Histórias da Pizzânia
ou a Grande Festa dos Ratos.
Será
que nós todos pensávamos que todos os escândalos em sequência, os que
deram em pizza e o que ainda vão dar, os que não foram divulgados ou
punidos e nunca serão, ao final, numa evolução histórica de governos
feitos da farinha do mesmo saco, não trariam consequências, traduzidas
em dinheiro, com visível prejuízo ao Tesouro e ao serviço público de
saúde, transporte, educação etc?
Ora,
a bola estava crescendo de há muito com está tendência de sempre
transformar ou oficializar o interesse particular em interesse público. A
crise econômica externa pode ter até tido sua parte, mas o centro do
problema está no caráter, na personalidade, portanto, no individual dos
que se alimentam dos tantos negócios públicos e do promissor balcão de
negócios que esquemas muito bem feitos sustentam para garantir verbas
para as eleições. Ou será que são esquemas de grupos de indivíduos
isolados, extraordinariamente megalomaníacos, que desejam de modo
desenfreado sentir-se importante, enriquecer para acumular fortunas que
superam em milhares de vezes qualquer ambição particular de
casa-veículo- aposentadoria? Mera vaidade, ganância, desejo de Poder,
esforço de sobrevivência e desejo de se garantir, o hedonismo cultuado
pelo ocidente refletido na super valorização do bem–estar, do bem-viver e
conforto pessoal? De certo modo esta atividade apátrida, encheu as
ruas de carros importados, de apartamentos de luxo, de lojas,
restaurantes e barzinhos para lavar dinheiro, empresas de franquias onde
não há movimento suficiente para justificar o rico aparato montado. Um
tipo de progresso, mas de origem e destino temerários. Qualquer ser de
inteligência mediana pergunta a si mesmo, para que tanto dinheiro; será
que a posse de milhões de dólares na Suíça ou Mônaco ou sabe se lá onde
em contas particulares, seriam de proveito só destas figuras agora
escrachadas?
Seja
qual seja a resposta faltou amor ao Próximo, honestidade, seriedade,
amor à Pátria, seus trabalhadores e pagadores de imposto. Imperou a
cultura do “ agora eu vou me fazer”. Imperou a bandalheira, a má-fé, o
abuso do poder, o teatro montado para quebrar a meritologia, etc.
Mandou a turma da banda podre, dos piratas, dos ratos, do Capitão
gancho.
E
os ratos tiveram seu dia de posse, em que certamente se sentiram
glorificados e isentados de seu passado. Muitos já eram ou passaram a
ser objeto de posse de um sistema corrupto e corruptor. De modo que no
dia glorioso da posse dos ratos, qualquer cidadão honesto e pagador de
impostos, diante de tanta pompa e circunstância, sentiu-se
inferiorizado, humilhado e diante de tantas celebridades escolhidos a
dedo pelos deuses do momento, todos mostrando ser tão justos, virtuosos,
pertencentes à nata e de competência insondável. O cidadão comum e
humilde, certamente frente a este coquetel de almas tão elevadas e puras
foi invadido pela sensação de não ser “ninguém”, ser meramente um
cidadão inexpressivo na Pátria.
Já
o empossado, eleito ou não, julga-se o “escolhido”, o centro do
universo, portador de um cheque em branco, mas logo terá que
operacionalizar coisas do sistema, se desejar continuar. É o jogo a ser
jogado. A euforia inicial dá então lugar à agonia ou à perda do senso
de realidade, mas a impunidade é prometida pelo esquema, face o poder e
as garantias ofertadas. O empossado, se honesto inicialmente, torna-se
cego, pensa-se tão protegido por quem serve. Que pedidos terá que
atender? O que serão obrigados a fazer no mundo de favores, vender a
alma, ir contra suas próprias convicções? Que mudanças terá que
aguentar? Quanto teatro terá que montar? Quantos técnicos e pessoal
interno terá que afastar e maltratar, quantos outros serão usados e
serão servis a seus planos de intenção pré-determinada? Tudo pelo todo,
pela a causa maior, pelo “interesse público” do momento. Mas se
eufóricos e crédulos empossados sofrem a perda da virgindade, a
corrupção da alma e da dignidade num servilismo cego e talvez ameaçador.
