Sementes
plantadas.
Há mais de 5 anos atrás, a
Universidade de Stuttgart na Alemanha, estava dando palestras na Universidade
Federal do Paraná e Pedro Franco de Carvalho, engenheiro da Sanepar, fazendo
mestrado, fez a aproximação dos professores da Universidade de Stuttgart com a
Sanepar. Assim, vários professores e técnicos compareceram à Sanepar para uma
breve apresentação dos trabalhos da Universidade no campo do tratamento do
esgoto sanitário.
Da aproximação feita e como
resultante do interesse da Sanepar neste campo, começaram as tratativas para um
convênio de cooperação, enquanto os professores de Stuttgart continuariam
ministrando aulas de mestrado no Paraná.
Houve imediato interesse de
profissionais da Sanepar em fazer o mestrado, tendo surgido então um grupo de
profissionais que, durante o período de estudos, pôde
viajar para a Alemanha. Após a viagem, o mestrado continuou e os
profissionais empenharam-se com seus orientadores para seguir a programação com
rumo à aprovação final.
Assim, desde 2008
foram iniciadas as atividades do Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano
e Industrial (MAUI), do qual participaram alguns saneparianos.
Da turma de 2012,
Priscila Alves dos Anjos, da Sanepar, foi a primeira a conseguir
qualificação para defender seu trabalho perante a banca de examinadores, após
muito esforço e também compreensão familiar, tendo concluindo assim o mestrado no início de agosto deste ano.
Não foi nada fácil cumprir as
exigências resultantes das revisões feitas pelos orientadores, o que exigia
horas e horas de muita dedicação.
Nasceu assim o trabalho denominado: “CONSÓRCIOS PÚBLICOS DE RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS: ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO PARANÁ”, dissertação, apresentada
como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Meio Ambiente Urbano e
Industrial, do Programa Internacional de Mestrado Profissional em Meio Ambiente
Urbano e Industrial, Setor de Tecnologia, da Universidade Federal do Paraná, em
parceria com o SENAI/PR e a Universität Stuttgart, Alemanha, tendo por
orientador o Dr. Klaus Martin Fischer e
co-Orientadora: Dra. Karen Juliana do Amaral.
É assim que sementes do passado
como estas são plantadas e em terreno fértil dão resultado. Fernando Massardo e
Loraine Bender, empregados da Sanepar, estão envolvidos no mesmo mestrado e são
exemplos de esforço e dedicação.
Todos são exemplos de gente que
não se deixa acomodar e vai à luta, para estudar e progredir. Estão alertas
quanto às forças da acomodação e da mesmice das tarefas que acabam derrotando
as energias do indivíduo na empresa. É normal que o trabalho da empresa
torne-se rotineiro e acabe cegando os profissionais encurtando-lhes o
horizonte. É também importante saber
destruir esta normalidade, com criatividade, interesse diversificado, inclusive
o de contrariar a normalidade e ir além do lugar comum.
Manter o espírito de
autodesenvolvimento que fez cada um entrar para a empresa com seus projetos
pessoais torna-se imprescindível. É missão de cada um encarar o desafio de não
se deixar morder pela mediocridade que nasce geralmente no ambiente
empresarial, que é voltado para as tarefas diárias, repetitivas, limitadas e
que muitas vezes não preenchem todas as horas disponíveis.
É fácil ser picado pela
desmotivação e culpar os outros, quando no caso da negligência com seu próprio
preparo e atualização decorreu da própria pessoa que se deixou levar pelo
cordão de Maria-vai-com-as- outras na fileira da acomodação.
Evidentemente muitas são as
realidades pessoais que podem dificultar a volta ou a manutenção dos estudos ou
a difícil missão de enfrentar uma pós–graduação ou um mestrado, mas a vontade e
o objetivo são aspectos poderosos da vida.
Um bom motivo para que se comece a
pensar neste assunto é tomar o exemplo de colegas e pensar também no Plano de
Carreira Técnica que prevê altos salários para quem tiver mestrado, etc. É uma
razão prática que pode ser utilizada também.
O fato é que pessoas estudando e
se aprimorando criam na empresa um ambiente de um nível mais elevado e
contribuem muito para a elevação das conversas entre colegas na empresa. O
nível intelectual aumenta e a empresa ganha muito em ambiente.
