luz da crescente e incontestável popularidade do presidente, lançavam mão e
aprimoraram ao extremo os métodos para arrecadação de fundos para enricar o
Partidão, suas famílias e garantir o Poder para sempre. Descobriram logo que a
rígida contabilidade pública e o orçamento com meta fiscal seriam impenetráveis
no sentido de fonte de caixa dois. O bom negócio estava nas Estatais, que
tinham orçamento livre e portas abertas, um verdadeiro Jardim das Delícias,
percepção esta que foi seguida nos estados por governos de todos os
partidos.
Com ou sem
ciência plena do presidente quanto aos detalhes do grande esquema de tornar-se
eterno, tudo era feito veladamente. No entanto, o que era visível já
prenunciava problemas futuros. Operações da Petrobras, do BNDES etc., corriam
soltas sem qualquer ciência ao povo.
Ao mesmo
tempo, ocorria a largos passos o inchaço da máquina estatal, o excessivo número
de assessores e cargos de confiança num processo de empreguismo sem limites, o
aumento da despesa pública, a falta de planejamento e o início da
centralização, dando prioridade para os Estados em que o partido tivesse
adeptos com a marginalização dos demais,
o início do assistencialismo através de bolsas-benefício para a população
carente, iniciando a sangria dos cofres públicos, pois somente alguns alertavam
de que isto tudo não se sustentaria por muito tempo e a falta de recursos
chegaria logo. Foram vozes menosprezadas de profetas do óbvio. Mas tudo estava em mil maravilhas, pois a
atividade econômica trazia para a União trilhões em impostos e os Estados
também recebiam suas fatias constitucionais. Os sintomas de problemas do porvir
eram menosprezados e quem os expusesse era jogado ao canto, como cães que latem
enquanto a caravana passa.
Diante de tal
fulgor, acabou-se com a CPMF. Neste episódio, surpreendentemente quem levantou
crítica foi o próprio presidente, que em momento bom, lamentou que o sistema de
saúde não sustentar-se-ia sem este imposto.
Ninguém lhe deu bola. O mercado financeiro, as classes média e alta
festejaram. E esta bola era fatal para as contas públicas.
O presidente
viaja, divulga-se, vira ídolo nacional. Visita a Petrobras e imitando Getúlio
Vargas suja a mão de petróleo. Enaltece a empresa. Se estava sendo usado pelos
companheiros como moço-propaganda ou se já sabia do esquema todo, não se sabe,
é assunto em aberto. A História talvez revele se o presidente foi usado ou
virou espertalhão. A expansão da Petrobras com reforma de refinarias e compra
de instalações no exterior estava em andamento. Em alguns casos houve
reclamação e manifestações contrárias de empregados da própria Petrobras, mas o
país não entendeu nada. A compra de refinaria no Texas foi aprovada no Conselho
de Administração da Petrobras, onde a futura presidente do Brasil, era a
presidente. Fato tido como corriqueiro.
O ambiente era
de euforia incontestável. É anunciada a descoberta do pré-sal. Anunciado como o
eldorado no mar, algo que libertaria o Brasil para sempre da miséria e da falta
de educação. Estados ribeirinhos disputam os royalties. Cria-se a euforia
dentro da euforia.
Em meio a
tudo, veio a fácil e garantida reeleição e o segundo mandato do presidente,
filho do Brasil, estava em vento em popa. Não havia a oposição incomodando.
Todavia, já alguns economistas alertavam sobre as contas públicas e possíveis
erros.
Tudo era
festa, no entanto. Gente de todas as classes lotavam aviões para o exterior. Os
cruzeiros em navios de luxo eram o ápice do verão e a balança de pagamentos
apontava para o excesso de gastos com viagens e dólares para o exterior. O
Brasil aguentava tudo. O Leite e o Mel jorravam nas praças de alegria e júbilo.
O país estava dando certo depois de 500 anos. Carros eram vendidos a 60 meses
de prestação etc., etc. O consumo interno era a solução. Quase pleno emprego e
nada a reclamar. Passou desapercebida a frase rápida de um Ministro que disse
“en passant” que “temos que acabar com
os evangélicos”, certamente uma alusão às igrejas que condenam o consumismo e as coisas materiais.
Tal frase chegou a ser divulgada, mas sumiu com a mesma rapidez depois de
rápida manifestação de alguns pastores. Nada mais se falou sobre o assunto.
E o país
continuava em sua rota. Até que veio o grande susto. Descobriu-se, via Correio,
o grande esquema do Mensalão. A operação de remunerar deputados para garantir a
votação favorável de propostas de interesse do Governo no Congresso, esquema
antidemocrático e promovido por assessores diretos do presidente, o qual dizia
não saber de nada disso, o que ficou como ponto a ser investigado.
