segunda-feira, 1 de dezembro de 2014




Aos leitores do Blog Advesane.
 
A todos, que em todo este 2014, usaram  seus esforços como seres humanos, sua fé, esperança e determinação para continuar a acreditar em si, em algo e na vida. A todos que viveram os altos e baixos da nacionalidade, quer como canoas, barcos ou iates, eu dedico 2015, como um mar a ser navegado.  
                                              
Ao mar.

O veleiro passa no mar,
catando vento
que o leve para além-mar.

Vai beirando a costa,
pegando força e energia
vai solto como gosta.

Livre, some no horizonte,
é aventura, esperança,
vejo ali dos meus sonhos a fonte.

Quem não pode imaginar o veleiro
em sua tão bela viagem
ainda tem muito de tarefeiro.

Se não pode vê-lo festejado,
chegando ao porto depois da tempestade,
está com seu poder de distração ameaçado.

Depois com sua vela,como nuvem branca,
majestoso sob o céu azul da manhã,
vai partindo em velocidade branda.

Vai pronto para enfrentar os sete mares,
em aventuras e desventuras
para aportar em diferentes lugares. 

Onde chegar será sobrevivência,
será da constância o exemplo,
da determinação a  bela  essência .

É assim que, de ano para ano, cada Ser é ou deveria ser como se fosse este veleiro; enfrenta ondas e mares que só ele sabe o que passou, mas quando se apresenta a uma outra pessoa dificilmente transparece as agruras e as vitórias de sua viagem, a menos que tenha a oportunidade de falar.  Somente abstraindo-se de seu próprio umbigo egoísta e com empatia, alguém encontra possibilidade de olhar sua face e ali desvendar as marcas do tempo e retraçar, em dedutiva aventura, a saga do viver e do conviver do Próximo.
Para todos que viveram 2014, com seus altos e baixos, desejo Feliz Natal. Coloque a bordo os melhores marujos: o da Amizade, o da Honestidade, o da Compaixão, o do Pensamento Positivo, o do Otimismo, o da Ética e do Trabalho. Trace o rumo , vá ao mar de 2015 com as velas enfunadas. Não importando os ventos e a tempestade, sempre haverá uma amanhã melhor. Olhe o horizonte e imagine-se ao final de mais uma viagem, chegando a um porto onde poderá encontrar o grande amor ou preservar o que já tenha encontrado, por em prática seus planos de vida, aprimorar-se e procurar virtude e crescimento.
Em dezembro , que seu veleiro repouse no porto e possa partir para 2015 com dignidade e muito sucesso. Que os mares e ventos sejam bons e ao final do ano, seja igualmente fácil identificar na face que a viagem não deixou marcas de expressão, a não ser a de um sorriso de alegria e satisfação de saber que ainda pode velejar.       
Cada um de nós faz parte da saga humana nesta parte do mundo em sua época. Queiramos ou não, fazemos com nosso navegar, um modo de viver e convier que registra a marca de nossa geração e existência.
Para quem ainda não pode deixar de ser calculista, frio,  interesseiro, e que com sua canoa de um remo só, está tão confiante em seu potencial e ainda impercebível solidão, é bom lembrar que um dia entenderá que se desejar ser veleiro, jamais poderá navegar sozinho, pois caso deseje ter  mesmo resultado,  dependerá da conjugação de esforços, da união de todos, para que sua presença no porto seja a estampa de uma grande harmonia e cooperação.  Mais vale um veleiro chegando ao porto do que uma canoa solitária, desistindo do mar, sendo forçada a voltar para sua praia.
Velejar é sempre um ato de convivência, de cooperação, para chegar a um destino com bons resultados: o porto, sua significação e a felicidade.
Para quem não tiver adquirido a consciência sobre os malefícios do materialismo e individualismo egoístico, há a chance de perguntar-se: Tenho sido um veleiro  ou uma canoa? Até onde irei sendo o que sou? Sendo frio, calculista e levando o relacionamento com as pessoas só como interesse do meu umbigo, até onde irei com minha solitária canoa? Aliás, pergunte se onde está só há canoas ou se todas as canoas estão ali iludidamente pensando ser um veleiro?     

Odilon Reinhardt. 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014




Sementes plantadas.  

Há mais de 5 anos atrás, a Universidade de Stuttgart na Alemanha, estava dando palestras na Universidade Federal do Paraná e Pedro Franco de Carvalho, engenheiro da Sanepar, fazendo mestrado, fez a aproximação dos professores da Universidade de Stuttgart com a Sanepar. Assim, vários professores e técnicos compareceram à Sanepar para uma breve apresentação dos trabalhos da Universidade no campo do tratamento do esgoto sanitário.
Da aproximação feita e como resultante do interesse da Sanepar neste campo, começaram as tratativas para um convênio de cooperação, enquanto os professores de Stuttgart continuariam ministrando aulas de mestrado no Paraná.
Houve imediato interesse de profissionais da Sanepar em fazer o mestrado, tendo surgido então um grupo de profissionais que, durante o período de estudos, pôde viajar para a Alemanha. Após a viagem, o mestrado continuou e os profissionais empenharam-se com seus orientadores para seguir a programação com rumo à aprovação final.
Assim, desde 2008 foram iniciadas as atividades do Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano e Industrial (MAUI), do qual participaram alguns saneparianos.
Da turma de 2012, Priscila Alves dos Anjos, da Sanepar, foi a primeira a conseguir qualificação para defender seu trabalho perante a banca de examinadores, após muito esforço e também compreensão familiar, tendo concluindo assim o mestrado no início de agosto deste ano.
Não foi nada fácil cumprir as exigências resultantes das revisões feitas pelos orientadores, o que exigia horas e horas de muita dedicação.  Nasceu assim o trabalho denominado: “CONSÓRCIOS PÚBLICOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO PARANÁ”, dissertação, apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Meio Ambiente Urbano e Industrial, do Programa Internacional de Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano e Industrial, Setor de Tecnologia, da Universidade Federal do Paraná, em parceria com o SENAI/PR e a Universität Stuttgart, Alemanha, tendo por orientador o Dr. Klaus Martin Fischer  e co-Orientadora: Dra. Karen Juliana do Amaral.
É assim que sementes do passado como estas são plantadas e em terreno fértil dão resultado. Fernando Massardo e Loraine Bender, empregados da Sanepar, estão envolvidos no mesmo mestrado e são exemplos de esforço e dedicação.
Todos são exemplos de gente que não se deixa acomodar e vai à luta, para estudar e progredir. Estão alertas quanto às forças da acomodação e da mesmice das tarefas que acabam derrotando as energias do indivíduo na empresa. É normal que o trabalho da empresa torne-se rotineiro e acabe cegando os profissionais encurtando-lhes o horizonte.  É também importante saber destruir esta normalidade, com criatividade, interesse diversificado, inclusive o de contrariar a normalidade e ir além do lugar comum.  
Manter o espírito de autodesenvolvimento que fez cada um entrar para a empresa com seus projetos pessoais torna-se imprescindível. É missão de cada um encarar o desafio de não se deixar morder pela mediocridade que nasce geralmente no ambiente empresarial, que é voltado para as tarefas diárias, repetitivas, limitadas e que muitas vezes não preenchem todas as horas disponíveis.
É fácil ser picado pela desmotivação e culpar os outros, quando no caso da negligência com seu próprio preparo e atualização decorreu da própria pessoa que se deixou levar pelo cordão de Maria-vai-com-as- outras na fileira da acomodação.
Evidentemente muitas são as realidades pessoais que podem dificultar a volta ou a manutenção dos estudos ou a difícil missão de enfrentar uma pós–graduação ou um mestrado, mas a vontade e o objetivo são aspectos poderosos da vida.
Um bom motivo para que se comece a pensar neste assunto é tomar o exemplo de colegas e pensar também no Plano de Carreira Técnica que prevê altos salários para quem tiver mestrado, etc. É uma razão prática que pode ser utilizada também.
O fato é que pessoas estudando e se aprimorando criam na empresa um ambiente de um nível mais elevado e contribuem muito para a elevação das conversas entre colegas na empresa. O nível intelectual aumenta e a empresa ganha muito em ambiente.
Não devemos esquecer que na Sanepar há vários setores técnicos onde há pessoas de alto nível e que foram atrás de seus objetivos pessoais porque durante a duração do vínculo laboral não se deixaram matar pela monotonia e mesmice das tarefas rotineiras. Ubaldo Stier, na área operacional, inventava ferramentas inéditas; Alfredo Richter inventava estações de tratamento; Cleverson Vitório Andreoli escreve livros e é uma pessoa reconhecida mundialmente na área de tratamento de lodo de esgoto, Ary Haro dos Anjos escreve livros e é muito reconhecido tecnicamente, Julio Espínola sempre foi um ser pensante e muito mudou a empresa e assim há muitas pessoas de talento que não se deixaram acomodar.  Muitos profissionais de Engenharia graduaram-se em Direito e Administração procurando o aprimoramento complementar numa demonstração de esforço muito grande.  E não se pode esquecer os inúmeros empregados que nem tinham curso superior e já trabalhando na Sanepar fizeram curso superior, procurando melhor capacitação pessoal. 
O trabalho de Priscila Alves dos Anjos será referência nacional neste momento em que o país desperta para a importância dos resíduos sólidos. A figura do Convênio é apropriada para marcar a união conjunta de forças em busca de um progresso sustentável. 
 
