quinta-feira, 10 de setembro de 2015


                                               


                                               

                                                Erros fatais de essência.
   

  
O esquecimento da relação entre o ser humano e seu instinto e a obliteração de que somos todos Natureza parece ser a resultante mais característica e grave de mecanização da vida em hábitos e pensamento.

Criados para sermos o resumo do potencial de todas as virtudes, qualidades e essências da Natureza, o Ser Humano cria sistemas para viver, que o afastam de sua origem, sob o pretexto de estar progredindo, evoluindo. Infelizmente está ficando cada vez mais doente. A inconsciência remonta ao tempo das cavernas. As consequências são tamponadas no coletivo, mas sentidas individualmente ao seu devido tempo. A Natureza cobra o desrespeito e o afastamento com que vai sendo tratada.

No passo de um caótico progresso material de duvidoso proveito, o individualismo egocêntrico preenche as lacunas deixadas pelo abandono do ser interior. O vazio expande-se no íntimo de cada um e é preenchido por coisas e eventos supérfluos, passageiros, e sem qualquer benefício para a vida de qualidade.

Todos os dias, observa-se o reflexo de tal proceder nos mais variados aspectos do relacionamento humano, familiar e ou corporativo. Cada vez mais verifica-se o surgimento de consequências desastrosas, originadas por decisões baseadas no desequilíbrio, o qual ignora a contextualização, a história, a conjuntura e a visão sistêmica, mas impõe a intolerância, a prepotência, a falsidade, o fascismo, a mentira e o teatro da ópera bufa.

O indivíduo surge artificial, plástico; afasta-se da natureza e torna-se fraco de caráter, personalidade e alma. Torna-se fluído, permeável. Vende-se, entrega-se inconscientemente para qualquer sistema. Compram-lhe a alma, a vida, o destino e a própria existência. Torna-se um joguete ao sabor dos acontecimentos.

Quem se afasta da Natureza e não mais se sente como parte dela, não pode ter amor a si, amor ao Próximo, à Natureza e ao seu país. Torna-se um objeto, manipulável, um elemento perigoso para o próprio Ser Humano, pois suas decisões refletem o caráter frio, calculista, matemático, insensível e altamente venenoso de seu interior . Um perigo para o seu povo.

Sim, distante da Natureza, esquecendo que é parte dela, o indivíduo esquece a vida de aprendizado e sabedoria, não se coloca mais como sujeito dos acontecimentos que ocorrem fora de si, que agora são o sujeito enquanto ele passa a ser o objeto.

Estamos todos deixando que isto ocorra. O pano de fundo está sendo despercebido, eis que o teatro da vida corre embaçando e enganando a plateia. Há tanto pão e circo no dia à dia que não se olha mais o pano de fundo que está sendo subliminarmente reformado pelos princípios do individualismo egocêntrico e de um materialismo, totalmente averso à Natureza, e que vai lastreando-se num absurdo hedonismo que por sua vez estimula o acúmulo de tudo para além das necessidades normais do ser humano.

Aumenta geometricamente o número de pessoas vazias, desfocadas, sem objetividade pessoal. Fracas, condicionáveis, dirigíveis, tornam-se objeto guiadas por novos deuses como o da aparência enganosa , que é a fantasia da existência. Vivem uma vida que não é a mais a sua. Mostram-se numa figura, mas não a são. Só parecem ser e isto é que vale. São agora objetos controláveis. Fazem construção de um castelo de areia, de cartas, de barro, que um dia vai desabar sobre sua cabeça impiedosamente. Tudo e todos a sua volta no mundo exterior serão demônios e fantasmas de sua própria vida interior, onde ficará confinado numa prisão de horrores.

O indivíduo-objeto não é um Ser, passou à condição de anti-ser, mas isto, agora ninguém repara nem discrimina, já que sua quantidade torna-se enorme , um modo de ser aceito e inconteste. Castelos de areia já desabam aos montes, mas isto é tido como problema individual e nunca coletivo. O circo pega fogo em algum setor, mas a plateia é levada a crer que é parte do espetáculo e assim todos ficam contentes, ignorando a mentira e qualquer um que a aponte.

Assim, o indivíduo-objeto vive uma vida confusa de realidade eufórica, longe de um Ser que deveria aproveitar a existência para aprender pelo amor, pela experiência positiva, acumulando riquezas no seu interior, produtivo, criativo, como expressão de sua boa consciência.

Assim, contrariando a Natureza, encontra-se perdido, joguete do Poder em seus vários níveis e modalidades, boneco da realidade, incapaz de determinar seu destino e controlar seu caminho. Não possui boa referência e é facilmente idealizado por sistemas que o controlam. Robotizado, massificado e conduzido por interesses é explorado em todas as suas necessidades humanas.