Começa a
tornar-se sujo o chão da estrada até então limpa aos olhos populares e dos
demais Poderes e autoridades. Inicia-se
um processo de desconfiança, ainda lento e humilde, contudo, sem muita vontade
de ser investigado. Começa lentamente a ser ameaçada a economia fajuta baseada
em criação de empregos, giro econômico e aquecimento fantasioso criado através
de uma extensa rede de lavagem de dinheiro. Surge a denúncia primeira sobre
danos à Petrobras na compra da refinaria no Texas.
Mesmo assim
chegou-se ao tempo de tratar das eleições. A sucessora ao Poder estava
garantida. Tinha graves problemas de saúde que foram magistralmente tratados em
tempo record. A primeira mulher presidente seria eleita em tempos de grande
euforia econômica. O presidente buscando
o coroamento de seus dois mandatos e perseguindo o sonho de ser um fiel
reprodutor dos tempos de JK e Franklin Delano Roosevelt, sonho manifestado nos
primeiros dias do primeiro mandato, fez com que a economia apresentasse um
artificioso crescimento de 7%. Erro fatal. Ora, isto era totalmente fantasioso
e um risco de enorme significância.
Eleita a
Presidente, em termos de igual euforia e ex-Ministra do Planejamento teve
poucos dias de paz. Em discursos redundantes e prolixos com conteúdo vazio, a
ênfase era em programas de crescimento, em mais bolsas, mais centralização,
mais inchaço da União e mais arrocho contra Estados não simpatizantes, mais
ênfase na inclusão social. Ênfase total no consumo persistindo no modelo
econômico criado. Tudo com dentro de uma falta de planejamento das contas
públicas.
A capitã,
firme, respeitada e segura, já sabia que as marolinhas da crise já estavam
batendo na praia, mas com uma intensidade que denunciava o tsunami. A solução
foi o milagre, que na verdade desde o início já era o preparo para um suicídio
financeiro. A redução dos juros a patamares inacreditáveis, a redução do IPI,
as várias renúncias fiscais, tudo para aumentar o consumo e assim garantir a
receita tributária e evidentemente um forte esquema de manipulação das contas,
tentando esconder do país a realidade. O consumidor era privilegiado com
crédito fácil. Tudo se mantinha e ninguém reclamava. São lançados os planos PAC
para movimentar a economia. Obras de casa populares a “toque de caixa”, mas com
qualidade duvidosa, fascinam a população carente. Casas prontas e com
facilidades para serem mobiliadas. O sonho era total.
Entretanto
pelas redes sociais começa a divulgação de denúncias sobre enriquecimento do
ex- presidente e seu filho. Também começam notícias sobre Dilma. O Governo se
defende através das redes sociais com muita propaganda de contrainformação.
Em meio a tudo
que se passava ainda em tom eufórico no plano baseado no consumo, o processo do
“Mensalão” tomava caminho para o Judiciário e começava a chamar a atenção. Os
Ministros do STF ao início certamente não viam tudo aquilo com ares de
credibilidade e a burocracia judicial ajudava a arrastar o processo.
Na economia, o
aumento do consumo em um primeiro instante deu certo, mas não contava que o
poder aquisitivo do contribuinte iria se esgotar. Ademais, o sonho de consumo
da população era igualmente limitado e não passava da vontade de ter um carro,
roupas de moda e uma casa para morar, além do churrasco garantido com muita
cerveja. O modelo adotado esgotou-se rapidamente, com o endividamento da
população e da possibilidade de crediário. Não obstante, ao invés de corrigir o
rumo, o Governo resolveu insistir no modelo e cometeu assim erro fatal. Eis o
erro essencial que determinou todos os outros.
Começa a haver
uma inquietação na área pública, a União começa a secar o repasse de recursos
aos Estados, atrasar financiamentos, o pagamento das obras do PAC e as reclamações
são ainda, à boca pequena, tidos como atos da oposição.
A imprensa,
até então calma, começa a ver mais do que de costume. Inicia-se uma divulgação
de pequenas notícias de desapontamento e crítica ao Governo. O caso da compra da refinaria no Texas revela
pagamento de propinas e roubalheira. A presidente se defende dizendo que
aprovou a compra no Conselho da Petrobras baseando-se em relatórios técnicos.
Não se sabe, mas a reação oficial foi rápida e seguindo os modos da vizinha
Argentina, tentou restringir o trabalho da imprensa livre. A União em uma de
suas atitudes de tentativa de calar a imprensa, garantiu medida pela qual
qualquer um podia ser jornalista, não havendo mais necessidade de diploma.