Um breve resumo da dissertação foi colocado nos seguintes termos:

“Os atuais padrões de consumo desafiam os limites de sustentabilidade do nosso planeta, o aumento crescente da geração e complexidade dos resíduos, e uma legislação cada vez mais rígida, exigem sistemas mais eficientes de gestão, resultando em custos mais altos para a prestação dos serviços correlatos. Além disso, o gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos urbanos pode causar sérios problemas ambientais, de saúde pública, e constitui um desafio aos municípios. O Consórcio Público se apresenta como uma alternativa viável para atendimento às exigências do cenário de saneamento básico, mas que ainda não se consolidou. O objetivo geral desta pesquisa é analisar o processo de formação de novos consórcios públicos intermunicipais de resíduos sólidos urbanos, sob os aspectos de gestão, manejo e indicadores, utilizando como estudo de caso o Estado do Paraná. Os objetivos específicos compreendem realizar um levantamento de consórcios públicos de resíduos sólidos em operação no Brasil e no Paraná; caracterizar o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos – CONRESOL; comparar os indicadores de resíduos sólidos do grupo de municípios do CONRESOL e de um grupo de municípios paranaenses não consorciados; apontar vantagens e dificuldades na formação de consórcios públicos de resíduos sólidos. A metodologia baseou-se em pesquisa bibliográfica e de campo. Primeiramente foram mapeados os consórcios públicos de resíduos implantados no Brasil. Posteriormente foi selecionada a região sul e o estudo de caso focado no Paraná. Na definição da amostra selecionou-se o grupo de municípios do CONRESOL e um grupo de municípios não consorciados e pertencentes a outras regiões metropolitanas do Paraná. Foram aplicados questionários para representantes do CONRESOL e dos municípios não consorciados, contemplando aspectos sobre a formação de consórcios públicos, gestão e manejo de resíduos, e indicadores. Entre os resultados pode-se apontar a iniciativa do município como fundamental no processo; o trâmite jurídico para a implantação do consórcio representando mais segurança jurídica do que um empecilho; e a viabilização da disposição adequada a maior vantagem na formação de um consórcio. As dificuldades apresentadas para a formação de novos consórcios foram questões político partidárias, conflitos, interesses e a questão econômica. As principais recomendações são: delegar a instituições com atuação regional o papel de fortalecer a proposta de consórcios públicos; disponibilizar subsídios financeiros para viabilização de projetos e custos iniciais para a implantação de aterros sanitários compartilhados; e capacitar quadros funcionais dos municípios. As recomendações apresentadas para o Paraná são aplicáveis em outros estados, a partir do entendimento que o consórcio público é um modelo de gestão adequado e viável para que os municípios possam superar os desafios de gestão e manejo de resíduos sólidos urbanos.”
A introdução foi escrita para indicar que “o desenvolvimento econômico, a urbanização e o aumento dos padrões de consumo indicam o crescimento tanto na quantidade quanto na complexidade dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), contribuindo para o agravamento de problemas sanitários. Os avanços da industrialização e do consumo refletem o aumento na geração de RSU em todo o mundo, desafiam os limites de sustentabilidade do nosso planeta pelos impactos ambientais que causam, e conciliados com uma legislação cada vez mais rígida exigem sistemas mais eficientes de gestão, resultando em custos mais altos para a prestação de serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
É fato que o lixo depositado em locais inadequados causa contaminação do solo, ar e água; proliferação de vetores transmissores de doenças; entupimento de redes de drenagem urbana, favorecendo a ocorrência de enchentes; degradação do ambiente; depreciação imobiliária; e ocorrência de doenças.
O gerenciamento dos RSU, desde sua produção, coleta e disposição final, representa um grande desafio aos municípios e à sociedade de modo geral. O tema limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos destacam-se no cenário nacional e nas comunidades locais, pelos aspectos ligados à saúde pública, pela crescente contaminação hídrica e pelas questões sociais ligadas aos catadores (MONTEIRO, 2001).
De acordo com Batista (2011c) pode-se afirmar que a figura do Consórcio Público, consolidada pela Lei de Consórcios Públicos (BRASIL, 2005), busca responder aos desafios das cidades, em especial dos pequenos municípios, uma vez que, seu objetivo é ampliar a capacidade de gestão municipal e a disponibilidade de recursos para melhorar a prestação de serviços, e também pelo fato de sua estrutura permitir a interação entre diversos atores – Estado, União, iniciativa privada e sociedade de modo geral.
O federalismo cooperativo previsto na Lei de Consórcios Públicos se apresenta como um instrumento para equacionar problemas enfrentados pelas Administrações Públicas, dentre os quais, a prestação de serviços de manejo de resíduos sólidos municipais - coleta, transporte, transbordo, tratamento e disposição final do lixo doméstico, conforme diretrizes da Lei n. 12.305/2010 (BRASIL, 2010f).
Acrescente-se que, a Lei n. 12.305/2010 (BRASIL, 2010f) prevê a redução na geração de resíduos e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos. Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos; cria metas para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nas esferas nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e municipal; além de impor aos particulares a elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Considerando-se as diretrizes da Lei n. 12.305/2010, de forma resumida apontam-se sete medidas que impactarão a forma de tratar a questão do “lixo” no Brasil: Logística Reversa; Fim dos Lixões; Planos Municipais; Responsabilidade Compartilhada; Cooperativas de Catadores; Financiamento para Consórcios Intermunicipais e Novas Tecnologias (BELO, 2011). No entanto, a maioria dos municípios enfrenta dificuldades para atender aos novos paradigmas estabelecidos, tanto pela insuficiência de recursos orçamentários, quanto pelo falta de quadro técnico com profissionais especializados.
Desta forma, acredita-se que a utilização dos consórcios públicos como instrumento da gestão associada no setor de saneamento representa um avanço na política de cooperação intergovernamental, e que a contratação de um consórcio público na área pode trazer benefícios, por exemplo, a racionalização do uso dos recursos destinados ao planejamento, regulação, programação, fiscalização e consecução dos objetivos comuns contratados (CHIECO, 2011).
A partir da literatura sobre o tema constata-se que a constituição de consórcios públicos para a prestação de serviços de resíduos sólidos é uma alternativa viável e relevante face às exigências do atual cenário de saneamento básico, mas que ainda precisa avançar considerando-se a estatística para o país.
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), existem 80 consórcios públicos que contemplam a questão dos resíduos sólidos no Brasil, sendo 8 no Paraná, entre os quais o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos – CONRESOL, que abrange Curitiba e municípios da Região Metropolitana de Curitiba (BRASIL, 2012b). No entanto, esta pesquisa observou que na prática o número de consórcios intermunicipais de resíduos sólidos efetivamente atuantes é muito menor do que dados oficiais apontam.
A problemática da gestão dos resíduos sólidos conciliada com as exigências impostas aos municípios pela legislação aplicável indicam que os consórcios públicos representam uma alternativa para a superação do desafio de compatibilizar demandas do setor com pouca disponibilidade orçamentária e quadro técnico insuficiente, e melhorar indicadores, por exemplo, da disposição adequada em aterros sanitários, que no Brasil alcança pouco menos de 60% e no Paraná 70% (ABRELPE, 2012).
Desta forma, este trabalho se justifica pela importância em compreender os possíveis motivos que desfavorecem a formação de novos consórcios nessa área, de modo a apresentar recomendações que fortaleçam a proposta de consórcios públicos de resíduos sólidos, e ao mesmo tempo contribuir com pesquisas afins.
Neste contexto, a questão problema desta pesquisa é: por que a formação de consórcios públicos intermunicipais de resíduos sólidos ainda não se consolidou no Paraná?
Assim, ao responder o questionamento, é possível disponibilizar elementos que contribuam para a formação de novos consórcios públicos de resíduos sólidos, bem como, fortalecer as discussões sobre o tema.
Para tanto, esta dissertação está estruturada em 6 capítulos, a saber: o capítulo 1 apresenta o tema e os objetivos da pesquisa. O capítulo 2 contém a revisão de literatura, com as definições e classificação dos resíduos sólidos; aborda as questões de gestão dos resíduos, comenta aspectos de consumo e geração de resíduos sólidos, etapas do gerenciamento de resíduos, sintetiza o cenário dos resíduos sólidos no Brasil e no Paraná; contempla os aspectos legais a partir da Lei de Consórcios Públicos, da Lei de Saneamento Básico e da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O capítulo 3 refere-se ao material e métodos empregados, apresenta a definição da amostra, a qual abrange um grupo de municípios não consorciados e o grupo dos municípios do CONRESOL, e descreve os procedimentos utilizados na pesquisa. Os resultados são apresentados no capítulo 4: levantamento dos consórcios de resíduos sólidos no Brasil; caracterização do grupo de municípios integrantes do CONRESOL e do grupo de municípios não consorciados; análise dos indicadores de resíduos sólidos dos dois grupos pesquisados; e resultados da pesquisa de campo. No capítulo 5 discute-se os resultados e no capítulo 6 apresenta-se a conclusão do estudo, com recomendações para a formação de novos consórcios públicos de resíduos sólidos no Paraná”.