Não devemos esquecer que na
Sanepar há vários setores técnicos onde há pessoas de alto nível e que foram
atrás de seus objetivos pessoais porque durante a duração do vínculo laboral
não se deixaram matar pela monotonia e mesmice das tarefas rotineiras. Ubaldo
Stier, na área operacional, inventava ferramentas inéditas; Alfredo Richter
inventava estações de tratamento; Cleverson Vitório Andreoli escreve livros e é
uma pessoa reconhecida mundialmente na área de tratamento de lodo de esgoto,
Ary Haro dos Anjos escreve livros e é muito reconhecido tecnicamente, Julio
Espínola sempre foi um ser pensante e muito mudou a empresa e assim há muitas
pessoas de talento que não se deixaram acomodar. Muitos profissionais de Engenharia graduaram-se em Direito e
Administração procurando o aprimoramento complementar numa demonstração de
esforço muito grande. E não se pode
esquecer os inúmeros empregados que nem tinham curso superior e já trabalhando
na Sanepar fizeram curso superior, procurando melhor capacitação pessoal.
O trabalho de Priscila Alves dos
Anjos será referência nacional neste momento em que o país desperta para a
importância dos resíduos sólidos. A figura do Convênio é apropriada para marcar
a união conjunta de forças em busca de um progresso sustentável.
Um breve resumo da dissertação foi colocado nos seguintes
termos:
“Os atuais padrões de consumo
desafiam os limites de sustentabilidade do nosso planeta, o aumento crescente
da geração e complexidade dos resíduos, e uma legislação cada vez mais rígida,
exigem sistemas mais eficientes de gestão, resultando em custos mais altos para
a prestação dos serviços correlatos. Além disso, o gerenciamento inadequado dos
resíduos sólidos urbanos pode causar sérios problemas ambientais, de saúde
pública, e constitui um desafio aos municípios. O Consórcio Público se
apresenta como uma alternativa viável para atendimento às exigências do cenário
de saneamento básico, mas que ainda não se consolidou. O objetivo geral desta
pesquisa é analisar o processo de formação de novos consórcios públicos
intermunicipais de resíduos sólidos urbanos, sob os aspectos de gestão, manejo
e indicadores, utilizando como estudo de caso o Estado do Paraná. Os objetivos
específicos compreendem realizar um levantamento de consórcios públicos de
resíduos sólidos em operação no Brasil e no Paraná; caracterizar o Consórcio
Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos – CONRESOL; comparar os
indicadores de resíduos sólidos do grupo de municípios do CONRESOL e de um
grupo de municípios paranaenses não consorciados; apontar vantagens e
dificuldades na formação de consórcios públicos de resíduos sólidos. A
metodologia baseou-se em pesquisa bibliográfica e de campo. Primeiramente foram
mapeados os consórcios públicos de resíduos implantados no Brasil.
Posteriormente foi selecionada a região sul e o estudo de caso focado no Paraná. Na definição da amostra
selecionou-se o grupo de municípios do CONRESOL e um grupo de municípios não
consorciados e pertencentes a outras regiões metropolitanas do Paraná. Foram
aplicados questionários para representantes do CONRESOL e dos municípios não
consorciados, contemplando aspectos sobre a formação de consórcios públicos,
gestão e manejo de resíduos, e indicadores. Entre os resultados pode-se apontar
a iniciativa do município como fundamental no processo; o trâmite jurídico para
a implantação do consórcio representando mais segurança jurídica do que um
empecilho; e a viabilização da disposição adequada a maior vantagem na formação
de um consórcio. As dificuldades apresentadas para a formação de novos
consórcios foram questões político partidárias, conflitos, interesses e a
questão econômica. As principais recomendações são: delegar a instituições com
atuação regional o papel de fortalecer a proposta de consórcios públicos;
disponibilizar subsídios financeiros para viabilização de projetos e custos
iniciais para a implantação de aterros sanitários compartilhados; e capacitar
quadros funcionais dos municípios. As recomendações apresentadas para o Paraná
são aplicáveis em outros estados, a partir do entendimento que o consórcio
público é um modelo de gestão adequado e viável para que os municípios possam
superar os desafios de gestão e manejo de resíduos sólidos urbanos.”