Talvez desejasse possibilitar que seus próprios asseclas pudessem, seguindo
ordens, equilibrar o tom crescente das notícias desfavoráveis, lançando
sistemáticas cortinas de fumaça para encobrir o que estava surgindo.
A crise
econômica na Europa chega mais forte e atinge o Brasil com mais gravidade. O
Tsunami é previsível e inevitável. A receita pública cai. As exportações
diminuem. A inflação reaparece, os juros começam a subir assim como o dólar e o
Euro. Os gastos com saúde sofrem a falta da CPMF recente e o endividamento
começa a ameaçar tudo. O modelo econômico baseado no consumo persistia e
arrastava o Tesouro para o caos. A TV
começa a mostrar escândalos diários e caos de problemas no Serviço de Saúde.
Neste cenário
o país ainda tem fôlego para assistir aos inesquecíveis dias dos julgamentos do
“Mensalão” no Supremo onde só o Ministro Barbosa parecia decidido a dizer que
era um golpe sem tamanho contra a Democracia, tentando convencer os demais
ministros de que o Governo tinha feito este Golpe no país. Aquilo parecia
surreal.
As incríveis e
até inacreditáveis prisões de líderes iconográficos dos principais nomes de
políticos e ministros do Governo pegam o país de surpresa. Até então
autoridades de alto nível eram inatingíveis. As revelações e desdobramentos são
escandalosos. Começa a derrocada do partido e seu plano de eternização. José
Dirceu é colocado atrás das grades e muitos outros. O ex-presidente alega não
saber de nada, o que ninguém provou ao contrário. A trama toda era talvez feita
a 7 chaves, mas esqueceram do telefone e do celular e nem sonhavam que a
Polícia Federal e Ministério Público estavam trabalhando com alto aparelhamento
e com plena independência, para a sorte da Nação.
O país assiste
pela TV o julgamento do Mensalão, as manobras processuais, as argumentações
vazias, até pueris, como uma : “não há dinheiro público envolvido”. O processo
foi cheio de manobras e recursos. A briga entre os julgadores na fase de
contagem das penas e o resultado tímido de tudo, eis que os julgadores
visivelmente estavam atordoados com tudo aquilo e constrangido em julgar
pessoas que haviam contribuído para sua indicação ao cargo. Tudo expôs o
Judiciário como nunca. Cautelosos e
prudentes, os julgadores avançavam lentamente, mas os fatos e provas eram
contundentes, não havia como negar o golpe contra a democracia. Foram
atribuídas penas de prisão e multa. As multas foram pagas rapidamente pelo
partido sem mais demora, alegando ter recolhido dinheiro de doação de
militantes, já que até José Dirceu alegava estar doente e não ter dinheiro para
pagar. Fato curioso pelo montante
levantado e que poucos estranharam ou indagaram quanto à fonte de tais recursos
dos tais doadores. O fato foi esquecido ou menosprezado diante de tantos novos
escândalos divulgados diariamente pela TV e imprensa.
O caso do
“Mensalão” foi um tímido indício de que algo estava errado na União, mas havia
tantas coisas para distrair o povo, o qual cuidava de sua rotina de vida para
pagar dividas. Todavia, serviu para
resgatar o prestígio da Justiça Federal e do STF. Este o maior ganho em várias décadas. O STF
sinalizou que não estava para brincadeira e não estava mais alinhado como os
demais Poderes.
O povo
assistira tudo sem entender tudo que se passava. Dormente e absorto, olhava
todo o cenário puramente jurídico e formal como episódio quase sem interesse.
Poucos entendiam a gravidade da situação. No rastro das investigações já nascia
os indícios de um esquema gigantesco de corrupção que está sendo retardado com
mãos de chumbo. Ao final do processo do “Mensalão”, o Senador Álvaro Dias- PR ,
numa rápida frase na TV disse “temos que ver o que está acontecendo na
Petrobras” . O país, a parte esclarecida da classe média, nem sonhava com o que
tal frase podia significar.
Em 2013, um
aumento de passagens de ônibus gerou uma inusitada e inesperada manifestação de
rua, pegando a imprensa de surpresa quanto a sua intensidade e quantidade. A manifestação
era somente quanto à passagem de ônibus e nada mais. Foi apressadamente rotulada
em pequenos cartazes de manifestantes como oportunidade para chamar a atenção
para problemas pontuais do país. A imprensa não estava entendendo nada e não
sabia explicar a proporção gigantesca. Timidamente a coisa foi crescendo e
tomou proporções nacionais. Tornou-se num movimento pacífico de protesto contra
a União e os Estados, mas foi rapidamente descaracterizado por manobra que
pagou arruaceiros para tingir o movimento com quebradeira de lojas e bancos, o
que afastou os manifestantes e fez cessar os movimentos em várias capitais.