Pessoas há aos montões que ficam à mercê dos acontecimentos ao invés de serem sujeito de si mesmo, podendo controlar seu destino e sua existência, tornam-se soldados de planejamentos de sistemas piores.

Servis e subalternos, nesta sub-condição humana, doam-se ao material, aos seus chefes superiores que são os pilares do individualismo egocêntrico. Perdem o controle de si e operacionalizam o que lhes passarem como útil e necessário. Diplomados ou não, são todos meros operadores, construindo castelos de areia, que pensam serem eternos, mesmo que o do vizinho esteja desabando.

No geral, esquemas superiores permitiram que o conjunto de pessoas robotizadas fossem também controladas por um país onde impera a feirinha de eletrônicos / informática / medicamentos, transformando o país numa tenda falida de experimentos do comerciante sem ética nem moral. O nosso enjambrado e customizado individualismo aproveita-se da ignorância e cegueira geral.

O indivíduo vive para si, com seu umbigo, último resort de sua individualidade explorada e estuprada no dia à dia. Vê tudo, mas não entende nada na enchente de informações e desinformações do dia a dia com vocabulário técnico usado para afastar o entendimento e notícias truncadas para quem puder entender deixar de fazê-lo. A crítica está ausente, a criatividade é conduzida, o interesse coletivo inexistente, a falta de esclarecimento ilumina a ignorância, o fisiológico reage fisiologicamente em ações e reações mudas mas violentas; a produção de conteúdo é escassa, a alienação é a constante. Mas o indivíduo se acredita como eterno e poderoso, intocável, protegido pelo sistema a que inconsequentemente serve.

Serve inconscientemente como mero seguidor. Vive para si e seus prazeres e divertimentos, mas sente rapidamente o tédio e o vazio. Não sabe ficar só mas não sabe mais interagir com qualidade, é superficial e incapaz de ensimesmar-se e refletir sobre seu caminho, exige rapidez em tudo e transfere a obsolescência dos objetos materiais para a relação humana. A sociedade tem tudo cheio de nada; gera ansiedade pelo medo de perder ou não ganhar e pelo medo de perder o domínio sobre as coisas, pessoas e eventos; gera depressão em pessoas que procuram garantir-se através do acúmulo de bens materiais, os quais colocam como prioridade .

Sempre a ganância, o ganhar-ganhar, o tirar proveito e vantagem. Acumular mais, muito além da necessidade pessoal e familiar. A segurança não está mais no interior da pessoa, mas em seu exterior, nas coisas que possui. Está no castelo de areia e na mente que na fraqueza da mente que o fez. A pessoa é levada a colocar o Ser e o Ter fora de seu interior, pois tudo fica nas coisas e no status aparente que ostenta.

Os sistemas com seus princípios e valores, modelos mau pensados e copiados desequilibraram o Ser Humano. E aqui no nosso país, já há só arremedos de tais desequilibrados, que como calculista, frios, cartesianos, insensíveis criam, planejam e executam obras e serviços que só atendem a seus transitórios interesses e não ao Ser Humano em suas necessidades e natureza. Alucinados em suas ideias, imaginam uma sociedade igualmente fria, calculista, racional e uniforme, onde o Ser Humano seja igualmente um objeto, um mero seguidor.

É assim idealizado um ser anti-humano, com ações e reações longe da Natureza Humana, vivendo num igualitarismo insôsso(Não tem acento), sem graça, uniforme, previsível e facilmente conduzido, onde as expressões de arte, romantismo, criatividade sejam aberrações, um ato de indisciplina, punível pela lei. Os sentimentos, como os vemos hoje, seriam patrulhados para correção e preservação da ordem .

Subliminarmente é este o sistema que está sendo implantado e as consequências estão em vários sinais. Estão visíveis na ação e reação do ser humano, modelando a educação, criando dores humanas, doenças coletivas como a depressão e a ansiedade, alterando a construção do modo de pensar, viver e conviver. E pior, já vem tudo com a mensagem subliminar de que isto tudo é irreversível, sem volta, incontrolável, criando o senso de impotência coletiva quanto ao controle dos acontecimentos e fatos que estão ajudando a criar e implantar, porque é o “progresso “. Infelizmente um progresso mau pensado, de má qualidade.

São pessoas saídas desse exército de almas que levam suas escolhas e decisões para onde são levadas a atuar. São líderes de má qualidade, porque seguem modelos podres e desonestos. Arrastam uma plêiade de pessoas inconscientes, prestes a sucumbir a qualquer momento pelo lado espiritual com graves reflexos na vida exterior. Na condição de objeto obedecem e ao mesmo tempo lideram de acordo com suas decisões e escolhas. Falsas lideranças preenchidas por oportunistas ao invés de lideranças autênticas, puras e honestas.