A discussão em torno da temática dos resíduos sólidos “torna-se cada vez mais presente na pauta mundial de discussões sobre meio ambiente e saneamento básico. O problema da gestão e do gerenciamento dos RSU no Brasil, além da questão ambiental e de saúde pública, constitui um desafio imposto pela legislação aos municípios de todos os portes. Principalmente aos municípios com até 30 mil habitantes, que representam mais de 80% do país, o que requer investimento e capacitação dos quadros técnicos das prefeituras.
Os municípios são obrigados a compatibilizar diferentes demandas dos diversos setores, por exemplo, saúde, educação, trabalho, com recursos escassos, pois a municipalização não está sincronizada com a disponibilidade orçamentária. As responsabilidades que eram da União e dos estados foram delegadas aos municípios pela Constituição de 1988, porém os repasses de recursos financeiros para esses fins ainda não são suficientes.
Desta forma, a proposta de consórcios públicos de resíduos sólidos representa uma alternativa para os municípios atenderem às exigências previstas nas Leis n. 11.445/2007 e n. 12.305/2010, bem como, demais legislações aplicáveis. No entanto, esta forma de arranjo institucional para resíduos ainda não está consolidada, conforme o levantamento realizado. Ademais, há pouca informação sobre o número de consórcios de resíduos sólidos efetivamente estabelecidos no país, onde estão estes consórcios, e qual o objeto específico de tais consórcios.
Entende-se que a construção de um mapeamento mais preciso dos consórcios públicos de resíduos sólidos seria o primeiro passo para estabelecer a troca de experiências e consequentemente fomentar a implantação de novos consórcios de resíduos no Brasil. É verdade que na esfera federal elaboraram-se alguns materiais de orientação aos municípios os quais estão disponíveis em sites do governo, que pode ser considerada uma iniciativa importante, mas ainda falta muito a fazer para que os municípios tenham acesso às informações e orientações sobre consórcios públicos, principalmente se for considerada a estrutura de tecnologias de informação e a falta de equipes técnicas na maioria dos municípios.
Quanto à pesquisa da literatura do tema, é consensual que o consórcio público para a prestação de serviços de resíduos sólidos possibilita investimentos que o titular do serviço, no caso o município, no geral não tem condições de realizar. Conforme Chieco (2011), entre os benefícios cita-se: racionalização do uso dos recursos, consolidação das peculiaridades regionais na execução dos serviços comuns, aumento nos investimentos regionais, auxílio entre os entes consorciantes para atender às demandas locais ou regionais, entre outros. Acrescente-se que não foi encontrado material apontando desvantagens para o consorciamento na área de resíduos.
Além disso, a solução regional representa ganho no custo de investimentos e de operação com o compartilhamento de instalações, e ao mesmo tempo, é conveniente aos municípios que têm dificuldades para operar sozinhos um aterro sanitário (BRASIL, 2010b).
Sobre a formação de consórcios públicos de resíduos sólidos, no caso do CONRESOL, a pesquisa indicou que a iniciativa do município foi fundamental para o processo (55% das respostas), seguida do convite de outro município (27% das respostas), ou seja, o consórcio não funciona de forma imposta, se viabiliza por meio de um processo de negociação entre os municípios. Esta negociação enfrenta diversos impasses, principalmente devido a diferenças políticas, partidárias, demais interesses e conflitos que possam existir, em especial, a definição de área para a disposição final dos resíduos.
Quanto ao ritual jurídico para a implantação do consórcio público, a pesquisa com o grupo consorciado mostrou que 75% dos municípios pesquisados demoraram menos de um ano para formalizar a participação. O que permite inferir que após a negociação entre os municípios, o prazo do trâmite burocrático não representa um entrave, portanto, pode-se afirmar que o processo previsto para a formalização dos consórcios públicos representa muito mais segurança jurídica do que morosidade.
Todavia, no grupo dos municípios não consorciados revelou-se que mais da metade dos municípios não conhece os instrumentos legais de um consórcio público, o que indica a necessidade de orientação e capacitação sobre o assunto, o que pode ser realizado via esfera federal por meio de um plano intenso e abrangente para atender esta demanda.
Em relação aos custos é pertinente comentar que inicialmente o município despenderá um valor maior, que ao longo do tempo será compensado em função da economia de escala. A maior vantagem sob a forma consorciada é a viabilização da disposição adequada. Acrescente-se que os municípios consorciados têm prioridade na obtenção de recursos de financeiros, conforme prevê a Lei n. 12.305/2010.
A pesquisa indicou para o grupo de municípios consorciados o aumento das despesas com resíduos. Este incremento é resultado da disposição adequada, ou seja, era mais barato dispor inadequadamente, porém, os custos dessa disposição inadequada se perpetuam no tempo pelos impactos ambientais, sociais e de saúde pública que causam, tornando a contabilização desses passivos ambientais algo muito complexo. Também vale comentar a indisponibilidade de estudos econômicos da situação dos municípios consorciados antes da assinatura do Protocolo de Intenções, para uma avaliação econômica que ateste a vantagem do consórcio sob este aspecto.
Quanto à comparação sobre o manejo de resíduos sólidos entre o grupo de municípios consorciados e não consorciados, nas categorias coleta seletiva, coleta de resíduos especiais, discussão sobre mecanismos de logística reversa, existência de centrais de triagem e separação de resíduo orgânico, não há disparidade nos resultados. Os resultados do grupo consorciado não são significativamente melhores porque o consórcio não influencia diretamente estes indicadores, uma vez que, o escopo do CONRESOL abrange somente tratamento e disposição final dos resíduos sólidos.
Em relação à análise dos indicadores de resíduos disponibilizados no SINIR, para comparar o grupo de municípios consorciados ao grupo de municípios não consorciados. Conforme descrito no capítulo anterior, com base nos resultados das médias calculadas não é possível afirmar que o grupo do CONRESOL apresenta superioridade de desempenho nos indicadores selecionados, quando comparado ao grupo de municípios não consorciados. Todavia, um banco de dados desses indicadores é extremamente útil por compor uma série histórica, e permitem, no futuro, correlações com ações de gestão e gerenciamento de resíduos dos municípios, para fins de planejamento do setor.
A pesquisa demonstrou a importância do consórcio público de resíduos sólidos para a viabilização da disposição adequada, ao evidenciar o CONRESOL, que representa um terço da população do Paraná, com disposição adequada. Acrescente-se que o CONRESOL possui um planejamento para a implantação de um sistema regionalizado de tratamento e disposição final, a planta denominada Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (SIPAR), que foi objeto de discussões judiciais e aguarda novo procedimento licitatório.
Em contrapartida, no grupo de municípios não consorciados 30% realizam disposição inadequada, e mesmo aqueles que dispõem seus resíduos em aterros sanitários devem preocupar-se com a vida útil desses aterros, considerando a tendência crescente na geração de resíduos e as exigências para licenciamento ambiental de novas áreas.
Quanto ao aumento na geração de resíduos sólidos, destaque-se a importância da implantação de programas de educação ambiental contínua e programas de comunicação e mobilização social, como forma de estímulo à institucionalização do conceito de sustentabilidade por parte da população, para que esta busque modificar hábitos de consumo e assuma suas responsabilidades, especialmente, em relação à correta separação e destinação dos resíduos recicláveis. A separação na fonte geradora, com a destinação adequada, fortalece a cadeia da reciclagem e implica na redução da quantidade de resíduos dispostos em aterros.
Em suma, entre os municípios do grupo não consorciado, mesmo aqueles que realizam a disposição adequada serão obrigados a repensar a gestão e o manejo de resíduos sólidos que geram em um futuro próximo e a partir de um cenário adverso, com a busca por novas áreas para disposição, tecnologias adequadas e recursos financeiros limitados, uma vez que, a Lei n. 12.305/2010 implicou em exigências que requerem mais investimentos dos municípios nessa área.
Acrescente-se que, se por um lado um aterro que atenda uma população maior possa ter uma diminuição de vida útil, em decorrência de um maior número de municípios que passam a realizar a disposição final no local, o compartilhamento de custos pode melhorar os processos de reutilização e reciclagem, bem como, viabilizar o investimento em outras tecnologias de tratamento”. (Trechos extraídos da dissertação)