Todos haviam sido pegos de surpresa. A imprensa acordou. A oposição também.
Doravante, a classe média oprimida e já enfrentando as dificuldades econômicas
viu que poderia protestar e surgiram os panelaços a cada fala presidencial.
Mas havia
ainda, no plano político, uma saída fantasiosa para espalhar neblina sobre
tudo, a Copa do Mundo de Futebol e logo em seguida a projetada reeleição da
Presidente.
A construção
de estádios fantásticos, a gastança desmensurada já era contestada por alguns
que não se deixavam iludir com a esperança do pão e circo proporcionada pelo
futebol. Já havia áreas sofrendo com a falta de recursos públicos e Estados no
desespero econômico-financeiro. Para aprontar tudo para a FIFA e não fazer feio
perante o mundo, propuseram até fazer mudanças na lei de licitações. O país nem
sonhava com o que estava por trás de tais vontades e pressas oficiais.
Tudo pronto
para o evento máximo do futebol, a presidente é vaiada na abertura dos jogos.
Ato inusitado. Algo não estava bem. A derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a
1, deixou a desilusão nas massas e o desencanto com a esperança. Mas os
promotores da propaganda oficial, garantiram o esvaziamento dos efeitos da Copa
e mais uma vez a Presidente foi reeleita. Durante a campanha, todos os números
oficiais mostravam uma economia segura, a União estava com boa contabilidade. A
oposição era forte, mas insuficiente para derrotar o sucesso da
Presidente. A euforia oficial
continuava, mas agora com meio sorriso, pois a maioria na Câmara dos Deputados
e no Senado era dos opositores. Já se anunciava que seria difícil governar.
O Governo já
tinha antes da reeleição a plena ciência de suas contas e a constante maquiagem
existente para subtrair dos olhos da Nação a verdade das contas públicas. O
Ministro da Fazenda advertira que seria necessário tomar medidas urgentes, mas
a Presidente, já vendo o crescimento da oposição, as dificuldades na reeleição,
já apontadas nas estatísticas de eleição, vetou qualquer ajuste que pudesse
acarretar a perda de votos. Assim
protelou-se a adoção de medidas, entre elas o aumento da gasolina, da energia
elétrica e a retirada de mediadas de renúncia fiscal. O caso era manter as
aparências e se reeleger, apostando no futuro. Mentir, esconder, escamotear
para manter-se no Poder.
Nova posse
presidencial, a Presidente entra em novo mandato.
Em 2015, o
Tribunal de Contas da União rejeita as contas de 2014, indicando que a União
havia apresentado números bons por causa do uso indevido de dinheiro de bancos
estatais. Substancialmente para que? Para garantir os benefícios sociais
instituídos para a população e já para cobrir a falta de receita, ambos seriam
frutos de um modelo mal planejado e que apostou com muito otimismo num futuro
adverso de consumo sem fim.
Em meio ao
agravamento da crise econômica, começam a surgir dificuldades enormes de caixa.
Menos consumo, quebradeira de empresas, desemprego, menos receita tributária,
crise de energia, atrasos em financiamentos da União, Estados sem dinheiro etc.,
etc., etc.
Em meio a tal
cenário, o processo do Lava Jato começa a deslanchar e fazer revelações
atordoantes. As maiores empreiteiras são envolvidas em pagamento de propinas
num esquema jamais visto, inclusive na construção de Estádios para a Copa do
Mundo, denunciando um tradicional e cultural modo de fazer negócios no país. O
caso é Indefensável, advogados atualmente só para resguardar o direito dos
acusados, cuja condenação é certa. O processo judicial é meticulosamente feito
para ser perfeito e evitar erros que possam culminar em anulação. Em meio a tudo, um advogado diz para a Nação:
“ninguém coloca um paralelepípedo neste país sem propina”. Era o que todo brasileiro queria escutar.
O processo da
Lava Jato continua alarmando o país com suas fases todas as manhãs face a
operações da Polícia Federal e reuniões de esclarecimento da Polícia Federal e
Ministério Público. Ganhou grande avanço depois de um doleiro ter emprestado
seu jatinho para autoridade viajar. Havia manobra do Governo para colocar
representante seu como chefe do legislativo. Aí, já era demais. O Judiciário no
STF preenchido pelo Governo e perdendo crédito popular rapidamente e agora a
tentativa do Governo de tutelar o Legislativo, isto seria a total concentração
de poder e ameaça à independência entre os Poderes da República.
A Petrobras estava gravemente ameaçada.
Bilhões de reais haviam sumido em propina.