O caso é que poucos desistem, muitos aguentam a prostituição da
personalidade. Muitos não hesitam em criar seus pequenos reinados com
servos, bajuladores e adoradores para quem são verdadeiros “reizinhos”.
Sabem que estão sendo usados, mas esquecem disso pela enganosa sensação
de poder, salário,comando. O Poder seduz. Todavia, o esquema os
descartará impiedosamente se errarem em algo, e não haverá cerimônia de
saída. Desaparecerá toda a pompa inicial e o Ser, uma vez tão iluminado,
sairá sem graça alguma, rejeitado pelos chefes do esquema que pelo
corporativismo silenciarão. Assim, usado e triturado, o pobre Ser nem
será lembrado, mas o esquema continuará. Quando e se for descoberto, o
bagrinho será o exposto, isolado, abandonado, mas será verdadeira
estrela, embora cadente, na CPI, no Gaeco, na imprensa e na TV. E parte
da população já desencantada e temerosa quanto ao amanhã, levando
duchas diárias de negativismo e más notícias que invadem seu lar, ainda
olha boquiaberta as notícias sobre escândalos de proporção jamais
revelada, algo gigantesco que revela as entranhas do Poder e do mundo
político. Assiste à hipocrisia, a cretinice, a dissimulação, o teatro e
a mentira da escusa e ainda o Legislativo querer passar que seus
membros são isentos e que a corrupção está só no Executivo. Guerra de
palavras entre os Poderes da República e o balanço das Instituições. Por
vezes o país do bizarro e do incompreensível, do ilógico e do absurdo.
É
de se imaginar como os ratos, momentaneamente elevados a posições de
mando, se sentiram ao saber que iriam ser pegos. Será que sentiam algo,
será que imaginavam-se mesmo inatingíveis e protegidos pelo manto
sagrado do Poder de seus protetores? Onde e quando ganharam confiança e
passaram a aprender tais esquemas complexos de desvio, fraude, lavagem e
repasse? Onde começou o aprendizado de seus idealizadores? Como foram
aperfeiçoando tal tecnologia, quem os assessorou, quem os mandou? Será
que nunca pensaram em coisas comuns como honra, dignidade do nome de
família, honestidade, etc que amedrontam qualquer homem justo como
cidadão comum? Será que nunca pensaram em sua família, mãe, pai, filhos,
netos? Quem os cooptou para o papel de operador? Qual a promessa feita
que tenha valido pelo risco de cair em desgraça histórica. Ou será que
pensavam tornar-se heróis de uma aventura maior contra o “establisment”
que tinham como inimigo do povo. O que será que passou e passa na cabeça
desses infames? Infames municipais, estaduais e federais com sua
constelação de auxiliares e puxa-sacos para operacionalizar a quebra do
orgulho nacional, já tão abalado pela síndrome do vira-lata. Nosso temor
é que não se intimidem que tudo vire pizza jurídica num processo sem
fim e num país onde os infames se acuados e perturbados em seu reinado
perguntam “ que país é esse? “ E como não acreditar que não se
intimidarão,pois enquanto este mega-esquema passava desapercebido e
navegando em mar de almirante, o país era distraído com o escândalo do
mensalão, agora diminuído em centenas de vezes, face à brutalidade do
escândalo mais recente. No mesmo tempo nos distraiam como pré-sal, como
desastre do império do Batista, os preparativos para a Copa do Mundo, os
7 a 1 da Alemanha, além de episódios de operações menores da corrupção
local de cada município e estado. Ninguém imaginava que este pano de
fundo fosse mais roto e encardido do que o cenário visível. Uma
bandalheira inominável, um ato terrorista sem igual que só não amedronta
quem não tem coração pelo Brasil e ainda tenta proteger tais pessoas.