 Após a elaboração supervisionada deste trabalho, evidentemente o mesmo tornou-se monografia que poderá ser consultada pelos estudiosos no assunto. Todavia, a mensagem maior é para todos os colegas da Sanepar como incentivo ao auto-desenvolvimento e a persistência na luta para não abandonar seus objetivos pessoais de mais conhecimento, mais cultura e mais aprimoramento técnico e pessoal, como fator de elevação do nível interpessoal na empresa.

Cada um que fique atento para sua qualificação, pois não haverá lugar para quem esmorecer e parar, esperando que o mundo passe por sua porta. A acomodação acaba com o indivíduo, sua determinação, sua identidade, mata sua alma, esbagaceia a vida e compromete o futuro.

Na seqüência vem a insatisfação e o negativismo e logo uma espécie de negativo coletivo. Os momentos nacionais e estaduais com sua variação política e instabilidade constituem terreno fértil para que o indivíduo esqueça a perspectiva positiva, tais as incertezas e também a fraqueza em que se meteu. Sim, onde se meteu devido a sua falta de pro-atividade? Meteu-se na mediocridade de não suportar ver os outros colegas estudar, crescer; na pitada do comunismo interno de pensar que todas as pessoas são iguais; na ilusão de pensar que ninguém pode se mover para cima para que não fique por baixo ou isolado no nível em que parou e numa exposição desagradável; na insatisfação, como raiz de sua acomodação e medo; no vício de culpar a empresa e os outros como muro das lamentações; há muito tempo deixou de perguntar o que aprendeu durante a semana e deixou de se incomodar em receber o nada como resposta. Abandonou-se às tarefas rotineiras e ao dia a dia, esperando as horas passarem na frente do computador. Afinal, o salário vem no final do mês de qualquer modo.

E diga-se o autodesenvolvimento não se restringe a aprimoramento técnico. Há cargos onde não há mais tal atrativo, mas há muitos outros campos de interesse que podem ser adentrados com a finalidade de aprimoramento pessoal como ser humano. É este o maior ideal, procurar crescer como pessoa, como Ser, procurando esclarecimento  contínuo em busca da consciência como indivíduo. Disto, aproveita-se  o funcionário, a empresa, a esposa, os amigos, a família e a sociedade. A sabedoria e o aprimoramento nas relações humanas é um grande avanço para a sociedade e depende do interesse individual. Isto já melhora em muito o clima e o relacionamento entre as pessoas na empresa, diminuindo os efeitos do individualismo e do materialismo reinante, com efeito prático em prol da amizade e cordialidade ou no mínimo mais respeito.  Já seria um grande passo humano para curar muitos da falta de ética, da falsidade e do espírito de “traíra” que muitos cultuam como “independência”, mas que não passa de camuflado egoísmo e expressão da frieza da materialização e coisificação do Próximo.      

Com maior possibilidade de discernimento advindo dos estudos, haverá para cada um mais crítica, auto-crítica e possibilidades de estar consciente da realidade e dos rumos a tomar. As tarefas da empresa nunca serão feitas só para contentar o chefe e colegas, mas para a empresa em si, porque esta está acima de todos seus passageiros no tempo. Não é uma empresa de embalagens, bebidas e veneno etc, é empresa de saúde, de bem–estar, de redução da miséria, doenças e mortalidade infantil. Vale a pena dedicar-se a isto com qualidade pessoal.  

E é bom lembrar que a Sanepar está no limiar de enfrentar uma das suas maiores evasões de capacidades técnicas e pessoais, pois a partir possivelmente de 2015, muitos profissionais de experiência poderão se aposentar e surgirá um gap técnico e gerencial. Haverá uma grande oportunidade para a gente nova que permanecer na empresa.

É bom se manter acordado. O mundo não pára e a empresa vai se ajustando às necessidades do setor de saneamento. Mira o futuro e vive do presente. Muitas oportunidades serão criadas, mas haverá exigência de qualificação e aprimoramento técnico.  Não haverá lugar para incompetentes e protegidos políticos que não correspondam com trabalho e qualidade.

Cada um que se preocupe em fazer a diferença, chocar o senso comum instalado e mudar o ambiente de trabalho para um novo clima de progresso pessoal e coletivo. Cada um pode ser um bom agente de mudança positiva para acabar com as forças da mesmice e da monotonia de gastar horas cheias olhando o computador com coisas vazias. 

Em todo local de trabalho há sempre uma coleção de tipos humanos. Haverá os tarefeiros, seguidores e haverá os pensadores e idealizadores. Há problema quando o equilíbrio é ameaçado e os tarefeiros conseguem dominar o ambiente e estabelecer padrões medíocres de relacionamento, quase sempre voltados à proteção de seu umbigo e status quo, o qual desejam seja imutável, impedindo o  desenvolvimento das ideais de crescimento coletivo e individual. É certo que pessoas sem cultura geral, sem uma visão ampla do processo humano de civilização, meras seguidoras, têm muita dificuldade em desconectar o umbigo na hora de fazer sua análise da conjuntura no mundo que as cercam. Predomina a visão fisiológica, voltada à satisfação do básico na rotina de vida. Ganha chance o individualismo, fica difícil o trabalho em equipe e também ver a empresa como um esforço conjunto para obter resultados para a sociedade.               

Odilon Reinhardt.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014


Tentativa, mera tentativa. 
A Nação só muda lentamente, caso contrário......


E na média chegamos, então, ao que queriam, o cidadão padronizado, seguidor, tarefeiro, sem opinião ou silenciado por falta de interlocutor?

Dia a dia segue a rotina montada para pessoas tornadas vazias, cuja conversa é tipicamente composta do relato de ações e reações operacionais. O relacionamento esvazia e a conversa não passa de um “será que vai chover?”

Triste é a prática de meros seres levados a não ter espírito crítico, levando a vida sem muito assunto, esvaziados, alimentados por coisinhas do dia a dia, sem muito além de futebol, comida e bebida, medos e aberrações do dia que convergem para a banalização de fatos absurdos. Nem se sonhe com a Nação de filósofos e intelectuais ou cientistas. Sonhe-se pelo menos com uma Pátria de pessoas que possam ser livres e possam ter as chance de se tornarem mais esclarecidas e conscientes. A Nação é construída de etapas, muito trabalho e esforço do povo, isto não implica ignorância, escravidão e cegueira programada, a menos que isto seja interessante para grupos que se apossaram do Poder e alimentam tais deficiências humanas a seu favor. Somos um gigante territorial com cérebro ainda em crescimento. Levaremos muitas gerações para passar pelo desfiladeiro que nos separa do futuro melhor para todos.

Teremos que construir com muito trabalho e suor a ponte para esta realidade. Por força da História não ficaremos ricos com ouro e prata e pedras preciosas roubadas de outros países, não teremos prêmios de  guerras de conquista, não teremos piratas a nosso favor. Teremos nosso território, nossa gente, nossa produção e nossas vendas. E estes aspectos movem-se lentamente em evolução histórica. Não haverá milagre.     

Após várias décadas de pregação insistente e perdulária, a realidade nacional produziu o cidadão médio, de todas as classes econômicas, sem muita conversa relevante, sem muita opinião, com medo de expressar, ou pior, sem palavras para expressar o que sente, se é que sente algo de bom para falar.

Mas mesmo nesta situação a que estamos todos submetidos, só há uma sensação dentro de cada indivíduo de que algo está errado e vem crescendo ao longo das décadas. Até o mais alienado cidadão sabe que algo não vai bem. Todavia, qualquer explosão não será coletiva, uniforme e ao mesmo tempo, pode até ser que em casos pontuais como na carestia, mobilidade urbana e saúde ocorram exemplos mais freqüentes de revolta coletiva, mas nada e nunca teremos uma voz só, no mesmo momento envolvendo o país inteiro. A revolta pintada de fatores pessoais e individuais será provavelmente sempre individual, a qualquer momento e voltada para o outro cidadão, numa fila, num hospital, na rua, em casa, no trabalho, na direção do carro. O desabafo do sentimento de frustração, o vulcão interno pode explodir em qualquer lugar de modo violento ou não. Trará conseqüências e tudo será considerado um episódio individual, pessoal, isolado. Dirão sempre “ o cara tinha problemas”, evitando sempre conectar o fato a qualquer problema social, nacional e consequência do que estamos vendo  formar-se já em grau mais grave. Lembrando que a depressão, o abandono pessoal, a desistência da profissão ou da vida econômica, a aposentadoria precoce e outras reações são também um modo de desistência pacífica, mas igualmente danosa para a Pátria. Se um jovem desiste do Brasil, ninguém se apercebe da sua relevância .

Dificilmente o aumento de bêbados e drogados, o aumento de acidentes do trabalho, a desistência do estudar, o abandono do curso superior etc é entendido como um problema de deterioração da malha social por influência do individualismo e do materialismo egocêntricos em que estamos sendo metidos. A falta de sensibilidade, a personalidade fria e calculista não está sendo corretamente avaliada. Sua já visível manifestação através de crimes hediondos é tida como problema individual e de família.

A maioria das ações e reações individuais não contribuem em nada para a Pátria e só criam medo e dificilmente são vistas como denunciadoras de que algo muito mais grave vem se formando e é errado. O desrespeito às características da Nação, promovido por interesses econômicos, só cria confusão de valores na mente do cidadão. Por bens materiais, as decisões passam por cima do humano. Querer implantar valores do individualismo aqui e tão rapidamente, gera aberrações em forma de violência e produzem uma sociedade de conflitos, que nem a polícia nem o Judiciário serão suficientes para solucionar.
   
