Não haverá golpe!
Claro
que não, pois o mesmo já foi dado durante décadas. Golpe na Nação, golpe no
Tesouro, golpe na esperança e sonhos de cada cidadão, golpe na moral e na
ética. Por ambição, ganância, cobiça e
megalomania, fizeram o “Grande Assalto”, não só aos cofres públicos, mas à
mente das novas gerações, aos jovens que acreditaram na realidade posta que não
sabiam ser virtual, ficcional, fantasiosa e fascista.
Prevaleceu
o lema máximo “agora eu vou me fazer” e o mais antigo “enriquecer sem
trabalhar” que de há muito é o da vagabundagem nacional.
Todavia,
desta feita, a mega sucessão de escândalos não pode ser encoberta e deixou à
mostra as partes íntimas e sórdidas da carcomida vida política nacional, seus
jeitinhos, entrelaçamentos, seu modo de ser hediondo, seu discurso mentiroso e
falso, seus parâmetros odiosos e seus ajeitamentos financiados com cargos, suas
acomodações, acordos e muita corrupção, tudo financiado por impostos em obras
públicas onde o interesse público só existia para oficializar a intenção do
desvio, a oportunidade de gerar recursos de campanha. Veio à tona de todo este
mar de lama da cultura política existente, que é fruto de décadas de formação.
Desta vez não deu para empurrar com a barriga, escamotear, etc porque afetaram
a vida nacional de modo grave.
Tampouco
foi possível preservar paradigmas como o da falsidade, da mentira, das frases
de efeito, da manipulação, da propaganda enganosa, da aparência e do pior, o da
cultura do “se colar colou”, que marca a irresponsabilidade, a inconsequência e
o retorno ao mundo do sofisma.
Diante
da catástrofe gerada na destruição do castelo de areia, do desmonte dos planos
e sonhos de perpetuidade dos projetos de assalto, alguns políticos e até
advogados apressam-se a condenar juízes e as operações de investigação, querendo
reviver as lutas para a redemocratização do país nas décadas de 60 e 70.
Esqueceram que a luta hoje é outra, é de moralização e que são ladrões agora os
inimigos da Pátria, os que estão sendo investigados e condenados, pessoas que
só pensaram em seu próprio umbigo, esquecendo-se das milhares de pessoas que
estão perdendo emprego, bens e família,
empresas encerrando atividade, todos os seus eleitores etc. Assim o discurso dos defensores logo
caiu por terra. Acusar a Justiça e o Ministério Público de estar violando
direitos constitucionais soou como acusar a Polícia e as Forças Armadas de
provocar a desordem. Perante a independência de Poderes e a força das
Instituições, os ataques não tiveram como se sustentar.
Nossa
Justiça, a nível federal, tirou a venda, acordou de seu sono secular, deixando
de ficar entorpecida diante dos ajeitamentos dos jogos do Poder. Recuperou-se com maestria, assumiu seu
próprio Poder, saindo de um coma quase histórico, para surgir com a Fênix dos
novos tempos, a esperança do povo e principalmente das novas gerações.
Há
tentativa de tornar Sérgio Moro, um herói, mas qualquer advogado sabe que num
processo as provas são o essencial e dependem de uma boa instrução, o que vem
sendo feito pela Polícia Federal e pelo Ministério Público minuciosamente para
desmascarar por vez todas as entranhas da vida política nacional. Não há heróis
nem bravos na Magistratura, diante de uma legislação processual e a Constituição . Qualquer Juiz no
caso teria que tomar as atitudes legais como está sendo feito, pois a atividade
do Juiz não é livre, mas tutelada pelas partes e, no caso, o próprio Ministério
Público. A Instituição Justiça mostra-se imparcial e impessoal diante das
determinações legais. O processo judicial segue os ritos normais previstos em
lei e qualquer desvio cometido será questionado e corrigido.