A introdução foi escrita para indicar que “o
desenvolvimento econômico, a urbanização e o aumento dos padrões de consumo
indicam o crescimento tanto na quantidade quanto na complexidade dos Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU), contribuindo para o agravamento de problemas sanitários. Os
avanços da industrialização e do consumo refletem o aumento na geração de RSU
em todo o mundo, desafiam os limites de sustentabilidade do nosso planeta pelos
impactos ambientais que causam, e conciliados com uma legislação cada vez mais
rígida exigem sistemas mais eficientes de gestão, resultando em custos mais
altos para a prestação de serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos.
É fato que o lixo depositado em locais inadequados causa
contaminação do solo, ar e água; proliferação de vetores transmissores
de doenças; entupimento de redes de drenagem urbana, favorecendo a
ocorrência de enchentes; degradação do ambiente; depreciação
imobiliária; e ocorrência de doenças.
O gerenciamento dos RSU, desde
sua produção, coleta e disposição final, representa um grande desafio aos
municípios e à sociedade de modo geral. O tema limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos destacam-se no cenário nacional e nas comunidades locais,
pelos aspectos ligados à saúde pública, pela crescente contaminação hídrica e
pelas questões sociais ligadas aos catadores (MONTEIRO, 2001).
De acordo com Batista (2011c) pode-se afirmar que a figura do Consórcio
Público, consolidada pela Lei de Consórcios Públicos (BRASIL, 2005), busca
responder aos desafios das cidades, em especial dos pequenos municípios, uma
vez que, seu objetivo é ampliar a capacidade de gestão municipal e a
disponibilidade de recursos para melhorar a prestação de serviços, e também pelo
fato de sua estrutura permitir a interação entre diversos atores – Estado,
União, iniciativa privada e sociedade de modo geral.
O federalismo cooperativo previsto na Lei de Consórcios Públicos se
apresenta como um instrumento para equacionar problemas enfrentados pelas
Administrações Públicas, dentre os quais, a prestação de serviços de manejo de
resíduos sólidos municipais - coleta, transporte, transbordo, tratamento e
disposição final do lixo doméstico, conforme diretrizes da Lei n. 12.305/2010
(BRASIL, 2010f).
Acrescente-se que, a Lei n.
12.305/2010 (BRASIL, 2010f) prevê a redução na geração de resíduos e um
conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da
reutilização dos resíduos sólidos e a destinação ambientalmente adequada dos
rejeitos. Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos:
fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares
de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos
resíduos; cria metas para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de
planejamento nas esferas nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e
metropolitano e municipal; além de impor aos particulares a elaboração de
Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Considerando-se as diretrizes da Lei n.
12.305/2010, de forma resumida apontam-se sete medidas que impactarão a
forma de tratar a questão do “lixo” no Brasil: Logística Reversa; Fim dos
Lixões; Planos Municipais; Responsabilidade Compartilhada; Cooperativas de
Catadores; Financiamento para Consórcios Intermunicipais e Novas Tecnologias
(BELO, 2011). No entanto, a maioria dos municípios enfrenta dificuldades para
atender aos novos paradigmas estabelecidos, tanto pela insuficiência de
recursos orçamentários, quanto pelo falta de quadro técnico com profissionais
especializados.
Desta forma, acredita-se que a utilização dos consórcios públicos como
instrumento da gestão associada no setor de saneamento representa um avanço na
política de cooperação intergovernamental, e que a contratação de um consórcio
público na área pode trazer benefícios, por exemplo, a racionalização do uso
dos recursos destinados ao planejamento, regulação, programação, fiscalização e
consecução dos objetivos comuns contratados (CHIECO, 2011).
A partir da literatura sobre o
tema constata-se que a constituição de consórcios públicos para a prestação de
serviços de resíduos sólidos é uma alternativa viável e relevante face às
exigências do atual cenário de saneamento básico, mas que ainda precisa avançar
considerando-se a estatística para o país.
Segundo dados do Sistema Nacional
de Informações sobre Saneamento (SNIS), existem 80 consórcios públicos que
contemplam a questão dos resíduos sólidos no Brasil, sendo 8 no Paraná, entre
os quais o Consórcio Intermunicipal para
Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos – CONRESOL, que abrange Curitiba e
municípios da Região Metropolitana de Curitiba
(BRASIL, 2012b). No entanto, esta pesquisa observou
que na prática o número de consórcios intermunicipais de resíduos sólidos
efetivamente atuantes é muito menor do que dados oficiais apontam.
