Erros fatais de essência.
O
esquecimento da relação entre o ser humano e seu instinto e a
obliteração de que somos todos Natureza parece ser a resultante mais
característica e grave de mecanização da vida em hábitos e pensamento.
Criados
para sermos o resumo do potencial de todas as virtudes, qualidades e
essências da Natureza, o Ser Humano cria sistemas para viver, que o
afastam de sua origem, sob o pretexto de estar progredindo, evoluindo.
Infelizmente está ficando cada vez mais doente. A inconsciência remonta
ao tempo das cavernas. As consequências são tamponadas no coletivo, mas
sentidas individualmente ao seu devido tempo. A Natureza cobra o
desrespeito e o afastamento com que vai sendo tratada.
No
passo de um caótico progresso material de duvidoso proveito, o
individualismo egocêntrico preenche as lacunas deixadas pelo abandono do
ser interior. O vazio expande-se no íntimo de cada um e é preenchido
por coisas e eventos supérfluos, passageiros, e sem qualquer benefício
para a vida de qualidade.
Todos
os dias, observa-se o reflexo de tal proceder nos mais variados
aspectos do relacionamento humano, familiar e ou corporativo. Cada vez
mais verifica-se o surgimento de consequências desastrosas, originadas
por decisões baseadas no desequilíbrio, o qual ignora a
contextualização, a história, a conjuntura e a visão sistêmica, mas
impõe a intolerância, a prepotência, a falsidade, o fascismo, a mentira e
o teatro da ópera bufa.
O
indivíduo surge artificial, plástico; afasta-se da natureza e torna-se
fraco de caráter, personalidade e alma. Torna-se fluído, permeável.
Vende-se, entrega-se inconscientemente para qualquer sistema.
Compram-lhe a alma, a vida, o destino e a própria existência. Torna-se
um joguete ao sabor dos acontecimentos.
Quem
se afasta da Natureza e não mais se sente como parte dela, não pode ter
amor a si, amor ao Próximo, à Natureza e ao seu país. Torna-se um
objeto, manipulável, um elemento perigoso para o próprio Ser Humano,
pois suas decisões refletem o caráter frio, calculista, matemático,
insensível e altamente venenoso de seu interior . Um perigo para o seu
povo.
Sim,
distante da Natureza, esquecendo que é parte dela, o indivíduo esquece a
vida de aprendizado e sabedoria, não se coloca mais como sujeito dos
acontecimentos que ocorrem fora de si, que agora são o sujeito enquanto
ele passa a ser o objeto.
Estamos
todos deixando que isto ocorra. O pano de fundo está sendo
despercebido, eis que o teatro da vida corre embaçando e enganando a
plateia. Há tanto pão e circo no dia à dia que não se olha mais o pano
de fundo que está sendo subliminarmente reformado pelos princípios do
individualismo egocêntrico e de um materialismo, totalmente averso à
Natureza, e que vai lastreando-se num absurdo hedonismo que por sua vez
estimula o acúmulo de tudo para além das necessidades normais do ser
humano.
Aumenta
geometricamente o número de pessoas vazias, desfocadas, sem
objetividade pessoal. Fracas, condicionáveis, dirigíveis, tornam-se
objeto guiadas por novos deuses como o da aparência enganosa , que é a
fantasia da existência. Vivem uma vida que não é a mais a sua.
Mostram-se numa figura, mas não a são. Só parecem ser e isto é que vale.
São agora objetos controláveis. Fazem construção de um castelo de
areia, de cartas, de barro, que um dia vai desabar sobre sua cabeça
impiedosamente. Tudo e todos a sua volta no mundo exterior serão
demônios e fantasmas de sua própria vida interior, onde ficará confinado
numa prisão de horrores.
O
indivíduo-objeto não é um Ser, passou à condição de anti-ser, mas isto,
agora ninguém repara nem discrimina, já que sua quantidade torna-se
enorme , um modo de ser aceito e inconteste. Castelos de areia já
desabam aos montes, mas isto é tido como problema individual e nunca
coletivo. O circo pega fogo em algum setor, mas a plateia é levada a
crer que é parte do espetáculo e assim todos ficam contentes, ignorando a
mentira e qualquer um que a aponte.
Assim,
o indivíduo-objeto vive uma vida confusa de realidade eufórica, longe
de um Ser que deveria aproveitar a existência para aprender pelo amor,
pela experiência positiva, acumulando riquezas no seu interior,
produtivo, criativo, como expressão de sua boa consciência.