O país ficou arrasado. Estoura-se o núcleo do grande esquema para se
eternizar no Poder e fazer a sonhada revolução. Um cenário de enojar a qualquer
um. Grandes empresários, corrompidos e corruptores, reis da propina e
financiadores da campanha são presos. Algo inacreditável. A sujeira toda de
anos vem à tona. O Brasil vira um mar dos sargaços. A grande rede de lavagem de
dinheiro começa a ser desmontada e intensifica-se a o desemprego, a redução da
atividade econômica, o giro financeiro e a atividade econômica resultante. O
castelo de areia começa a ruir. As agências de risco rebaixam os índices do
Brasil.
Não há como
desmentir ou encobrir mais nada. Tudo é lavado a jato. A vergonha pública é
enorme. A presidente alega não saber de nada. O ex- presidente muito menos. A
grandiosidade do esquema é megalomaníaco, é egoísta, é hedonista. A crise
social é enorme, pois começa a esfarelar todo o castelo de areia montado. O
desemprego é enorme e faz vítimas as gerações mais novas com seus projetos de
vida.
O discurso
oficial torna-se mentiroso, fascista, escondendo a realidade dos números. Nega
a crise, nega os erros cometidos, alega que tudo é coisa da oposição.
Militantes e companheiros, vendo que a teta estava ameaçada, desesperam-se, não
acreditam terem sido traídos pelos arautos e idealizadores do partido. O
vermelho começa a descorar. Não há como se manter diante do quadro em que
colocaram o país. O serviço de saúde, segurança e educação começa a pifar feio.
A atividade da União começa a paralisar, já tendo arrastado os Estados para a
pobreza.
Nada contribui
para favorecer a Presidente. Os anos de 2015 e 2016 são marcados por eventos
como a seca, agravando a crise de energia, já ameaçada pelo aumento de consumo
decorrente da facilitação na compra de aparelhos domésticos de linha branca, o
alto preço da geração de energia por usinas termoelétricas, a necessidade de
aumentar o preço dos combustíveis e da energia. A crise econômica se acentua,
as operações da Polícia Federal e do Ministério Público desmascaram a política
brasileira, o partidão e seu Governo; começa a falta de governabilidade. A
Presidente é obrigada a fazer o que havia dito que não faria em discursos de
campanha, traindo suas promessas. O ex-presidente, ícone partidário, sofre
investigações que denunciam o recebimento de propina e o cerco aperta sobre ele
na Operação Lava Jato. O país assiste
sua prisão para ir depor na Justiça, o que denunciava por si só que a Justiça
estava imune, independente e disposta a dizer ao país que realmente todos são
iguais perante a lei.
Também em
2015/2016, o mosquito da Dengue trás novidades como o Zika vírus e a Chikungunya
e o sistema de Saúde mostra-se despreparado. A epidemia escancara a falta de
verbas e aparelhamento oficial. Escancara também o relaxo dos quintais pelo
Brasil.
O orgulho, no
entanto, cegou a presidente e seus colaboradores. Não há mais diálogo, há, sim,
o endurecimento financeiro tentando manter o Poder em detrimento de tudo, há a
inflexibilidade. A inflação e os juros altos estão nas ruas, o consumo é
reduzido sensivelmente. A União está sem caixa e é obrigada a devolver os
recursos pegos dos bancos oficiais. O déficit torna-se bilionário e crescente.
Não dá para reverter. O caminho é de caos na União com reflexos graves para a
sociedade civil e o sistema produtivo.
O discurso
oficial adota a negativa sistemática, a acusação à oposição, a mentira, a
guerra digital, o Palácio Presidencial é espaço de defesa do partido do
Governo. O discurso dos políticos petistas é uniforme, sempre repetindo a
negação e apelando para fatos emotivos dirigidos à população. Mentira, falsidade e apelo para frases
puramente emotivas num discurso vazio como sempre.
A questão que
se pode pensar é de se o Governo sabia do déficit de caixa e o comprometimento
de tudo oficial, como iria gerar impostos para pagar tudo? O Governo perdeu-se
no planejamento, a ponto de nem saber mais qual era o rombo existente. Em
delírio, já “tremis”, optou-se por lutar para ficar no Poder, para ver o que
ira dar. Felizmente a mentira não colou e a verdade emergiu com a força de
vulcão. Talvez foi este o fim da época
do “se colar colou”, estratégia de potencial alto destrutivo, porque a
sabedoria mundial ensina que mentira tem perna curta. Era necessário evitarmos
o rumo à “venezualização” do Brasil.
Já estava
claro a todos que nada havia mudado, com sustentabilidade, no país quanto ao
cenário inicial de pobreza e analfabetismo. Chamou a atenção de dados
divulgados de que dos 96% de alfabetizados, somente 8% podem ler e interpretar
um texto. Chocante e determinante.