A problemática da gestão dos
resíduos sólidos conciliada com as exigências impostas aos municípios pela
legislação aplicável indicam que os consórcios públicos representam uma
alternativa para a superação do desafio de compatibilizar demandas do setor com
pouca disponibilidade orçamentária e quadro técnico insuficiente, e melhorar
indicadores, por exemplo, da disposição adequada em aterros sanitários, que no
Brasil alcança pouco menos de 60% e no Paraná 70% (ABRELPE, 2012).
Desta forma, este trabalho se justifica pela importância em compreender
os possíveis motivos que desfavorecem a formação de novos consórcios nessa
área, de modo a apresentar recomendações que fortaleçam a proposta de
consórcios públicos de resíduos sólidos, e ao mesmo tempo contribuir com
pesquisas afins.
Neste contexto, a questão problema
desta pesquisa é: por que a formação de consórcios públicos intermunicipais de
resíduos sólidos ainda não se consolidou no Paraná?
Assim, ao responder o
questionamento, é possível disponibilizar elementos que contribuam para a
formação de novos consórcios públicos de resíduos sólidos, bem como, fortalecer
as discussões sobre o tema.
Para tanto, esta
dissertação está estruturada em 6 capítulos, a saber: o capítulo 1 apresenta o
tema e os objetivos da pesquisa. O capítulo 2 contém a revisão de literatura,
com as definições e classificação dos resíduos sólidos; aborda as questões de
gestão dos resíduos, comenta aspectos de consumo e geração de resíduos sólidos,
etapas do gerenciamento de resíduos, sintetiza o cenário dos resíduos sólidos
no Brasil e no Paraná; contempla os aspectos legais a partir da Lei de
Consórcios Públicos, da Lei de Saneamento Básico e da Política Nacional de
Resíduos Sólidos. O capítulo 3 refere-se ao material e métodos empregados,
apresenta a definição da amostra, a qual abrange um grupo de municípios não
consorciados e o grupo dos municípios do CONRESOL, e descreve os procedimentos
utilizados na pesquisa. Os resultados são apresentados no capítulo 4:
levantamento dos consórcios de resíduos sólidos no Brasil; caracterização do
grupo de municípios integrantes do CONRESOL e do grupo de municípios não
consorciados; análise dos indicadores de resíduos sólidos dos dois grupos
pesquisados; e resultados da pesquisa de campo. No capítulo 5 discute-se os
resultados e no capítulo 6 apresenta-se a conclusão do estudo, com
recomendações para a formação de novos consórcios públicos de resíduos sólidos
no Paraná”.
A discussão em torno da
temática dos resíduos sólidos “torna-se cada vez mais presente na pauta mundial
de discussões sobre meio ambiente e saneamento básico. O problema da gestão e
do gerenciamento dos RSU no Brasil, além da questão ambiental e de saúde
pública, constitui um desafio imposto pela legislação aos municípios de todos
os portes. Principalmente aos municípios com até 30 mil habitantes, que
representam mais de 80% do país, o que requer investimento e capacitação dos
quadros técnicos das prefeituras.
Os municípios são obrigados a compatibilizar
diferentes demandas dos diversos setores, por exemplo, saúde, educação,
trabalho, com recursos escassos, pois a municipalização não está sincronizada
com a disponibilidade orçamentária. As responsabilidades que eram da União e
dos estados foram delegadas aos municípios pela Constituição de 1988, porém os
repasses de recursos financeiros para esses fins ainda não são suficientes.
Desta
forma, a proposta de consórcios públicos de resíduos sólidos representa uma
alternativa para os municípios atenderem às exigências previstas nas Leis n.
11.445/2007 e n. 12.305/2010, bem como, demais legislações aplicáveis. No
entanto, esta forma de arranjo institucional para resíduos ainda não está
consolidada, conforme o levantamento realizado. Ademais, há pouca informação
sobre o número de consórcios de resíduos sólidos efetivamente estabelecidos no
país, onde estão estes consórcios, e qual o objeto específico de tais
consórcios.