Como não acreditar que tudo neste país não é um “golpe”, um “grupo” como
se dizia? Na iniciativa privada ou na iniciativa pública nada dá certo ,
nada tem continuidade. Onde há espaço para o investidor particular ou
oficial como as fundações de previdência aplicar suas reservas e
contribuir para o progresso do país? O mercado está humanamente podre,
“suas ideias não correspondem aos fatos e suas piscinas estão cheias de
ratos”, como dizia Cazuza, o qual na época não conheceu o mosquito da
dengue.
Enquanto
possíveis novatos se adaptam, velhos ratos já sabem o que fazer e
possuem prática de como engolir sapos. Velhos ou novos todos sabem ou
aprendem a saber que as regras do jogo estão expostas. É cultura
nacional do mundo político, que hoje esqueceu o povo e vive num todo que
se gera e se basta com regras e normas próprias de sobrevivência e
existência. Um funesto, mas eficaz, sistema de barganhas e achaques
garante uma mútua amarração e comprometimento de todos de modo que corvo
não comerá corvo e todos terão que proteger uns aos outros. É o sistema
da Pizzânia, onde tudo tende a virar pizza para o bem geral nos
Municípios, Estados e União. É uma cultura imposta para garantir a
manutenção do Poder pelo Poder. Não ousemos pensar que isto tudo é feito
para possibilitar melhores condições de vida para todos do povo, para
beneficiar os miseráveis existentes e as alarmantes situações de caos
social. Lá na Amazônia, no serrado, nos pampas, no seringal, no drama
violento das cidades grandes e pequenas tudo está pior e piorando,
enquanto bilhões de dólares são desviados para o exterior e a Nação
empobrece e compromete o futuro de gerações. No dia a dia as pessoas se
esforçam ao máximo para viver dentro de apertados e mínimos orçamentos
possíveis numa agonia de 30 dias e num suplício semanal com péssimas
condições de mobilidade, saúde e alimentação etc, sendo exploradas até o
limite em sua fé e esperança. Mas os piratas continuam em sua festa
louca de megalomaníacos e apátridas. Comprometem empresas, a vida dos
empregados, das famílias, da educação, da juventude e da infância .
O
mega sistema montado avança para o mundo sem limite. Seus idealizadores
sentem-se superiores à Pátria que pretendem usar e abusar. Nada os
detém. Tais sistemas de corrupção e lavagem de recursos não foi
idealizado ontem. Deve outrossim ser fruto de anos em décadas de
aprimoramento em camadas inferiores do jogo de Poder até atingir os
níveis de domínio como vemos agora. São esquemas que envolvem uma
arquitetura feita por pessoas que conhecem todos os sistemas desde o
industrial, bancário, financeiro, comercial, político etc.
Assim,
enquanto trabalhamos e levamos nossa vida no dia a dia da nação, os
ratos assaltam, fazem suas operações, estendem seus pontos de lavagem.
Dá para imaginar a intensa atividade através de reuniões, viagens e
telefonemas durante o dia e à noite. Se toda esta criatividade e
expertise, energia fosse usada para projetos a favor da Nação e do seu
povo, tudo seria melhor. Mas tais Seres poderosos e tão elevados
certamente não pensam nisto. Preocupam-se em fazer a grande maracutaia
perfeita, uma que seja totalmente invisível e que não deixe nada
escrito. Aliás, quem usou este termo pela primeira vez no cenário
político? Curioso, não?
Enquanto
o país produz, paga impostos, pessoas trabalham para pagar suas vidas
sofridas, os ratos comem e se fartam em milhões de operações e bilhões
de dólares e euros, somas inimagináveis para o uso de um mero indivíduo e
suas necessidades mesmo se exageradas ao extremo.