Nasce o
processo de “impeachement”, de difícil tramitação. O país vê um arremedo de
guerra ideológica e de mensagens truncadas e vazias. O país é manchado pelo
descrédito, dúvidas e insegurança. O vice–presidente assume. Difícil tarefa
para um advogado que deve contentar vários partidos aliados e escolher pessoas,
entre elas muitos envolvidos no processo da Operação Lava Jato também. Quase se
pode dizer que não sobra ninguém honesto no meio político.
Países da
América Latina tentam socorrer o Brasil emocionalmente, mas já imaginam que o
financiamento para a grande montagem do cenário socialista idealizado para o
bloco continental está no fim. Afinal, em 2016, a Venezuela de Chaves não deu
certo, Cuba se rende aos Estados Unidos, a Argentina peronista enfraquece. A
avalanche de lama em Minas Gerais que varreu pequenas cidades e lavou o meio
ambiente de extensa região foi mero prenúncio do fim de uma época de tentativa
mal aproveitada de favorecer as massas com um caixa empobrecido.
Durante todo o
tempo dos últimos dias, o Governo, governantes, militantes e companheiros
demonstram que não querem soltar o osso. Erraram na economia. Tardaram a
admitir o erro. Não apresentaram solução que não fosse aumento de impostos.
Cortaram o diálogo. Criaram o maior esquema de corrupção da história e
promoveram a maior roubalheira e acham que têm razão. Criaram a ideia de que o
que está ocorrendo é Golpe e defendem isto como se nada tivesse acontecido.
Querem ficar no Poder? Para que? Para acabar como o país? Só a alienação, a
lavagem cerebral e a militância obstinada pode explicar a resistência a um novo
Governo que tem maioria no Congresso e pode aprovar medidas de urgência para a
salvação da economia, evitar o agravamento da depressão. A volta do Governo
afastado é inviável como solução. Se o novo Governo falhar não é necessário nem
pensar no que vai acontecer.
E logo
começará o espetáculo das Olimpíadas e seu preparo é quase esquecido. Esta oportunidade
de pão e circo dificilmente vai comover alguém, a menos que seja usado também
como efeito entorpecente pelo novo Governo.
Não se sabe se Putin, convidado para estar presente na abertura, virá.
Assim, estamos
nós no Brasil, numa nova transição. Do governo que sai nem tudo foi ruim, houve avanço social e
cultural, mais inclusão democrática, novas gerações surgiram para a época de
entrar no mercado de trabalho. Todavia, ninguém perdoa a roubalheira e a
corrupção, a mentira e a falta de transparência, a manipulação de informações
etc.
A transição de
governo durante o processo de Impeachment é marcada por tentativa de recompor
as finanças públicas, mantendo-se a independência da Polícia Federal e do
Ministério Público e suas operações futuras e em andamento.
O momento é de
dito como de salvação nacional. Para o cidadão brasileiro resta a tradicional
esperança e fé, duas molas propulsoras de eterna duração. Para o Governo, o
desafio de acertar.
O certo é que
as investigações sobre o esquema de corrupção e a vida política irão continuar.
Todos os implicados vão ao processo judicial. Já estão punidos desde já, porque
seus egos estão em festa, rindo deles, pelo que viveram e fizeram. Agora é
sofrimento vindo dos fatos que contrariam a vaidade, o prestígio, orgulho,
cobiça, poder, luxúria, itens que acompanham todos os políticos. A cabeça dos
coitados já está pegando fogo há tempos. Se vão para a prisão ou não, isto já é
de menos. A sentença já está sendo cumprida na mente em chamas todos os dias. E
pior, perderam e vão perder, isto os mata como o fogo do inferno. No entanto, o
povo que sempre gosta de ver a guilhotina, a vingança pública, a justiça, pode
estar pensando mais na volta do dinheiro para os cofres públicos.
Todos os
piratas da política e dos negócios ditos “públicos” podem ser facínoras etc.,
mas também são humanos e como tal vão enfrentar suas famílias, seus herdeiros,
a desonra de seus nomes. Seus netos vão à escola. Como será que estes políticos
se sentem agora? Será que não estão já tão corrompidos na alma que já nem
sentem mais nada.
Seja lá como for,
o Governo ficou quebrado e pagou caro para virar a página da História. O
Brasil, espera-se, tenha aprendido a lição amarga do voto emocional, do voto
por fachada etc.
A despeito do
que acontecerá com os protagonistas do terror da vida privada de milhões de
desempregados, o país encontra-se na virada histórica, no ápice das
consequências ruins e vai ter que mudar.