Se corrompidos, é porque eram fracos, e aceitaram as propostas, o convite, do Mal, mesmo que este tenha sido imposto como condição por qualquer gestor de Poder e representasse uma oportunidade para participar e poder continuar faturando, uma imposição dos jogos do Poder na vida, mesmo que afastando a livre concorrência, a competição. Era na verdade um convite para o Inferno. Acreditaram no sistema de vida à base castelos de areia. Foram levados a crer que a mentira seria eterna, passaria sem ser notada. Infantilidade de alto nível.

Se corruptores, é porque também foram fracos, montando esquemas do Mal, castelos de fragilidade feitos para a eternidade. O Mal pode vencer por algum tempo, mas um dia é revelado, é o dia final, o dia D, de derrota, esta sim eterna. Mas acreditaram e fizeram acreditar no sistema de castelos .

Corrompidos e corruptores mostraram a fraqueza como seres-objeto, meros e aviltados anti-seres humanos, equiparados aos vis criminosos e facinoras no país. Gente de espírito fraco e negativo.

Um dia a casa cai. Caiu. Tais pessoas perdem o que construíram, o que fizeram no mundo. Com tal destruição prejudicam também a vida de seus seguidores. Não é caso de dinheiro, é caso de alma, de sobrevivência com forças interiores, agora, todas invalidas, já que construídas sempre em veneração às referências ruins e modelos desonestos. A casa cai. Cai porque toda a prosperidade era falsa. Sem a construção honesta da boa essência interna, o moderno, o próspero era falso, portanto, caiu na desgraça. Os valores e modelos utilizados estavam fadados à falência, ao fracasso pessoal, profissional, familiar, social e corporativo.

Não é surpresa que impérios comerciais e profissionais, grandes corporações, famílias poderosas, de um dia para o outro, enfrentem a realidade e os acontecimentos os esmaguem fatalmente. Estiveram jogando com a ilusão, o engano e a fantasia. Para que, por que? Sempre para preencher o vazio de uma existência perdida e errônea. Construíram com vento e brisa, com areia e pó um paraíso ilusório. Vidas tortas, que só poderiam dar no que deram: perdas materiais, cadeia, desgraça familiar e social, perda, descrédito e ruína.

Num piscar de olhos destruíram tudo que tinham e sem isto não são nada. Ganância, orgulho, jogos de competição e comparações, dinheiro e Poder, inveja, prestígio, vaidade, desonestidade, falsidade, horas de trapaças e barganhas, falsa sensação de estar no Poder. Agora tudo virou barro, pó, melhor, areia. O resultado de tantos negócios baseados em influência informações privilegiadas etc, afastando a livre concorrência; negócios em tramas secretas, a serviço de quem? Tudo perdido agora. E quantos outros castelos de areia, de gente jovem que acreditou na fantasia, não ruiram também. Os danos se alastram para a vida privada com desemprego e falta de dinheiro para pessoas indefesas, crédulas.

Líderes oportunistas e de péssima qualidade fabricaram um falso mundo econômico, com movimentação paralela de riquezas. Fizeram a realidade e fizeram-se acreditar e muitos seguiram a falácia. Gente nova casou, comprou carro, conseguiu emprego, endividou-se acreditando na falsa realidade. Agora suas vidas retrocedem, perdem apartamentos, carros, empregos, casamentos e seus pequenos empreendimentos em busca de rendimentos. Os responsáveis escondem-se na cadeia temporária.

Ficou a página da história que contará quem foram, o que fizeram de mau. Em jornais, revistas e documentários, estudantes e pesquisadores no futuro irão visitá-los citando seus nomes e copiando em seus trabalhos o que este bando fez. Entrarão para a enciclopédia da vida humana no Brasil como malfeitores da Pátria, a qual certamente nunca amaram e na qual sempre odiaram seu povo, pois o mais importante para eles era o umbigo, sua vaidade, sua vontade de acumular, de ser Grande, seu bem estar luxuoso e megalomaníaco, suas mansões e iates, carros, aviões, certamente seu nome de família ligado à corporação que fizeram crescer às custas do dinheiro público. Mas agora tudo acabado, nome no rol dos réus, nada de viagens com os “poderosos”, “nada de reuniões de interesses milionários”, nenhuma viagem para o exterior para tomar sol no Caribe ou nas ilhas gregas. Agora uma outra realidade: “Pessoal, a hora de sol è às 10:00 horas para a Ala C !!!!“ A boia é às 12:00!”
Pobre fraqueza humana, baseada num vazio sem fim e na eterna ilusão e fantasia de Poder e Dinheiro.

