Resistência e Persistência.
Eis
as palavras de encorajamento para nós todos os advogados que temos a
missão de vida de carregar problemas alheios, de nossas mesas para
dentro de nossos lares e 24 horas por dia procurar argumentos para cada
caso, no sonho perene de buscar Justiça ou evitar que no processo não
haja Injustiça. Procuramos contribuir para o equilíbrio social.
Apesar
das dificuldades múltiplas num país de terceiro mundo, com milhares de
problemas de desenvolvimento, somos os intelectuais da papelada, numa
Pátria de burocracia barroca, enrolada em procedimentos, em meios, em
formas, com seus carimbos de altíssima relevância, carentes de
objetividade e eficácia.
O
advogado nasceu para ser autônomo, livre, intelectual, pessoa de
opinião, de sabedoria holística, compreendedor da sociedade e suas
mudanças, hábil na interpretação dos fatos. Um lutador pela igualdade na
aplicação da Lei; um preservador da legalidade e moralidade num país
onde vemos a falta de moral e ética, onde a lei da vantagem é expressão
máxima da dificuldade econômica no mercado que é objeto de manipulação
cheia de modismos de ocasião.
Resistência
e persistência é o que devemos desejar para todos os advogados, estejam
eles em seus escritórios próprios fazendo seu salário mensal ou em
empregos assalariados, com sucesso ou momentaneamente esperando algo
melhor, mas sempre advogados.
XI
de Agosto é só uma data no calendário, mas serve para lembrar quem
somos e não esquecer o brilho da festa de formatura e a solenidade na
OAB ao recebermos a permissão para advogar, parentes, amigos e
autoridades depositavam em nós a esperança nas novas gerações.
Nunca
fomos educados para missão pequena, para sermos meros tarefeiros,
servis, mecânicos “operadores do Direito”, mas seres pensantes,
estudiosos, compenetrados, focados mas livres, porque só com a liberdade
no interior podemos resistir e persistir no sonho de restabelecer a paz
no relacionamento entre as partes de nosso atuar e através da Justiça.
Em
nosso país, o “dever-ser” é a todo surge a luta pelo poder, os
conflitos, nosso campo de atuação entre as forças por vezes desiguais.
Mas só a Justiça pode apaziguar e ela precisa de advogados como
intermediários.
Persistamos
e resistamos apesar de tudo e todas as circunstâncias. Nunca deixemos
que nos possam aviltar, porque isto seria a hipótese em que o
autoritarismo e o totalitarismo em suas variadas formas vencesse e então
a sociedade estaria entregue à mãos erradas do Estado sem o Direito que
conhecemos, sem o processo legal, sem nada.
Gerações
passadas de advogados enfrentaram os problemas de suas épocas, Houve
tempos dos erros da Ditadura, mas não desistiram, persistiram. Criaram
teses, foram contra o normal e o senso comum tutelado e patrulhado.
Venceram. Deram sua contribuição para que o país desse um passo à
frente.
E
hoje nosso país está com outra realidade, mas as dificuldades e as
disparidades são enormes e causam os conflitos desta época. O império da
incoerência, o tumulto criado pelas tentativas de inovação e
interiorização de modelos de fora, o desequilíbrio do ser humano, o
questionamento dos princípios e valores humanos frente aos modismos de
mercado etc, etc. Enfim, uma sociedade em trânsito que precisa de
pessoas pensadoras, intelectuais honestos, advogados, juízes e
promotores preparados para a solução e orientação correta.
A realidade da profissão não está nada agradável, mas só um sonho maior pode fazer resistir e persistir.
Odilon Reinhardt
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