segunda-feira, 10 de agosto de 2015



Resistência e Persistência.
 

Eis as palavras de encorajamento para nós todos os advogados que temos a missão de vida de carregar problemas alheios, de nossas mesas para dentro de nossos lares e 24 horas por dia procurar argumentos para cada caso, no sonho perene de buscar Justiça ou evitar que no processo não haja Injustiça. Procuramos contribuir para o equilíbrio social.

Apesar das dificuldades múltiplas num país de terceiro mundo, com milhares de problemas de desenvolvimento, somos os intelectuais da papelada, numa Pátria de burocracia barroca, enrolada em procedimentos, em meios, em formas, com seus carimbos de altíssima relevância, carentes de objetividade e eficácia.

O advogado nasceu para ser autônomo, livre, intelectual, pessoa de opinião, de sabedoria holística, compreendedor da sociedade e suas mudanças, hábil na interpretação dos fatos. Um lutador pela igualdade na aplicação da Lei; um preservador da legalidade e moralidade num país onde vemos a falta de moral e ética, onde a lei da vantagem é expressão máxima da dificuldade econômica no mercado que é objeto de manipulação cheia de modismos de ocasião. 

Resistência e persistência é o que devemos desejar para todos os advogados, estejam eles em seus escritórios próprios fazendo seu salário mensal ou em empregos assalariados, com sucesso ou momentaneamente esperando algo melhor, mas sempre advogados. 

XI de Agosto é só uma data no calendário, mas serve para lembrar quem somos e não esquecer o brilho da festa de formatura e a solenidade na OAB ao recebermos a permissão para advogar, parentes, amigos e autoridades depositavam em nós a esperança nas novas gerações. 

Nunca fomos educados para missão pequena, para sermos meros tarefeiros, servis, mecânicos “operadores do Direito”, mas seres pensantes, estudiosos, compenetrados, focados mas livres, porque só com a liberdade no interior podemos resistir e persistir no sonho de restabelecer a paz no relacionamento entre as partes de nosso atuar e através da Justiça. 

Em nosso país, o “dever-ser” é a todo surge a luta pelo poder, os conflitos, nosso campo de atuação entre as forças por vezes desiguais. Mas só a Justiça pode apaziguar e ela precisa de advogados como intermediários.

Persistamos e resistamos apesar de tudo e todas as circunstâncias. Nunca deixemos que nos possam aviltar, porque isto seria a hipótese em que o autoritarismo e o totalitarismo em suas variadas formas vencesse e então a sociedade estaria entregue à mãos erradas do Estado sem o Direito que conhecemos, sem o processo legal, sem nada. 

Gerações passadas de advogados enfrentaram os problemas de suas épocas, Houve tempos dos erros da Ditadura, mas não desistiram, persistiram. Criaram teses, foram contra o normal e o senso comum tutelado e patrulhado. Venceram. Deram sua contribuição para que o país desse um passo à frente. 

E hoje nosso país está com outra realidade, mas as dificuldades e as disparidades são enormes e causam os conflitos desta época. O império da incoerência, o tumulto criado pelas tentativas de inovação e interiorização de modelos de fora, o desequilíbrio do ser humano, o questionamento dos princípios e valores humanos frente aos modismos de mercado etc, etc. Enfim, uma sociedade em trânsito que precisa de pessoas pensadoras, intelectuais honestos, advogados, juízes e promotores preparados para a solução e orientação correta.

A realidade da profissão não está nada agradável, mas só um sonho maior pode fazer resistir e persistir.

Odilon Reinhardt

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