Assim,
contrariando a Natureza, encontra-se perdido, joguete do Poder em seus
vários níveis e modalidades, boneco da realidade, incapaz de determinar
seu destino e controlar seu caminho. Não possui boa referência e é
facilmente idealizado por sistemas que o controlam. Robotizado,
massificado e conduzido por interesses é explorado em todas as suas
necessidades humanas.
Pessoas
há aos montões que ficam à mercê dos acontecimentos ao invés de serem
sujeito de si mesmo, podendo controlar seu destino e sua existência,
tornam-se soldados de planejamentos de sistemas piores.
Servis
e subalternos, nesta sub-condição humana, doam-se ao material, aos seus
chefes superiores que são os pilares do individualismo egocêntrico.
Perdem o controle de si e operacionalizam o que lhes passarem como útil e
necessário. Diplomados ou não, são todos meros operadores, construindo
castelos de areia, que pensam serem eternos, mesmo que o do vizinho
esteja desabando.
No
geral, esquemas superiores permitiram que o conjunto de pessoas
robotizadas fossem também controladas por um país onde impera a feirinha
de eletrônicos / informática / medicamentos, transformando o país numa
tenda falida de experimentos do comerciante sem ética nem moral. O nosso
enjambrado e customizado individualismo aproveita-se da ignorância e
cegueira geral.
O
indivíduo vive para si, com seu umbigo, último resort de sua
individualidade explorada e estuprada no dia à dia. Vê tudo, mas não
entende nada na enchente de informações e desinformações do dia a dia
com vocabulário técnico usado para afastar o entendimento e notícias
truncadas para quem puder entender deixar de fazê-lo. A crítica está
ausente, a criatividade é conduzida, o interesse coletivo inexistente, a
falta de esclarecimento ilumina a ignorância, o fisiológico reage
fisiologicamente em ações e reações mudas mas violentas; a produção de
conteúdo é escassa, a alienação é a constante. Mas o indivíduo se
acredita como eterno e poderoso, intocável, protegido pelo sistema a que
inconsequentemente serve.
Serve
inconscientemente como mero seguidor. Vive para si e seus prazeres e
divertimentos, mas sente rapidamente o tédio e o vazio. Não sabe ficar
só mas não sabe mais interagir com qualidade, é superficial e incapaz de
ensimesmar-se e refletir sobre seu caminho, exige rapidez em tudo e
transfere a obsolescência dos objetos materiais para a relação humana. A
sociedade tem tudo cheio de nada; gera ansiedade pelo medo de perder ou
não ganhar e pelo medo de perder o domínio sobre as coisas, pessoas e
eventos; gera depressão em pessoas que procuram garantir-se através do
acúmulo de bens materiais, os quais colocam como prioridade .
Sempre
a ganância, o ganhar-ganhar, o tirar proveito e vantagem. Acumular
mais, muito além da necessidade pessoal e familiar. A segurança não está
mais no interior da pessoa, mas em seu exterior, nas coisas que possui.
Está no castelo de areia e na mente que na fraqueza da mente que o fez.
A pessoa é levada a colocar o Ser e o Ter fora de seu interior, pois
tudo fica nas coisas e no status aparente que ostenta.
Os sistemas com seus princípios e valores, modelos mau pensados e copiados
desequilibraram o Ser Humano. E aqui no nosso país, já há só arremedos
de tais desequilibrados, que como calculista, frios, cartesianos,
insensíveis criam, planejam e executam obras e serviços que só atendem a
seus transitórios interesses e não ao Ser Humano em suas necessidades e
natureza. Alucinados em suas ideias, imaginam uma sociedade igualmente
fria, calculista, racional e uniforme, onde o Ser Humano seja igualmente
um objeto, um mero seguidor.
É assim idealizado um ser anti-humano, com ações e reações longe da Natureza Humana, vivendo num igualitarismo insôsso(Não
tem acento), sem graça, uniforme, previsível e facilmente conduzido,
onde as expressões de arte, romantismo, criatividade sejam aberrações,
um ato de indisciplina, punível pela lei. Os sentimentos, como os vemos
hoje, seriam patrulhados para correção e preservação da ordem .