Violência, radicalismo, extremismo nunca serão a solução para esta crise sem precedentes. A única saída é velha e esquecida, é a educação, a boa formação, o esclarecimento, a discussão focada através dos meios formais. Todavia, a  população ordeira, trabalhadora, honesta, tornada seguidora e tareferia, foi condicionada a esperar soluções de cima para baixo, sem sua participação, põe fé no paternalismo e delega aos seus representantes as decisões. Fica mais fácil assim e tocar a vida. Assim nasceu esta espécie de corretores do poder, os políticos. Estes metidos agora na maior crise de credibilidade da história. Entre eles, face à diversidade e à pluralidade, muitos mergulham na variação de interesses, defendem casos de todo tipo, metem-se em corrupção e esquemas para garantir o Poder e a reeleição. Novamente a população comenta à boca pequena, que entre os candidatos a escolher, não há opção, pois todos roubam, todos nada fazem. Injustos comentários, pois bons políticos os há, mas estes são boicotados porque os demais querem preservar seus esquemas dentro do poder. Serão reeleitos e tudo continuará. Os honestos entre os políticos não conseguem conter as exceções nos parlamentos e todo o legislativo é colocado em foco de exame. Mas quem são nossos políticos, senão a pura expressão do povo? Não são seres especiais, reais ou sobrenaturais, tem origem no povo, são povo, embora alguns pelo tempo de exercício político e a sua profissionalização, já   se achem reais, superiores e pertencentes, eles e suas famílias, a uma realeza virtual. Os nossos políticos são produto e correspondem à evolução do pensamento da Nação.
       
Nosso país já passou por várias crises políticas, todas teatralizadas por estudantes e algumas camadas sociais. Passaram. A crise atual é no entanto não só política, é social, econômica, e de vida em si, e tem conseqüências danosas na medida que apresenta  a perda de identidade, a fragmentação, a dissipação e substituição de valores e princípios nossos, gerando antes de tudo uma crise pessoal para cada cidadão. É esta a célula mater da Nação e dela depende tudo. Se o indivíduo enfraquece, enfraquece sua família e a Nação. Um filho drogado, um pai ou mãe bêbados, um irmão deprimido, um primo preso ou em vias de o ser, um parente que pertence ao crime desestruturam tudo e fazem a vida perder o rumo certo.

Evidentemente que nestas circunstâncias, a prática das máximas cristãs, berço de nossa civilização, tornam-se mais desacreditadas. Some a cordialidade, a educação etc e o  relacionamento entre as pessoas vai às favas. Cada indivíduo afunda num emaranhado de decepções e frustrações que o acompanham no caminho da vida, buscando uma fuga , um desabafo ou o silêncio e a desistência em suas mais amplas  formas de manifestação.

No início de nossa abrupta industrialização, São Paulo e Rio esboçaram reações à forte invasão e transformação da vida. Surgiram as gerações de 50 a 70 que iam mudar o mundo. Hoje pergunta-se o que deu daqueles jovens hippies, dos PTs de primeira hora, etc? Não deu em nada? Conseguiram o diploma ou um cargo público e engajaram-se no mesmo sistema que condenavam? Seguiram a mesma ideologia que agora vemos não dar em nada? De estudantes rebeldes passaram a ocupantes de cargos de decisão, políticos, juízes, advogados, administradores, médicos etc e sua geração tem protagonizado o pior que o país já viu , modelos destestáveis e exemplos abomináveis. 

Todos venderam seus sonhos, nada fizeram de novo e criativo, só copiaram, seguiram e ganharam posição, dinheiro, sei lá, mas nada ou muito pouco mudaram.  Isto porque o sistema é muito maior e os planos de manipulação ultrapassam o tempo de vida de um simples indivíduo. Assistiremos agora e doravante o resultado de décadas de descura, negligência e falta de patriotismo de todos que viraram corruptos, gananciosos, egoístas, materialistas e individualistas egocêntricos cuidando do umbigo em detrimento do país. As conseqüências de terem se vendido a interesses de piratas estrangeiros já são  sentidas por todos.

Foram décadas de gerações mal conduzidas, gerações enganadas, falsos modelos e ideologias erradas. Hoje quando um moleque de rua mata um empresário, altamente qualificado e responsável, já vemos que as conseqüências estão chegando à porta de casa.  Quando vemos que bárbaros depredam lojas e bancos, estamos vendo que as conseqüências estão na rua.   As ações e reações estão aí e são proporcionais ao descuido com as coisas e a alma da Nação.

Em ideologias mensais e modismos de momento, as pessoas foram sendo condicionadas, escoladas, conduzidas a substituição de sua educação em nome de um maior consumo de coisas que poderiam dar mais imposto e adoção de comportamentos doentios. Todas estas ideologias cabem hoje numa caixa de fósforo que pode explodir. Não bastou o acúmulo desvairado de Poder, dinheiro, o império político com carros, casas, fazendas e gado. Agora há um Brasil aberto e explosivo, prestes a dar frutos da plantação de todas as épocas passadas, prestes a falar sem ter palavras para exprimir o que sente, mas cujo comportamento é violento, hediondo como o do bruto bárbaro.

Estamos a conhecer a barbárie antes de conhecer a plena civilização porque todos os dias os meios de comunicação, tão úteis para todos os sistemas de marketing que condicionaram o povo, mostram quão frias, calculista e insensíveis estão as pessoas. Qualquer cidadão olha o Próximo com medo, desconfiança, procurando ali descobrir segundas intenções, que preencham seus medos. Os lares se fecham atrás de alarmes, muros, cercas elétricas, etc. As empresas gastam cada vez seu bom recurso na proteção de seus produtos, sistemas de informática e em treinamento para desfazer os comportamentos dos jovens que entram no mercado de trabalho, onde não encontram muito que corresponda a seus modos de vida e intelecto.

Se o silêncio como modalidade de reação ou ação, contra tudo isto, não explode no coletivo, na rua, o faz no relacionamento com o Próximo, no desamor, na negligência, no relaxo com tudo e todos. O comportamento indiferente ao humano reflete-se nos projetos de obras públicas, nas decisões das autoridades, nas decisões das empresas, no relacionamento entre as pessoas, na gestão privada e pública. Há um descaso como futuro, uma despreocupação com as conseqüências. Vale o aqui-agora, a transitoriedade em detrimento da vida humana e sua verdadeira consideração e qualidade. Valoriza-se a cultura baseada no hedonismo em graus jamais vistos. Vale o bem-estar e mais nada. As mensagens subliminares são: a vida é curta, curta!; não vale a pena entregar-se a nada e a ninguém; para que estudar e ser alguém; o resultado tem que ser para já.
O materialismo oficial é algo chocante e manifesto e é ele que sustenta a mídia para garantir receita tributária. Nem se duvide que o sistema capitalista é o melhor e não há outra alternativa, todavia, há selvageria quando o consumo é forçado e baseia-se em produtos desnecessário, de pouca qualidade e causa problemas de endividamento e de saúde. Como exemplo clássico, que pode demonstrar muito bem o esquema a que estamos submetidos, o cigarro com fonte de tributos  na década de 50 e o descaso com os jovens e as pessoas da época que foram levadas ao vício porque na época a mídia era paga para mostrar o charme e elegância do fumante em filmes e revistas. Décadas depois, estes fumantes morrem nos hospitais e o custo para o país é alto e coloca em crise o sistema de saúde. O fumante morre deixando sua família, seu emprego, seu futuro na Nação. Há inúmeros exemplos idênticos e nada aconteceu ou acontece aos políticos e gerações deles que ficaram ricos ao votar leis e ressalvas em textos de leis para favorecer este sistema daninho. A impunidade é algo estabelecido, pois corvo não come corvo. E hoje quantos produtos estão à venda e farão malefícios em 10 ou 15 anos? O Governo é cediço aos interesses privados, que muitas vezes não passam de atos inconseqüentes de pirataria. A lição nunca é aprendida. A Copa de 2014 revelou isso com clareza. Os pífios investimentos, inócuos para a população, nulos para a saúde, segurança e educação, só arruinaram o comércio local e causaram uma queda no PIB do trimestre, agravando o problema econômico. É assim. Não adianta avisar. Querem pagar para ver. Alguém fica rico , o Brasil mais pobre. 
           
Tudo se passa subliminarmente, enquanto o cidadão é mantido na baia de condicionamento com uma rotina estressante para tentar conseguir manter a vida e seu sustento. Um cegueira alienante.

É o fruto de uma plantação de há muito iniciada e que vem sendo irresponsavelmente mantida e alimentada com distrações promovidas pelo mundo oficial em conluio como grandes promotores da vida nacional, que manipulam e orquestram os dias como bem entendem. Haverá conseqüências maiores do que seres cegos e inconscientes como pilares da Nação?  A robotização, a perda da sensibilidade humana, o comportamento frio e calculista, o menosprezo pela vida e pelos seres humanos já tem apresentado  seus resultados danosos para todos. Ou colocar formol no leite e outras substâncias, falsificar medicamentos etc, esquartejar o marido, matar os filhos   não quer dizer nada?



A falta de crítica, a falta de criatividade, o descaso com tudo e a falta de motivação estão em todos os lugares, em casa e nas empresas. Mas como ser diferente, se o cidadão é mantido na dúvida, na rotina estafante de trabalho e apreensões, inclusive financeiras? Como querer que alguém não se concentre senão no seu próprio umbigo como última fortaleza, diante de uma permanente instabilidade? Esta lida, difícil, controlada e mantida dura, sepulta também muito talento, muitas pessoas inteligentes do país e que nunca tiveram lugar, destaque, nada, a não ser o trabalho duro. A vida, como está sendo conduzida aqui, devora muitos talentos, sepulta sonhos e mata seu futuro melhor; sacrifica a ética, a moral e faz valer o ganha-ganha a qualquer custo. O cidadão comum é colocado como adversário, inimigo comercial ou não, de seus semelhantes. 