A hora não é
de troca de Monarquia para República, de Ditadura para Democracia, mas de troca
de cultura política e de negócios, algo bem mais profundo. Não será possível
continuar, se persistirem itens perigosos e inconsequentes como: “agora eu vou
me fazer”, “o que vale é o meu umbigo”, “o amanhã a Deus pertence”.
Se a lição
cara e histórica não acabar com práticas como a de fazer do Governo um balcão
de negócios, de tornar o interesse público o interesse particular oficializado,
de considerar o Tesouro uma fonte de permanente espoliação, de negociar cargos
públicos, de preencher cargos de grande estratégia com políticos
desqualificados, de considerar o cargo público um pedaço do céu, um lugar na
nobreza da República onde a regra é se aproveitar, obter e dar salários, fazer
o que desejar e vender o que for possível, nada mudará .
Práticas
tradicionais tem que perder a validade. Não será possível continuar sem
planejamento sério e consistente; sem transparência total.
A burocracia
de controle e fiscalização na Pátria enrolada não deu resultado nenhum, tanto
que a roubalheira aconteceu por décadas e só foi denunciada por que alguém que não
recebeu sua parte. Os meios de licitação e fiscalização devem ser revistos
totalmente.
O discurso de
negar a realidade e escamotear a verdade não deu resultado. O fascismo e a
negativa sistemática dos fatos reais não enganam mais ninguém. A Administração
pública voltada unicamente para projetinhos para garantir a eleição ou
reeleição faliu, é incompetente e ineficaz, assim como obras públicas sem
utilidade e sem a participação popular. Obras casca de ovo para gerar caixa
dois para campanha já não passarão desapercebidas.
A cultura de
projetos de obras do Governo serem do partido para benefício do partido ao
invés de serem do Povo para o Povo terá que ser revista. Igualmente não cabe
mais a cultura do governo atual desmanchar ou descontinuar obras do anterior
para não dar créditos políticos ao primeiro.
Considerar a
figura do Estado como castelo fora do dia a dia, algo inatingível, longe do
povo, será suicídio político. Ficou muito claro que o consumo é que faz os
impostos e o povo consumidor é que paga os impostos para financiar o Governo. O
dinheiro público tem fim, não é poço comum e inesgotável, tem origem e sua
falta pode liquidar o Estado. Acabou a farra com o dinheiro público. O Governo provou ser bom de gasto, mas
péssimo em gerar receitas. Gerou um desastre financeiro e econômico com grave
reflexo humano. Infelizmente onde colocaram as mãos, no Tesouro, nas Estatais
etc., etc. fizeram os milagres do Rei Midas, ao contrário.
Considerar a
política e a participação como algo sem interesse e como parte da vida dos
políticos não deu e não dá certo. Os políticos profissionais não são
proprietários do interesse público.
Se o sistema
político continuar com o sistema de financiamento de campanha, se a campanha
continuar sendo como é , nada mudará, pois raramente alguém vai colocar
dinheiro próprio na política.
Se continuarmos
a votar em candidatos sem ideias, sem partido com projetos definidos e bons
para a Nação, nada mudará. Deve ser abandonada a prática de votar pela fachada,
pelo candidato mais bonitinho, melhor de marketing, melhor de dinheiro,
pensando que “este já é rico, não vai roubar”, etc., etc.
Outras
práticas abomináveis devem acabar. Será um desafio eliminar que as negociações
sejam baseadas em distribuição de cargos e assessores, num indireto “mensalão”
contínuo, sabotando a democracia em todos os níveis do Poder.
Outro mito que
está sendo contestado é o de dotar cargos com altos salários para que o
ocupante não seja corrompido. Isto falhou totalmente. E o que falar do poder do
Executivo de nomear pelo 5º Constitucional para preenchimento de cargos no Judiciário?
.
E mais, nada
mudará, se a célula da nacionalidade, o cidadão, mesmo diante das adversidades,
não abrir mão de seus hábitos de ganhar-ganhar, tirar vantagem, salvar o umbigo
e começar a exigir e também praticar ética, moral e boa-fé e solidariedade,
princípios que foram salvos no novo Código Civil. O tradicional e famoso
“jeitinho” que nada mais é do que o símbolo mais expressivo da corrupção em seu
estado micro, representando o hábito de usar o prestígio pessoal ou dinheiro
para resolver as coisas; o carteiraço também de algumas autoridades segue o
mesmo vício. Isto tem que acabar.
Outra miséria
cultural é o paternalismo e o assistencialismo que no geral só escravizam as
pessoas, não acreditam em seu potencial e desejam tutelá-lo, dando o peixe e
nunca ensinando a pescar. Caridade, assistência social devem ser destinados só
para quem efetivamente precisar e por razões da vida, não ter condição e futuro
para mudar sua condição.