Entende-se
que a construção de um mapeamento mais preciso dos consórcios públicos de
resíduos sólidos seria o primeiro passo para estabelecer a troca de
experiências e consequentemente fomentar a implantação de novos consórcios de
resíduos no Brasil. É verdade que na esfera federal elaboraram-se alguns materiais
de orientação aos municípios os quais estão disponíveis em sites do governo, que pode ser considerada uma iniciativa
importante, mas ainda falta muito a fazer para que os municípios tenham acesso
às informações e orientações sobre consórcios públicos, principalmente se for
considerada a estrutura de tecnologias de informação e a falta de equipes
técnicas na maioria dos municípios.
Quanto à
pesquisa da literatura do tema, é consensual que o consórcio público para a
prestação de serviços de resíduos sólidos possibilita investimentos que o
titular do serviço, no caso o município, no geral não tem condições de
realizar. Conforme Chieco (2011), entre os benefícios cita-se: racionalização
do uso dos recursos, consolidação das peculiaridades regionais na execução dos
serviços comuns, aumento nos investimentos regionais, auxílio entre os entes
consorciantes para atender às demandas locais ou regionais, entre outros.
Acrescente-se que não foi encontrado material apontando desvantagens para o
consorciamento na área de resíduos.
Além disso, a solução regional representa ganho no custo de
investimentos e de operação com o compartilhamento de instalações, e ao mesmo
tempo, é conveniente aos municípios que têm dificuldades para operar sozinhos
um aterro sanitário (BRASIL, 2010b).
Sobre a formação de consórcios públicos de resíduos sólidos,
no caso do CONRESOL, a pesquisa indicou que a iniciativa do município foi
fundamental para o processo (55% das respostas), seguida do convite de outro
município (27% das respostas), ou seja, o consórcio não funciona de forma
imposta, se viabiliza por meio de um processo de negociação entre os
municípios. Esta negociação enfrenta diversos impasses, principalmente devido a
diferenças políticas, partidárias, demais interesses e conflitos que possam
existir, em especial, a definição de área para a disposição final dos resíduos.
Quanto ao ritual jurídico para a implantação do consórcio
público, a pesquisa com o grupo consorciado mostrou que 75% dos municípios
pesquisados demoraram menos de um ano para formalizar a participação. O que
permite inferir que após a negociação entre os municípios, o prazo do trâmite
burocrático não representa um entrave, portanto, pode-se afirmar que o processo
previsto para a formalização dos consórcios públicos representa muito mais
segurança jurídica do que morosidade.
Todavia,
no grupo dos municípios não consorciados revelou-se que mais da metade dos
municípios não conhece os instrumentos legais de um consórcio público, o que
indica a necessidade de orientação e capacitação sobre o assunto, o que pode
ser realizado via esfera federal por meio de um plano intenso e abrangente para
atender esta demanda.
Em relação aos custos é pertinente comentar
que inicialmente o município despenderá um valor maior, que ao longo do tempo
será compensado em função da economia de escala. A maior vantagem sob a forma
consorciada é a viabilização da disposição adequada. Acrescente-se que os
municípios consorciados têm prioridade na obtenção de recursos de financeiros,
conforme prevê a Lei n. 12.305/2010.
A pesquisa
indicou para o grupo de municípios consorciados o aumento das despesas com
resíduos. Este incremento é resultado da disposição adequada, ou seja, era mais
barato dispor inadequadamente, porém, os custos dessa disposição inadequada se
perpetuam no tempo pelos impactos ambientais, sociais e de saúde pública que
causam, tornando a contabilização desses passivos ambientais algo muito
complexo. Também vale comentar a indisponibilidade de estudos econômicos da
situação dos municípios consorciados antes da assinatura do Protocolo de
Intenções, para uma avaliação econômica que ateste a vantagem do consórcio sob
este aspecto.
Quanto à comparação sobre o manejo de resíduos sólidos entre
o grupo de municípios consorciados e não consorciados, nas categorias coleta
seletiva, coleta de resíduos especiais, discussão sobre mecanismos de logística
reversa, existência de centrais de triagem e separação de resíduo orgânico, não
há disparidade nos resultados. Os resultados do grupo consorciado não são
significativamente melhores porque o consórcio não influencia diretamente estes
indicadores, uma vez que, o escopo do CONRESOL abrange somente tratamento e
disposição final dos resíduos sólidos.