Há um desprestígio do mérito, há o nivelamento por baixo. Uma das conseqüências imediatas é que a conversa entre as pessoas torna-se rala, vazia, cheia de mera descrição das coisinhas rotineiras e operacionais, sem muita reflexão, sem conteúdo crítico. A pá de cal em qualquer comentário mais aprofundado é dada  com a frase “ você está filosofando”, nada mais triste. Poucos são os grupos de pessoas que conversam algo com substância. Impera a mediocridade, a visão curta e o hedonismo. Tudo é voltado ao bem estar físico, a pouco fazer, ao nada pensar, à proteção do ganhar sem muito esforço, sem trabalho. Se há alguma opinião mais abalizada, é porque o umbigo está envolvido,o interesse pessoal e raramente decorre de uma visão mais geral, sistêmica, afastada dos pequenos interesses .

Este é o ambiente gerador e que vai dando exemplos à geração dos que nem trabalham, nem estudam nem nada fazem de produtivo. Que país subsiste com isto? Por quantas décadas ainda? O que dará dos cursos técnicos vazio, dos cursos de engenharia abandonados? 

Continuam a prevalecer as máximas do individualismo e do materialismo egoístico,fazendo valer o transitório, o pensar descontraído, o resultado imediato, o ganhar por ganhar, a ideologia do vagabundo hedonista, o reino da mediocridade. Tudo sob o domínio e controle de poucos grupos de Poder que em tudo mandam e programam para a já desmiolada geração de cidadãos vazios, casuais, procurando fugas e alegrias passageiras que os afastem de uma realidade triste e massacrante.

Culpado o cidadão? Culpados esses tarefeiros e seguidores? Seria leviano dizer que a culpa é totalmente da vítima e com isto excluir os idealizadores de tudo isso que os condicionam e os tornam preza fácil de uma idéia para criar facilidades de domínio e de Poder, para com isso fazer prevalecer o maior consumo de inutilidades, a aceitação popular inconteste das decisões e de tudo que lhes convier, a cegueira e a anestesia coletiva, a massificação, a robotização e o condicionamento com padrões, modelos e modas de momento em prol de comandos interesseiros , aventureiros e de piratas estrangeiros.

O cidadão comum, mesmo sob o julgo de tal situação, inconsciente parcial ou totalmente, pode não ter palavras para expressar sua indignação ou sua realidade, mas pensa. Não tem como conversar. Engole seus problemas, sufoca suas reclamações, sabendo que nada ou muito pouco acontecerá sobre os assuntos ou soluções que levantar. Silencia. Explode quando tiver oportunidade,  preferencialmente em situações que possam preservar seu anonimato. Reage assim em situações talvez bem distintas das que originaram sua revolta, ao que as ditas autoridades de momento reagem e não hesitam em caracterizar o evento como vandalismo, terrorismo ou falta de democracia.

No mais, a Nação foi mesmo condicionada a viver alienada, deixando a discussão e a solução dos temas locais e nacionais para os políticos, esperando soluções do alto. Tal aspecto cultural veio pela religiosidade e não desgruda do modo de pensar do povo, o qual fica cego e anestesiado perante o mando e o desmando das soluções descuradas. Nada ajuda. O Judiciário atolado, burocrático, ineficiente, parcial em certos casos e altamente remunerado; o Legislativo em todos os níveis confuso e sem norte; o Executivo incoerente, estrombólico, gastador e ilógico; uma classe política corrupta nadando em um sistema defasado, complexo e cheio de acordos e ajustes ; a vida social dando sinais de falta de boa referência, crescimento dos problemas de relacionamento entres as pessoas, violência familiar, dúvida dos pais sobre o que é certo ou errado neste mundo, aumento dos crimes hediondos inéditos no mundo, aumento da criminalidade e do império da droga, acúmulo de problemas que se entrelaçam dando às cidades o aspecto de falta de governabilidade e condições de vida sustentável. Os crimes domésticos e de rua já caracterizam pela quantidade uma guerra civil.

É visível que o caminho está errado. É o que resultou de décadas desse domínio inconseqüente, da falta de estudo, da falta de cultura geral, da desinformação, da guerra de mentiras virtuais, da falta de educação , da falta de esclarecimento, da falta de verdade, da falta de discernimento, da manipulação de informação, da inconsequente manipulação da mente popular,  da ignorância e do nivelamento por baixo, dos defeitos de avaliação, da falta de ciência, da falta de visão sistêmica para entender e dominar a conjuntura, o que dificulta e não facilita a vontade do cidadão de participar.  

Não há entre os cidadãos o clima para uma conversa particular para pensar, filosofar, trocar idéias, pois o que temos são cidadãos atormentados, inseguros, doentes, instáveis. Não há cultura e sapiência para isto e nem Português para expressar corretamente os sentimentos. O que impera é a conversa operacional de pessoas acostumadas ao fazer por fazer, à prática das coisas do dia a dia. Nesse ambiente nacional, não se dá valor nem se acredita mais numa conversa mais estruturada que leve as pessoas a entender nem que seja parte da  conjuntura. E mais,  há medo de saber, de estar consciente, pois se o cidadão souber onde está metido, não terá como consertar, como se livrar de tal domínio, o que poderá simplesmente redundar no fato de perder fé no que tem e nada ter em troca como alternativa de solução. Dar esclarecimento e consciência a quem está no eito pode acabar em algo mal feito. A preferência é pela ignorância e pelo não-saber como alienação consciente, inocente e pacífica para viver bem com o que tem.  A capacidade de reação positiva, a adoção de novo pensar e agir , novos caminhos, é mínima. Não há reação contra o que está ocorrendo com a Nação.  Isto dá carta branca para que se continue a fazer o que vem sendo feito. Não há mudança nenhuma a vista. Eleições vêm e passam e nada muda para melhor em termos de comportamento. Talvez surja alguma obra nova, aqui , ali, um serviço melhor por enquanto, mas isto não é mais suficiente para preencher o vazio do cidadão, o qual só pensa em fugir. Por isso para muitos continua a haver escuridão nos dias de sol. Há falta de luz interna, há dúvidas e pouca solução humana.

O Estado e seus políticos continuam a crer que as soluções materialistas e suas obras são a solução única de progresso pessoal; acreditam que uma ponte nova, uma avenida ou um estádio de futebol podem mudar o mundo e ser fonte de progresso. Mas então porque tanta violência, tantos problemas humanos nos centros urbanos? Por que só aumenta a criminalidade na industrialização? Por que as pessoas entram em depressão e deixam de estudar, trabalhar e produzir? Por que há tantos casos de conflitos pessoais e matrimoniais? Por que a família não é mais a prioridade? Não se pode entender, pois a rua está limpa, o prédio é novo, o carro é O KM e de luxo, a avenida foi inaugurada ontem, a praça está iluminada, todos têm televisão e celular. O mundo  material está uma beleza, mas o cidadão por dentro......  .

Já nota-se a desqualificação de mão de obra, a falta desta, a falta de técnicos , de engenheiros projetistas, estudantes abandonando o curso de Engenharia porque não acompanham o cálculo, a má qualidade de médicos e advogados etc; a educação nunca como prioridade, os altos índices de reprovação, a evasão escolar etc. E mais, medidas dos Governos para escamotear e tapear tais realidades. Isto tudo então não vai dar em nada, não vai trazer consequências para o  país? È necessário ler entre as linhas e ler os sinais dados pela realidade bem como o intangível que ali existe. Mas quem consegue, com tantas fontes programadas de distração? É necessário que o cidadão consciente saiba, nas entrelinhas do dia a dia, ler e estressar os cenários para ver as tendências que estão nos levando para o futuro. A Copa do Mundo, por exemplo, foi um verdadeiro celeiro desse exercício. Foi possível ver a Nação, o país e o povo agindo. 

Cansado e assustado o cidadão tentam buscar proteção. Bons profissionais abandonam a profissão, aposentam-se antes da hora, desistem e sua substituição é precária. Há vagas que necessitam ser preenchidas, isto ocorre com qualquer um, não importa  mais a qualificação.  Dane-se o curriculum, o que importa é que é “gente nossa”, eis o lema de muitas administrações.

Os seguidores e tarefeiros de todos os níveis sociais são mantidos nesta lida, controlados em seus desejos mais íntimos, em suas vontades, em seus gostos, em seus objetivos. A toda hora há anúncios e comerciais mexendo no intelecto do cidadão de todas as idades. São levados a pensar que o problema é geral, uma situação para a qual o Ser Humano mostra-se impotente em controlar, pois é o progresso, a modernidade, o avanço dos tempos. Todos são mantidos em seu nível econômico e cultural, amarrados as suas características tradicionais, forçados diariamente a  acreditar que não podem fazer nada, que o problema é dos outros e a solução deve ser dada pelos outros. E mais, pensam que o que está ocorrendo é comum a todos os países. Esperar, olhar para cima, ter fé e esperança que alguém irá resolver tudo.