Sem coerência,
seriedade, respeito ao ser humano, honestidade, transparência, legalidade,
modicidade, economicidade, moralidade, etc. nada mudará e continuaremos na
trilha da miséria política e cultural, abandonando nossa dignidade pelos ícones
do individualismo, do egocentrismo e materialismo que estão se instalando no país
há décadas.
Se nada mudar,
deveremos temer o governo de Temer e dos demais que virão e poderemos ter a
certeza de que não teremos que nos preocupar, porque nada vai dar certo e a
Polícia Federal e o Ministério Público terão muito trabalho e o país sempre
perderá muita e preciosa energia. Tudo
que ocorreu a nível de União, foi modelo para estados e municípios, onde a
corrupção e todas as mazelas continuam a acontecer. De um saco da mesma farinha
se faz de pastel a broa, doces e salgados.
Se isto não mudar, a coisa pública continuará sendo assaltada pelos
mesmos defeitos humanos do Ego, da megalomania, do hedonismo, do individualismo
etc.
A qualidade de
vida das gerações futuras, as das crianças de hoje, é que esteve em jogo
durante todo este tempo e ainda está. Quem está no Poder e os seus eleitores
tem que pensar em plantar árvores, sob a sombra das quais, nunca repousarão,
mas, sim, as gerações futuras.
Ademais, é bom
lembrar que o Governo e a figura do Estado não são maiores do que a sociedade
civil, o conjunto de empresas que gera empregos, movimenta a economia e gera
tributos com os quais os políticos fazem todo este teatro melodramático. O
Estado é importante porque dá o tom no seu papel de orientação de políticas
setoriais para a atividade econômica.
Saúde, segurança e educação são campos dos serviços do Estado. O resto é
política, luta pelo Poder, que a gente quer que seja voltada para o crescimento
sustentável da Nação. É simples, basta
ser honesto, democrático e transparente.
Se Deus é brasileiro,
que deixe de olhar para a mais bela e encantadora orla do mundo e vire o olhar
para a terra firme que vive as suas costas, porque, com 516 anos de idade,
ainda na grande maioria somos um país de miséria física, material e
intelectual, somos brutos, somos fisiológicos, emocionais, radicais,
intolerantes, irritadiços, discriminadores, não respeitamos o Próximo, somos de
violência social, familiar e até contra si mesmo, somos mal educados, egóicos,
preconceituosos, orgulhosos, machistas, feministas, oportunistas,
materialistas, nada solidários, corruptos e hipócritas, somos medíocres,
gostamos de nosso umbigo e o resto que se dane; nossos representantes políticos
são oriundos desse nosso meio e não são diferentes em nada, o que se reflete
constantemente nas decisões no gerenciamento da coisa pública. Mas somos
cristãos. Quem não sente um frio na barriga de ver estas pessoas do Poder
sofrendo e com destino carcerário já anunciado. Temos pena, compaixão, mas
também contrabalançamos este pensamento com o fato de que tantos deles não
pensaram nem tiveram pena de milhares de vítimas da consequência do desmonte de
um castelo de areia. Regalias e benefícios do cargo eram usados sem critério
algum e respeito ao sofrimento do povo eleitor. É coisa miúda, mas serve para
espantar o cérebro mais educado, de quem viu a presidente, em meio a todo o
rebuliço econômico e social, viajar para ver o neto em maternidade de luxo,
enquanto várias mães eram mal atendidas nos hospitais pelo país, inclusive com
morte. O que toda esta turma fez pelo país? Mudaram alguma coisa com
sustentabilidade? Não, era mesmo só uma casca de ovo para iludir as massas,
maquiar a realidade podre e a vida miserável.
Aliás, graças a viagens de autoridades, habituadas ao uso da máquina
pública, em proveito próprio que se começou a investigar seriamente tudo.
Somos cristãos
tentando resistir a uma época de décadas difíceis de transição, com muitos
desafios, inclusive de vencer o individualismo e o egocentrismo que poderão
acrescentar ao nosso triste perfil acima descrito o comportamento frio,
calculista e individualista.
Somos um país onde nem a transição do rural
para o urbano ainda está completa. Muitas gerações foram pegas nesta e outras
transições e dificilmente terão oportunidade de ver no que tudo vai dar, mas
todas vêm e vão com a esperança e fé de que o sacrifício de umas sirva para
melhorar a geração seguinte. De todas as sessões teatrais de cada Governo,
sempre resta algo de lição e progresso num processo muito lento de avanço
cultural, social e material. E assim vai o nosso Brasil pela estrada do sonho
de cada um ......
Odilon Reinhardt
Essa é uma fotografia em alta resolução e em 3D do nosso pobre Brasil nas duas últimas décadas.
ResponderExcluirivansenior@gmail.com