E
apesar de entidades heróicas como a polícia Federal e o Ministério
Público, tudo persiste. Enquanto uma mega operação traz diariamente
notícias que escandalizam o país, muitos do povo já vão esquecendo
escândalos anteriores e nem imaginam os que possam estar sendo
operacionalizados nos vários níveis da Administração. Tudo persiste e o
crime organizado não se afasta. Parece que fica mais forte e
encorajado. Os ratos não se amedrontam. Os criminosos perderam o senso, a
consciência. Alguns vão para a cadeia onde continuam com regalias e
festas, segundo noticiado, parecendo que não foram tocados em sua
individualidade. Sorriem como se nada estivesse ocorrendo e com certeza
de que tudo dará em nada. Têm um sorriso de escárnio e mofa quando
questionados até pela Justiça. Seus esquemas sofisticadamente
estruturados, detonam empresas públicas e privadas sem piedade, queimam a
bandeira nacional. O que passa na cabeça desses infames? Será que
pensam “ se der certo, a causa estará vitoriosa” ou “ se der errado
serei mártir da causa”. Certamente alguns “guevaras” pensam que a
história os levará como heróis da “luta”. Que sistema produz tal
servilismo e cegueira?
Concomitantemente
com as operações em andamento quantas outras estão ocorrendo.
Escândalos são abafados para não prejudicar interesses pessoais ou
coletivos de grupos do Poder de todos os níveis. É o corporativismo.
Abafados porque envolveriam todos e desestabilizaria a rede social, a
política a economia nacional ou local. É como uma cidade do interior ter
parte de seus chefes envolvidos em algo criminoso , o que seria do
“poder” ali?
Tudo
isto enoja o cidadão comum, envergonha o país e faz exemplo ainda mais
nojento para a já torturada juventude atual. Este modo de gestão causa
males permanentes, e arrisca-se dizer que no Brasil nada dá certo, tudo
tem que ser customizado. Nada é aplicado como nos outros países, por
graça divina nem terrorismo dá certo, mas muita filosofia ou modelo
honesto também não. É o país onde se diz “ é imoral, mas não é ilegal”.
Aqui, pode-se gostar de alguma ideologia de esquerda ou direita, por
simpatia, mas não se olha quem vai operacionalizá-la, quem estará no
poder, sua origem e qualidade. Eis o erro que salva tudo e de certo modo
protege o país, porque a incompetência sempre é neste campo uma benesse
contra o radicalismo. Ora, facilmente se pensa que os alçados ao poder
são seres iluminados capazes de se desvencilhar de suas características e
condicionamentos como cidadão comum em seus desejos reprimidos, em suas
demandas materiais insatisfeitas e nos seus desejos hedonistas prontos
para serem revelados quando a oportunidade surgir. Não tarda e tais
Seres mostram suas garras e vão trair o povo alienado, robotizado e
massificado. Logo, por vários métodos, fazem a traição da esperança e fé
inesgotável do brasileiro. 2015 é sim a hora de começar a pagar e
doravante será esta a rotina.
Falta
luz, faltam estradas, a população não tem mais saúde, não tem quem onde
se medicar, não tem segurança pública nem educação, mas os ratos não se
incomodam, visam saciar-se com o dinheiro público enquanto os meios de
comunicação dão notas diárias de já tradicional miséria. Quem entrou no
Poder esqueceu do povo? Esqueceram dos sem terra, dos sem teto, dos sem
emprego, dos sem crédito, dos sem dinheiro, dos aposentados vivendo à
míngua, dos desempregados vitimados pela demissão gerada em empresas em
decorrência destes escândalos etc? Como desdobramento também surgem os
sem água, os sem luz e os sem gás. O que conseguiram esses facínoras de
todos os escândalos, senão pisar no povo, que seus supostos patrões
desejavam tanto proteger pelo menos para se eleger? Será que nós
cidadãos normais nos esquecemos de pensar e considerar que tudo isto,
numa sequência de escândalos, não teria consequências? Se não ocorressem
falhas humanas na operacionalização do esquema, tudo iria continuar,
nada teria fim, nada seria de conhecimento do povo. Há bons
funcionários públicos, técnicos em todos os órgãos e empresas, mas sem
dinheiro nada funciona. O dano causado atinge limites e desdobramentos
bem amplos. São projetos,programas, pesquisas,obras que deixam de ser
concluídas. O país perde imagem, credibilidade. Os investidores se
afastam. O dano sai pelo mundo. O Brasil prejudicado. Gerações futuras
comprometidas num futuro que terão que pagar mais.