É que o objetivo sempre foi o domínio, o controle de muitos por poucos. A cultura política é autoritária, antidemocrática, violenta na reação e tem sucesso à mediada em que o cidadão de todas as idades é silenciado, manipulado, sem recursos e mantido de cabeça baixa, aceita , vota fácil e segue e faz suas tarefas sem muito protesto a não ser por mínimas questões básicas de vida como transporte no bairro, atendimento no posto de saúde, falta de creche, uma rua sem asfalto. Nunca veremos na rua uma passeata por temas de fundo e de mais filosóficos e existenciais, apesar de serem estes os pontos cruciais para a Nação do modo como a mesma está sendo conduzida e manipulada. Nem a religiosidade está dando conta do problema atual.

Assim, de resto, tudo continua dominado e controlado, com a população em silêncio ensurdecedor e poucos usufruindo de benefícios do Poder quase absoluto, face o quase perfeito entrelaçamento garantido pela troca de favores, alianças políticas etc. A população, origem de todos as autoridades e políticos, vota como massa de manobra, vota por critérios que refletem o nível intelectual, ou seja, porque o candidato é bonitinho, simpático, carismático, fala e se veste bem, é rico e não precisa roubar, etc. Não se vota em idéias e propostas nem ideologia.  Vota-se em quem aparecer mais e tiver mais dinheiro e a melhor propaganda. Vota-se emocionalmente. Por falta de critério que leve em conta o espírito público e os interesses do país, esclarecimento, visão geral ou discernimento não há garantia alguma que por muito tempo a população ainda continuará votando nas eleições pelo faro, com o umbigo, visando o seu microcosmo, seus benefícios pessoais. Continuaremos a decidir em quem votar pegando “santinho” no chão no dia da eleição. A alienação é total durante a campanha e em 2014 nunca foi tão explícita. Os candidatos não comovem.   

Entre os políticos o debate de temas nacionais de fundo é marcado pela polarização e pelos interesses partidários e suas alianças comprometidas. Se existir proposta ou ideologia, valem só para a eleição, depois são esquecidas, pois o “jogo” é outro e o mundo político engole o mais puro e sincero político.

Ainda veremos muito nesta vertente, com a evolução da história de todos os casos chegando a um agravamento de uma crise sem precedentes. Quando o homem–comum efetivamente notar que seus sonhos básicos de ter uma casa, um carro e uma aposentadoria, talvez uma família e filhos, foram traídos, haverá uma reação sua ou de seus descendentes.

A quem querem os políticos e governantes enganar com este jogo teatral de direita e esquerda, enquanto se sabe que são todos pertencem à mesma cultura , ao mesmo saco de farinha e desejam o Poder com a mesma intenção predatória? Ademais, neste teatro de sessão contínua, o cenário econômico é que está  comprometido depois de tantas décadas  de espoliação do país, de modo que os políticos que vierem a serem empossados em 2015 nada poderão fazer na fazenda do Brasil, com sua limitação de pessoal, produção e cultura. Ainda demoraremos tempo para crescer porque é a forja do tempo que constrói a Nação, embora sua destruição possa ser feita em poucas décadas.  Infelizmente a rapidez no crescimento econômico não pode acompanhar o avanço tecnológico e a mudança de vitrines na feirinha de informática e eletrônicos . No momento há mais fatores de destruição do que construção.

Os políticos prometem, mostram planos bisonhos e depois nada fazem a não ser mudança de gestão, modos de administração na  mesma coisa, dão maior ou menor divulgação de seus atos na imprensa mais ou menos e todos agem do mesmo modo porque têm pouco espaço para manobras. Ademais, os políticos hoje estão profissionalizados, tal a complexidade do mundo que montaram em seu clube fechado. Só eles entendem dos entrelaçamentos, jogos e amarrações da vida política, de modo que se tornou difícil a participação de qualquer cidadão ,por mais idealista que seja. Eleitos novatos, estes perdem pelo menos 2 anos para entender a dinâmica do legislativo e suas entranhas.                              

Desde a menor Câmara Municipal, espalhando-se por todos os níveis de poder, a intenção básica inicial é “ agora eu vou me fazer”, querendo  dizer, vou fazer tudo para me aproveitar e ficar rico. E neste caminho, a venda da alma é o passo mais corriqueiro. A imprensa por sorte tem mostrado muito da realidade do mundo político. A transparência hoje é uma conquista da sociedade, todavia, pode também acarretar o desinteresse dos cidadãos honestos em participar da política face a sujeira da politicagem. O preço é muito alto para participar, talvez isto já explique o porquê de sempre os mesmos estarem disputando cargos eletivos, da falta de opções e da escassez de bons líderes. O individualismo tem também este efeito de fazer o cidadão não se interessar pelo todo e pela coisa pública.

Enquanto isso, o cidadão comum dá tudo de si para conseguir sobreviver, manter sua honestidade pagando impostos, segue sua vida e tem fé e esperança. O país, apesar de tanto esforço pessoal, atola seu futuro na burocracia, na falta de moralidade, pudor e encoberta ilegalidade de seus dirigentes. As gerações atuais não sentem que quem está tendo a vida futura comprometida são elas mesmas.  Elas é que pagarão pelo que está sendo feito. Enfrentarão resultados de decisões erradas e danosas, tomadas a longo tempo atrás e também agora. Verão consequências quentes de soluções aplicadas para satisfazer o imediatismo politiqueiro.  

O cidadão esvaziado em conceitos e formação, sem cultura, insensível, robotizado, massificado, condicionado é o ápice de sucesso de tudo isto, ao passo que o domínio do medíocre estabelece-se para controlá-lo e conduzí-lo ao bel prazer de seus interesses apátridas.

Na permanência da evolução dos problemas cruciais que afetam a Nação e a irresponsabilidade das decisões políticas, o país tem perdido e perderá mão de obra e produtividade para a violência em suas mais variadas modalidades do dia a dia, para a depressão pessoal, para os que se abandonam, para os cidadãos que emigram. O país envelhece, quem e como vai se trabalhar e produzir com qualidade e segurança?

O país foi construído pela iniciativa privada, por empreendedores, investidores que acreditaram em suas idéias e empresas, sem as quais não há impostos. Sem tributos como viverá o Governo de todas as épocas e sua ideologia desconexa? Sem trabalho não há casa, carro, viagens, alimentos, saúde etc. A Nação empobrece. O povo adoece.

A falta de recursos cria a dependência. Fica fácil que o Poder e seus habitantes transitórios de cada momento tornem-se falíveis, cediços aos interesses externos, de modo que tal proceder faça o país se ajoelhar às instituições externas, sem nada opor. Altera-se a legislação, os costumes, os comportamentos para acomodar interesses de piratas. São os poderes superiores, as forças terríveis, das quais falou Jânio Quadros ao renunciar à Presidência da República, deixando o país sem entender o que isto significava naquela época. Estes poderes agem no escuro, através de políticos, mudam as leis, pintam e bordam e o povo segue sua lida honesta, dedicando-s à luta perpétua pela melhor condição de vida. 

Ao longo de décadas e décadas, independentemente do governo, só pode-se notar o avanço de um a implantação adversa que reforça cada vez mais enfaticamente princípios do individualismo egoístico e tal força pressiona governos e o “establisment”, de modo que até mesmo partidos fortes em ideologia quando eleitos mudam de orientação, tal a pressão vinda de fontes de Poder que desejam preservar seus interesses e lucros. Inegável que o Brasil de hoje distanciou-se materialmente do Brasil de 1945, surgiram muitas cidades, muitos produtos e facilidades, mas a que custo humano? Poderia ter sido diferente se o progresso fosse qualitativo. Hoje a degradação do tecido social em suas milhares de faces ameaça o uso de muitas conquista materiais. Empreendimentos não saem de projeto porque não há mão de obra.

As conseqüências estão aí no dia a dia e sua influência maior ataca subliminarmente o cidadão, a base da Nação, tornando-o alienado, vazio, insensível, condicionado, frio, calculista e forçado; como última saída, a solução é cuidar de seu umbigo, algo bem individualista e egoístico, tutelado pelo materialismo desenfreado, baseado no consumo de bens na maioria inúteis. “ Danem-se os outros! Quero salvar a minha parte! Não tenho nada a haver com isto! Etc, são frases comuns que explicitam o que está acontecendo.

Apesar das qualificações e posições que cada um possa ter na sociedade, somos todos um só povo. Ninguém que pense que não é. Somos povo e povão. O mais alto funcionário do Poder Judiciário ao sair do cargo não é mais nada, a não ser cidadão e povo. Da mais alta autoridade ao mais desprotegido cidadão, sem título algum, todos somos cidadãos e povo. Podemos ter diferenças quanto ao preparo para a vida funcional, mas no básico somos seres humano, todos passíveis de condicionamento, de uniformização, o que pode diminuir em intensidade de acordo com o esclarecimento e consciência, mas seja lá como for somos todos responsáveis pela nossa casa, o Brasil de todas as vilas e cidades e suas realidades. Ninguém que se ache pior ou melhor, por seus bens materiais e posições transitórias, porque a Nação é o barco onde estamos e somos responsáveis pelo seu navegar. Todos os cidadãos têm valor, não podem ser reduzidos a meros tarefeiros sem importância. Na luta contra o assalto a empresas públicas e aos megas esquemas para garantir o financiamento de campanha ou seja lá o que for, todos devemos acordar e votar com consciência .