O
caso é que como resultante de todo o desmonte em andamento, o país está
estaleirado para reforma. Um carro depenado para ser refeito. Com prisão ou sem prisão, com impeachment ou
sem ele, o país não poderá continuar sendo o mesmo em sua parte política e na
realização e fiscalização de obras e serviços para a população. Alguns do povo
perguntam se vai acabar o famoso “jeitinho”, a troca de favores, a negociatas
de cargos etc. É que jamais se afrontou de tal maneira o “establishment”, o
modo de ser de nossa política e seus políticos. Não se acredita que isto tudo
esteja sendo mostrado e condenado. O que está acontecendo envolve um costume,
uma cultura, um modo que assaltou o país por décadas, daí a dúvida de se isto
tudo vai mesmo acabar.
Ayn
Rand, filósofa russa, fugitiva do comunismo, dizia “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter autorização de
quem não produz nada; comprovar que o dinheiro flui para quem negocia, não com
bens, mas com favores; perceber que
muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho e que
as leis não nos protegem deles, mas pelo contrário, são eles que estão
protegidos de você; perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se
converter em auto sacrifício, então
poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
O
momento que estamos presenciando na História do Brasil é muito importante.
Trata-se de encerrar uma página suja, escrita por uma cultura política
subdesenvolvida para abrir uma nova página.
Há
muitos interesses em jogo, mas temos que acreditar que a Justiça comandará este
momento histórico e que nada afastará o Brasil de uma nova era.
O que
vemos é um regime se debatendo em desespero. Situação e Oposição num teatro
onde podemos observar com indignação tudo que os políticos e pessoas envolvidas
são capazes de fazer e representar: mentiras, falsidades, tramas diabólicas,
enganações, sofismas, frases de efeito, simulações, traições, manipulações,
comportamentos de tradicionais “caras de peroba” etc, etc.
E
isto é plenamente possível num país onde o nível de discernimento é muito
prejudicado pela enorme quantidade de pessoas que estão ocupadas em sua rotina
de sobrevivência e que possuem pouca leitura, pois vale lembrar que dos 96% de
pessoas que podem assinar o nome, só 8% podem ler um texto e interpretá-lo.
Ora, isto deve ser lembrado sempre e pode ser a base para a explicação de
muitas coisas neste país.
Diante
desta cruel realidade, é permitido dizer que aqui vale o que se escuta e se
fala. O país é emocional. Atacar o emocional através de frase de efeito é a
arma do político para atingir as massas, o que só pode ser neutralizado ou
colocado em dúvida pelo racionalismo (também oral) dos telejornais. Se uma
frase de efeito não for contrastada com nada mais, fica valendo e quem a
escutou a toma por verdade ou pelo menos informação. No resto neste país tudo é
emoção do dia e do agora e em algum tempo nada será lembrado.
Do
mesmo modo isto explica a dissonância entre as notícias orais e a verdade
existente no processo judicial. As informações passadas à população e o
discurso tendencioso dos entrevistados valem para a emoção ,o fisiologismo popular
e tendem a criar expectativas que muitas vezes não correspondem à da realidade
judicial .
Seja
lá como for, seja lá o que acontecer aos envolvidos, todos sabem que fizeram
coisa errada, que atrapalharam o país e que o Brasil não aguenta mais este modo
de ser e agir.
Resta
esperar que o carro que está parado para ser refeito não vire um frankstein do
mundo automobilístico, um “hearse” como se diz em Inglês e que não vou nem
ousar traduzir, tal a esperança que tenho.
Pela
força e independência dos Poderes, pela Polícia Federal em bom momento, pelo
Ministério Público e pela Justiça despertada, ainda temos base para acreditar
que a nova página da Histórica do Brasil comece a ser escrita com
transparência, participação popular na escolha de obras públicas, moralização
da fiscalização, fim da politicagem, nova lei de licitações, independência dos
Tribunais de Conta, preenchimento de cargos de conselheiros nestes tribunais sem
participação de ex-políticos, fim do 5º Constitucional para indicação de cargos
na Justiça, fim da participação do
Executivo em nomeação de cargos na Justiça e de tantos outros aspectos que
dariam uma lista enorme já de conhecimento de cada brasileiro e que tem matado a energia do país.
Se o
Brasil é o país de Deus, que ele volte das férias e chegue para novos
tempos.
Odilon Reinhardt.
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