Mundos corporativos arruinados, demissões em massa, obras paradas, as consequências serão funestas para a vida nacional. Afora este exemplo da venda do ser humano, a sua passagem para o anti-humano, há milhares de ações e reações individuais que estão marcando a vida nacional. Elas acontecem no seio familiar, nas empresas de pequeno e grande porte, públicas e privadas, onde decisões refletem o vazio deste mesmo tipo de gente, seu fracasso interno como pessoa, sua falta de consciência e boa referência.

Decisões e escolhas que não decorrem de planejamento e não medem consequências no ambiente em que serão aplicadas, só levam a prejuízo pessoal e coletivo. Um dia a casa cai para todos, pessoal e profissional e corporativamente. E com a soma do drama particular de cada um, o país sofre as consequências da desmotivação institucionalizada, que os mais burros e inconscientes correm para dizer que é por falta de dinheiro, um reflexo da crise internacional, a tal “marolinha”que então chegou.

Corruptos e corruptores de seu próprio interior fizeram o que sempre fizeram: roubaram dinheiro público da infra-estrutura de saúde, segurança e educação. Agora fica o país jogado mais uma vez na contra mão da História, inflação, altos juros, desemprego, crise de energia, cérebros indo par ao estrangeiro, crise em tudo e depressão à vista. Que país é este?

Todos os corruptos e corruptores que atuaram e atuam em todos os níveis da vida oficial e privada, contribuíram para a volta ao passado, o da crise econômica, porque ela é a materialização das mazelas nacionais. Gente que há muito já se distanciou de si mesmo e assumiu a posição de objeto, de gente calculista, fria, materialista, insensível, tudo como o individualismo egocêntrico quer.

E o país vive tal e qual na sua decadência lenta e progressiva no campo interno, promovendo o desmoronamento das almas, da vida íntima, de sua vida interior. A grande mentira. A falsa estabilidade. O discurso oficial é mascarar e não admitir a existência de tal realidade e encarar os problemas de frente. Poucos observam o que está acontecendo com a adoção de meios perversos do modelo individualista egoístico adaptado ao “ mundo pós -moderno” do Brasil, algo que lembra uma ópera bufa, um teatro de bonecos feios e mau feitos como nos sonhos materiais desconexos e absurdos enquanto a plateia ri de fome e miséria.

No império do “umbigo”, falta amor à Pátria e amor ao Próximo. Os crimes,os erros são de ordem pública nacional, são diretos contra a Pátria. Esses são só verdadeiros assassinos do futuro da Pátria. Terroristas da vida privada. Assustadores. Certamente já viviam em seus cárceres mentais porque sabiam que estavam na ilegalidade, fazendo o errado e que a impunidade é uma realidade virtual e temporária como qualquer mentira. O que não continuaria acontecendo, se não fosse a imprensa livre, a Polícia Federal e o Ministério Público? Tudo ou nada só depende da divulgação que exista. A imprensa televisiva com seus ancoras nos horários certos denunciam algo, caso contrário impera o silêncio. E se houve denúncia, alguém não recebeu sua parte ou algum acordo não foi respeitado. Há interesse político na questão. E a posição e a oposição política se confrontam, tentando salvar-se do desgaste político.

Vivemos 500 anos no escuro com a roubalheira fazendo fortunas individuais às custas de Portugal, da Monarquia e na República do povo. Cadeia é pouco para a crime de trair a Pátria.

Acabou então a intocabilidade dessa gente; é a derrota para a tradicional impunidade? Se positivo, é um efetivo passo mega histórico.

E aos jovens e todos que perderam seus empregos e pequenos negócios, que vão ter que abrir mão de seus sonhos, que acreditaram na falácia toda, aos empresários que irão fechar as portas, aos casamentos que irão se desfazer, aos honestos que trabalham, pagam impostos e para quem nada dá certo, há um silêncio. Todos acreditaram na realidade fake e embarcaram nela quase que obrigatoriamente porque estavam muitos nas fases da vida em que se deve viver o que a realidade concede. Agora, mais uma vez há um silêncio barulhento dentro de cada indivíduo. Vale o que poeta Juares Baggio, escreveu, traduzindo o momento:

Na história de uma nação,
ouvi contar de um cidadão,
que sempre cheio de razão,
olhava somente o chão.”

O castelo de areia ruiu. A casa caiu. A esperança quase sumiu. E agora José em sua Pátria?

Odilon Reinhardt.

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