Nas eleições de 2014, votarão cidadãos de todo o país nos lugares mais  distantes, exercendo sua fé na democracia e na vontade de participar. Apesar do cidadão estar atordoado, desmotivado, cansado de sua lida dura; apesar de todo dia receber uma chuverada de notícias ruins e pessimistas, é necessário votar e mostrar ao pensamento político dominante, que continuar como vem conduzindo nos últimos 50 anos a coisa-pública não está certo. A esperança é que tanto o cidadão comum quanto o empreendedor, o empresário pequeno grande, não sejam afetados pelo pessimismo orquestrado e possam continuar lutando e construindo , gerando empregos, caso contrário  teremos o algo muito pior.

A grande maioria das pessoas é afetada grandemente pelo clima que é emprestado ao país através da mídia ou da percepção de que na sua rotina algo está errado. Cidadãos continuam a luta diária pela manutenção de seus sonhos de vida, todavia, numa vida produtiva que os agride e diminui, emburrece, bitola e condiciona, fazendo-os perder algum talento, o potencial e a inteligência criativa por mau uso de suas capacidades. A limitação intelectual de um povo é praga que marca gerações por muitas décadas. A cegueira decorrente só favorece a alguns e por algum tempo. Já é um mal sinal quando pessoas graduadas não tem criatividade, tornam-se tecnocratas e tarefeiros sem opinião e mesmo assim têm a falsa sensação de estarem progredindo funcional e profissionalmente. O próprio mau uso do dinheiro público já não seria a demonstração da falta de criatividade que esconde a verdade feita de incompetência e falta de horizontes mais largos?  Não seria o nosso modo de gestão pública e as idéias de interesse público de dirigentes no país inteiro, um sinal do cidadão vazio e alienado, eleito para o  exercício de um cargo público, embora sempre colocando sua omissão na falta de recursos.

Mantendo o cidadão atordoado, endividado, condicionado e cego, fica tudo mais fácil, pois neste quadro o cidadão fica vulnerável, eis que fragilizado e dependente de sua abatida economia pessoal; é mais fácil tê-lo por manipulável e manobrável. Mega interesses podem esmagar um cidadão, como uma pulga, se for necessário aos seus superiores interesses, pois compram a todos e a tudo se for o caso. São brasileiros que se acreditam bem superiores, que com seus descendentes vivem do Estado e acreditam ter direito absoluto de usufruir e usar o Estado para seus interesses, pois dedicaram a vida inteira a ele. São brasileiros que atuam a seu favor e tudo por dinheiro, fazem negócios pagos com 30 moedas apátridas e milhares de euros e dólares. Ao primitivo tempo de Jânio Quadros, as ditas forças terríveis eram uma ou poucas, hoje são plurais e de fontes diversas, internas e externas, mas todas perversas , apátridas e sem compromisso com a Nação. Ninguém atreve-se a contrariar seus interesses. A grande massa nem desconfia que é simples massa de manobra no dia a dia de suas rotinas mantidas tresloucadas, feitas para ocupar-lhes a existência e distrair-lhes a mente.   
              
Em eventos nacionais e internacionais, mostramos a nacionalidade acima de qualquer governo. Temos o Brasil na veia, mas forças superiores fazem com que o cidadão fique cego, condicionado e tal cegueira é danosa. Vota por critérios emocionais já antes mencionados, mas na  hora da falta de hospitais e equipamentos de saúde, educação, segurança etc, todos sofrem por igual. A responsabilidade é de todos.

Se no futebol e nos esportes torcemos pelo Brasil, por que nas eleições o mesmo sentimento não é  tão forte e consciente?

A Nação mora em um país de uma diversidade enorme. Temos no mesmo tempo, realidades do 1º ao 4º mundo. Por maiores as previsões, análises, projeções, adivinhações e chutes sobre os caminhos da Nação e do Brasil, economistas, sociólogos, psicólogos, políticos, filósofos não conseguem lidar com nossa imensa idiossincrasia, nossa mistura nacional, que de certo modo prejudica mas também protege o país contra ações e planos radicais.  Aqui nada dá certo como planejado pelas tais forças superiores porque tudo tem que ser adaptado as nossas múltiplas realidades e facetas. Nossa diversidade e diferenças regionais, sociais , culturais etc, impedem qualquer regime do mal de ter sucesso prolongado.

Com corrupção, com farra de dinheiro público, com mau uso de recursos, com obras públicas sem necessidade, com planejamento voltado para interesses de quem está no poder em qualquer governo e em qualquer época, nada consegue ser fórmula, regra, panacéia para o país inteiro, todavia, pelo meio de tudo, tem avançado as tendências e a implantação do individualismo pernicioso e danoso para a Nação. Como pano de fundo do teatro nacional, há o desenvolvimento de algo mais grave, de algo mais triste que afeta o modo de ser do cidadão, seu comportamento, sua espiritualidade e acaba enfraquecendo-o e ao mesmo tempo facilitando a implantação de interesses da tais forças superiores.  A população distraída pelo cenário aparente não nota que estão lhe sabotando a mente e de seus descendentes, sob a desculpa de que é o progresso, os novos tempos, a modernidade.

Dos que ainda usam arco e flechas até o astronauta brasileiro, da miséria existente em seu grau mais acentuado até o mais alto intelectual, encontramos de tudo e tal quadro é difícil de ser pintado numa tela só, de modo que teremos que conviver com muitas realidades por muitas gerações para ver no que vai dar na sucessão dos anos, regimes, governos que ainda vamos enfrentar, mas fica cada vez mais certo que cidadãos individualistas, materialistas, insensíveis, frios e calculistas só irão piorar o quadro ou quadros futuros a serem pintados.

No teatro montado, todos nós somos distraídos para eventos tais que não permitem ver o pano de fundo, o cenário permanente que está sendo mudado subliminarmente. A praga do individualismo está sendo disseminada través de propaganda publicitária, onde se vê exemplos tais de descaso ao amor ao Próximo, à renúncia, ao perdão, à solidariedade e outros itens que compõem a base espiritual da Nação.  Com tal praga o cidadão e seus jovens pensam ser auto-suficientes, um todo que se auto basta, vivem numa fantasia até que  precisem do todo e quando isto acontecer verão que o todo não corresponde a seu umbigo. Deste ponto em diante ficará reforçada a vida sem equipe, sem convivência, sem necessidade do todo e a derrota do Ser será inevitável.

O Brasil que acorde logo de seu berço esplêndido porque o futuro está sendo comprometido e em alto grau.   Quem bolou e vive deste esquema , não quer saber disso; depois da terra arrasada parte para outras terras em outro continente ou para nos nossos vizinhos. É o futuro de gerações que estão nascendo que estão tendo seus dias comprometidos.

Que não se brinque de votar, que não se brinque com nada, a Nação está correndo o sério risco que vai muito além de uma derrota no futebol, da falta de estradas e hospitais , de falta de segurança etc.

Infelizmente, por muitas gerações ainda veremos o que temos visto. Esta não é felizmente uma Nação que verá revoluções armadas e guerra civil militarizada, mas cada cidadão terá que enfrentar seus inimigos com o voto. Sua única chance de participação. O voto é a arma mais democrática para liquidar com o corrupto, como representante dos interesses superiores, com as forças terríveis, com o ladrão, com o mau político, com o mau gestor do dinheiro público, do campeão da imoralidade .

Não é luta fácil, é trabalho lento. Não haverá nova nação, nem Brasil diferente, nem país novo. É luta do tempo e muitos votos ainda serão gastos até que seja o Brasil de todos da Nação preservada em suas melhores bases espirituais .

Já será um começo, o voto certo, justo, honesto e também será um ato bom que cada pai, cada mãe poderá fazer para começar a cuidar da célula mínima da Nação, a sua casa, a sua própria família e sua própria vida e ali restabelecer os princípios perenes da vida e da convivência.

Se não fizermos nada para acabar ou diminuir a força das tendências do individualismo, não haverá vencedores nem individuais nem coletivos. Nenhuma Nação subsistirá que possa valer à pena e poderemos ver muitos jovens desistindo do Brasil.  A persistirem as tendências atuais, pode-se prever que todo o entrelaçamento e o jogo dos políticos será tão somente mais um dos emaranhados burocráticos do país e não dará bons resultados. E ficamos todos pasmados, vendo a parte comer o todo, acreditando cegamente que tudo isto é “progresso”.

Uma vez o Contra- Almirante Saldanha da Gama em 1893 em seu manifesto disse: “ Compatriotas! Os povos que abdicam de seu direito não podem queixar-se dos seus opressores....Mostrai que não somos um povo conquistado,mas um povo livre e cônscio dos seus destinos”.  Mal sabia Saldanha da Gama no começo da República quanto e o que ainda ocorreria  nesta temática.


Odilon Reinhardt.