Em relação
à análise dos indicadores de resíduos disponibilizados no SINIR, para comparar
o grupo de municípios consorciados ao grupo de municípios não consorciados.
Conforme descrito no capítulo anterior, com base nos resultados das médias
calculadas não é possível afirmar que o grupo do CONRESOL apresenta superioridade
de desempenho nos indicadores selecionados, quando comparado ao grupo de
municípios não consorciados. Todavia, um banco de dados desses indicadores é
extremamente útil por compor uma série histórica, e permitem, no futuro,
correlações com ações de gestão e gerenciamento de resíduos dos municípios,
para fins de planejamento do setor.
A pesquisa
demonstrou a importância do consórcio público de resíduos sólidos para a
viabilização da disposição adequada, ao evidenciar o CONRESOL, que representa
um terço da população do Paraná, com disposição adequada. Acrescente-se que o
CONRESOL possui um planejamento para a implantação de um sistema regionalizado
de tratamento e disposição final, a planta denominada Sistema Integrado de
Processamento e Aproveitamento de Resíduos (SIPAR), que foi objeto de
discussões judiciais e aguarda novo procedimento licitatório.
Em
contrapartida, no grupo de municípios não consorciados 30% realizam disposição
inadequada, e mesmo aqueles que dispõem seus resíduos em aterros sanitários
devem preocupar-se com a vida útil desses aterros, considerando a tendência
crescente na geração de resíduos e as exigências para licenciamento ambiental
de novas áreas.
Quanto ao aumento
na geração de resíduos sólidos, destaque-se a importância da implantação de
programas de educação ambiental contínua e programas de comunicação e
mobilização social, como forma de estímulo à institucionalização do conceito de
sustentabilidade por parte da população, para que esta busque modificar hábitos
de consumo e assuma suas responsabilidades, especialmente, em relação à correta
separação e destinação dos resíduos recicláveis. A separação na fonte geradora,
com a destinação adequada, fortalece a cadeia da reciclagem e implica na
redução da quantidade de resíduos dispostos em aterros.
Em suma,
entre os municípios do grupo não consorciado, mesmo aqueles que realizam a
disposição adequada serão obrigados a repensar a gestão e o manejo de resíduos
sólidos que geram em um futuro próximo e a partir de um cenário adverso, com a
busca por novas áreas para disposição, tecnologias adequadas e recursos
financeiros limitados, uma vez que, a Lei n. 12.305/2010 implicou em exigências
que requerem mais investimentos dos municípios nessa área.
Acrescente-se
que, se por um lado um aterro que atenda uma população maior possa ter uma
diminuição de vida útil, em decorrência de um maior número de municípios que
passam a realizar a disposição final no local, o compartilhamento de custos
pode melhorar os processos de reutilização e reciclagem, bem como, viabilizar o
investimento em outras tecnologias de tratamento”. (Trechos extraídos da
dissertação)
Após a elaboração
supervisionada deste trabalho, evidentemente o mesmo tornou-se monografia que
poderá ser consultada pelos estudiosos no assunto. Todavia, a mensagem maior é
para todos os colegas da Sanepar como incentivo ao auto-desenvolvimento e a
persistência na luta para não abandonar seus objetivos pessoais de mais
conhecimento, mais cultura e mais aprimoramento técnico e pessoal, como fator
de elevação do nível interpessoal na empresa.
Cada um que fique atento para sua qualificação, pois não
haverá lugar para quem esmorecer e parar, esperando que o mundo passe por sua
porta. A acomodação acaba com o indivíduo, sua determinação, sua identidade,
mata sua alma, esbagaceia a vida e compromete o futuro.