O
país perde, nós perdemos. Jovens ao ver todo um quadro decadente
desistem de seus planos de vida, profissionais se aposentam,
trabalhadores se desmotivam. A Nação perde energia. O Estado
enfraquece. As atitudes criminosas desmoralizam a autoridade, desmotivam
o povo, arruínam o país. Há um esmorecimento, descrença em tudo. Isto é
crime ou não? O povo forçosamente alienado ou mesmo consciente já
largou o Brasil aos políticos, como se nada do mundo político tenha com o
Brasil. Uma espécie de delegação total. Todavia, o povo só acorda
quando sente o bolso esvaziar. No mais, povo, juventude e etc são
levados a adorar os vários “ bezerros de ouro” que lhe são impostos no
dia a dia.
Não
é necessário ser grande estudioso para saber que tudo que se passa na
sociedade pertence a uma evolução social que fará realidades futuras e
trará consequências. Está nascendo, por causa destes canalhas, ratos
destruidores, o desrespeito às instituições, às autoridades, aos
representantes do povo, aos juízes etc, que parecem cegos pelos seus
salários e posição superior e passaram a viver numa ilha da fantasia,
num farol de marfim, como intocáveis. Este é também um dos sinais que
levam a perspectivas negativas. Nada de bom é de se prever, se as coisas
continuarem assim. Infelizmente, quem de sã consciência quer a desordem
, a desorganização social? O pensamento niilista é inaplicável . A
quem interessaria tal degradação a título de uma pretensa “revolução”
ou seja lá o que for?
O
cenário pessimista aliado aos problemas financeiros de cada cidadão
pode contribuir para momentos equivalentes aos dos antecedentes da
Revolução Francesa, quando os nobres “ hoje políticos e autoridades”
refestelavam-se em benesses, benefícios, salários, negociatas e regalias
numa área pública já desfigurada pelo interesse afastado das missões do
Estado. Políticos que uma vez eleitos adentram ou permanecem no clube
fechado ao povo, mas aberto a seus financiadores, seguindo a tradição de
“prometer para se eleger, esquecer do povo para sobreviver” num meio
que possui suas próprias leis e cultura. Foram pegos de surpresa com a
queda do consumo e a queda da receita tributária; pensavam que o Tesouro
era inesgotável e um maná da terra dos deuses. Não viram os sinais da
falência. Ignoram as consequências da má gestão, do desvio de tudo, dos
erros repetidos, da cegueira e confusão da administração pública e sua
ação depredatória da iniciativa privada podem levar à desobediência
civil. Aliás uma administração para a próxima eleição, para garantir
recursos e cheia de medidas para assegurar votos, sem medir
consequências para os anos seguintes, só pode dar errado. O planejamento
é para o aqui-agora, coisa de inconsequentes. As obras são para gerar
sobras e só para agora. Criam-se obras e serviços para justificar
desvios e quem se intrometer é punido. Muitos se calam perante o império
dos poderosos caras, com medo de perder o emprego. A evolução
histórica disso tudo no tempo, todos sabem no que pode dar. Em
desespero os donos dos esquemas criminosos, da ciranda de um modo de
administrar tradicional e de uma cultura política de barganha irão
defender seu meio de vida, irão fazer tudo para manter-se no Poder, de
modo que para o cidadão comum a única proteção é a liberdade da Polícia
Federal, do Ministério Público e dos setores de uma imprensa livre.
A
crise gerada é resultado de anos em séculos de descura. Consequência
da cultura arraigada “ aproveitar-se da coisa pública” Agora tudo está
levando ao descrédito, ao descontrole das autoridades e das instituições
políticas. O Executivo está acuado, o Legislativo está nervoso e mais
hipócrita. O Judiciário, em sua torre de marfim, em vias de o ser. Por
incrível nota-se que em certos casos ninguém tem medo da Justiça, só o
advogado tem medo do juiz. Ademais a Justiça depende de seus auxiliares e
da polícia, todos cidadãos alquebrados, descontentes e amassados que ao
final de cada dia voltam para casa e encontram a mesma realidade de
qualquer cidadão. Não se pode esquecer que a população carente será a
mais apenada e que os fisiológicos respondem fisiologicamente, de modo
que a violência e seu aumento será inevitável, justamente quando a
administração em todos os níveis estará sem recursos.
2015
já está pesado. As consequências financeiras começam a se agravar e
teremos que pagar por todas elas. Não adiantará chorar. Todavia, efeitos
mais graves de se estar adotando modelos individualistas mal
implantados estarão cada vez mais presentes na vida social. Ninguém
nota, poucos veem, mas no pano de fundo de todo o cenário nacional, já
há graves resultados ocorrendo e sendo registradas em efeitos que são
tomada por causas e vice e versa, todavia sem solução. Infelizmente só
nos incomodamos quando prejudicam nossas contas e mesmo assim, até mesmo
recentemente, verifica-se que nem isto é motivo para reação, tal a
passividade geral.
Quem ainda tem o poder de crítica e análise, tenha-se por contente, por ainda estar com o pensamento livre e vivo.
A
esperança é que tudo isto que vem ocorrendo seja o final de uma época
no país e começo de algo mais limpo,justo e transparente. Sempre temos
esta fé e esperança , é o que salva e nos move.
De
tudo, há uma evolução e aprendizagem como povo. Nem o país nem a pátria
irão acabar por causa desses maus exemplos. Graças à liberdade de
imprensa, hoje sabemos mais do que poderíamos saber há 30 anos atrás.
Sabemos mais sobre a cultura política existente desde 1500, sabemos mais
sobre a robalheira dos palácios públicos, que sempre existiu, desde a
vontade de enganar a Coroa Portuguesa. Hoje tudo isto que nos arrepia e
horroriza, faz parte da limpeza de uma cultura ultrapassada que se
espera esteja no fim. Tudo é para melhor, se não for repetido. Mas
teremos que pagar por tudo e por alguns longos anos. Teremos que pagar
pela cegueira de votar no candidato mais rico, galã, mais poderoso, no
partido sem rumo, no candidato mais cotado nas pesquisas, que nunca
mostrou seus planos etc.
Mas
a perguntas é a seguinte: o que sabemos e poderemos saber, se não sair
no jornal e na TV? Mais escândalos e seus desdobramentos ainda irão nos
surpreender. Fica a expectativa quanto a quem será punido e o que a
Justiça fará com sua atuação. Qual tese dos advogados agora e quais os
artifícios processuais que serão usados para livrar os acusados. A
pátria burocratizada e enrolada poderá ainda servir de benesse a mais
esses acusados aos olhos escancarados da população. Conforme o
comportamento da Justiça, será a vez então do Judiciário na boca do
povo. Há aqui uma responsabilidade de a imprensa não criar
sensacionalismo e reportar fatos e atos tais que depois não se confirmem
no processo judicial, que um mundo diferente com regras e prazos. A
quebra da expectativa popular poderá gerar resultados inéditos nas ruas.
Nesta
continuamos todos com os dramas diários produzidos pelo mundo das
drogas, isento e intocável no seu centro, a máfia estrangeira e os
episódios menores, mas não menos importantes de cada localidade.
O
fato é que desde os nanicos escândalos da época Collor, o país só vem
se descolorindo. O que mais teremos que ver e sofrer? Há de se
conquistar o status de país de boa-fé, dos honestos na política e na
vida?
Odilon Reinhardt.
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