Na seqüência vem a insatisfação e
o negativismo e logo uma espécie de negativo coletivo. Os momentos nacionais e
estaduais com sua variação política e instabilidade constituem terreno fértil
para que o indivíduo esqueça a perspectiva positiva, tais as incertezas e
também a fraqueza em que se meteu. Sim, onde se meteu devido a sua falta de
pro-atividade? Meteu-se na mediocridade de não suportar ver os outros colegas
estudar, crescer; na pitada do comunismo interno de pensar que todas as pessoas
são iguais; na ilusão de pensar que ninguém pode se mover para cima para que
não fique por baixo ou isolado no nível em que parou e numa exposição
desagradável; na insatisfação, como raiz de sua acomodação e medo; no vício de
culpar a empresa e os outros como muro das lamentações; há muito tempo deixou
de perguntar o que aprendeu durante a semana e deixou de se incomodar em
receber o nada como resposta. Abandonou-se às tarefas rotineiras e ao dia a
dia, esperando as horas passarem na frente do computador. Afinal, o salário vem
no final do mês de qualquer modo.
E diga-se o autodesenvolvimento
não se restringe a aprimoramento técnico. Há cargos onde não há mais tal
atrativo, mas há muitos outros campos de interesse que podem ser adentrados com
a finalidade de aprimoramento pessoal como ser humano. É este o maior ideal,
procurar crescer como pessoa, como Ser, procurando esclarecimento contínuo em busca da consciência como
indivíduo. Disto, aproveita-se o funcionário,
a empresa, a esposa, os amigos, a família e a sociedade. A sabedoria e o
aprimoramento nas relações humanas é um grande avanço para a sociedade e
depende do interesse individual. Isto já melhora em muito o clima e o
relacionamento entre as pessoas na empresa, diminuindo os efeitos do
individualismo e do materialismo reinante, com efeito prático em prol da
amizade e cordialidade ou no mínimo mais respeito. Já seria um grande passo humano para curar muitos da falta de
ética, da falsidade e do espírito de “traíra” que muitos cultuam como
“independência”, mas que não passa de camuflado egoísmo e expressão da frieza
da materialização e coisificação do Próximo.
Com maior possibilidade de
discernimento advindo dos estudos, haverá para cada um mais crítica,
auto-crítica e possibilidades de estar consciente da realidade e dos rumos a
tomar. As tarefas da empresa nunca serão feitas só para contentar o chefe e
colegas, mas para a empresa em si, porque esta está acima de todos seus
passageiros no tempo. Não é uma empresa de embalagens, bebidas e veneno etc, é
empresa de saúde, de bem–estar, de redução da miséria, doenças e mortalidade
infantil. Vale a pena dedicar-se a isto com qualidade pessoal.
E é bom lembrar que a Sanepar está
no limiar de enfrentar uma das suas maiores evasões de capacidades técnicas e
pessoais, pois a partir possivelmente de 2015, muitos profissionais de
experiência poderão se aposentar e surgirá um gap técnico e gerencial.
Haverá uma grande oportunidade para a gente nova que permanecer na empresa.
É bom se manter acordado. O mundo
não pára e a empresa vai se ajustando às necessidades do setor de saneamento.
Mira o futuro e vive do presente. Muitas oportunidades serão criadas, mas
haverá exigência de qualificação e aprimoramento técnico. Não haverá lugar para incompetentes e
protegidos políticos que não correspondam com trabalho e qualidade.
Cada um que se preocupe em fazer a
diferença, chocar o senso comum instalado e mudar o ambiente de trabalho para
um novo clima de progresso pessoal e coletivo. Cada um pode ser um bom agente
de mudança positiva para acabar com as forças da mesmice e da monotonia de
gastar horas cheias olhando o computador com coisas vazias.
Em todo local de trabalho há
sempre uma coleção de tipos humanos. Haverá os tarefeiros, seguidores e haverá
os pensadores e idealizadores. Há problema quando o equilíbrio é ameaçado e os
tarefeiros conseguem dominar o ambiente e estabelecer padrões medíocres de
relacionamento, quase sempre voltados à proteção de seu umbigo e status quo, o
qual desejam seja imutável, impedindo o
desenvolvimento das ideais de crescimento coletivo e individual. É certo
que pessoas sem cultura geral, sem uma visão ampla do processo humano de civilização,
meras seguidoras, têm muita dificuldade em desconectar o umbigo na hora de
fazer sua análise da conjuntura no mundo que as cercam. Predomina a visão
fisiológica, voltada à satisfação do básico na rotina de vida. Ganha chance o
individualismo, fica difícil o trabalho em equipe e também ver a empresa como
um esforço conjunto para obter resultados para a sociedade.
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