Subliminarmente
é este o sistema que está sendo implantado e as consequências estão em
vários sinais. Estão visíveis na ação e reação do ser humano, modelando a
educação, criando dores humanas, doenças coletivas como a depressão e a
ansiedade, alterando a construção do modo de pensar, viver e conviver. E
pior, já vem tudo com a mensagem subliminar de que isto tudo é
irreversível, sem volta, incontrolável, criando o senso de impotência
coletiva quanto ao controle dos acontecimentos e fatos que estão
ajudando a criar e implantar, porque é o “progresso “. Infelizmente um
progresso mau pensado, de má qualidade.
São
pessoas saídas desse exército de almas que levam suas escolhas e
decisões para onde são levadas a atuar. São líderes de má qualidade,
porque seguem modelos podres e desonestos. Arrastam uma plêiade
de pessoas inconscientes, prestes a sucumbir a qualquer momento pelo
lado espiritual com graves reflexos na vida exterior. Na condição de
objeto obedecem e ao mesmo tempo lideram de acordo com suas decisões e
escolhas. Falsas lideranças preenchidas por oportunistas ao invés de
lideranças autênticas, puras e honestas.
Se
corrompidos, é porque eram fracos, e aceitaram as propostas, o convite,
do Mal, mesmo que este tenha sido imposto como condição por qualquer
gestor de Poder e representasse uma oportunidade para participar e poder
continuar faturando, uma imposição dos jogos do Poder na vida, mesmo
que afastando a livre concorrência, a competição. Era na verdade um
convite para o Inferno. Acreditaram no sistema de vida à base castelos
de areia. Foram levados a crer que a mentira seria eterna, passaria sem
ser notada. Infantilidade de alto nível.
Se
corruptores, é porque também foram fracos, montando esquemas do Mal,
castelos de fragilidade feitos para a eternidade. O Mal pode vencer por
algum tempo, mas um dia é revelado, é o dia final, o dia D, de derrota,
esta sim eterna. Mas acreditaram e fizeram acreditar no sistema de
castelos .
Corrompidos
e corruptores mostraram a fraqueza como seres-objeto, meros e aviltados
anti-seres humanos, equiparados aos vis criminosos e facinoras no país.
Gente de espírito fraco e negativo.
Um
dia a casa cai. Caiu. Tais pessoas perdem o que construíram, o que
fizeram no mundo. Com tal destruição prejudicam também a vida de seus
seguidores. Não é caso de dinheiro, é caso de alma, de sobrevivência com
forças interiores, agora, todas invalidas, já que construídas sempre em
veneração às referências ruins e modelos desonestos. A casa cai. Cai
porque toda a prosperidade era falsa. Sem a construção honesta da boa
essência interna, o moderno, o próspero era falso, portanto, caiu na
desgraça. Os valores e modelos utilizados estavam fadados à falência, ao
fracasso pessoal, profissional, familiar, social e corporativo.
Não
é surpresa que impérios comerciais e profissionais, grandes corporações, famílias poderosas, de um dia para o outro, enfrentem a realidade e
os acontecimentos os esmaguem fatalmente. Estiveram jogando com a
ilusão, o engano e a fantasia. Para que, por que? Sempre para preencher o
vazio de uma existência perdida e errônea. Construíram com vento e
brisa, com areia e pó um paraíso ilusório. Vidas tortas, que só poderiam
dar no que deram: perdas materiais, cadeia, desgraça familiar e social,
perda, descrédito e ruína.
Num
piscar de olhos destruíram tudo que tinham e sem isto não são nada.
Ganância, orgulho, jogos de competição e comparações, dinheiro e Poder,
inveja, prestígio, vaidade, desonestidade, falsidade, horas de trapaças e
barganhas, falsa sensação de estar no Poder. Agora tudo virou barro,
pó, melhor, areia. O resultado de tantos negócios baseados em influência
informações privilegiadas etc, afastando a livre concorrência; negócios
em tramas secretas, a serviço de quem? Tudo perdido agora. E quantos
outros castelos de areia, de gente jovem que acreditou na fantasia, não
ruiram também. Os danos se alastram para a vida privada com desemprego e
falta de dinheiro para pessoas indefesas, crédulas.
Líderes
oportunistas e de péssima qualidade fabricaram um falso mundo
econômico, com movimentação paralela de riquezas. Fizeram a realidade e
fizeram-se acreditar e muitos seguiram a falácia. Gente nova casou,
comprou carro, conseguiu emprego, endividou-se acreditando na falsa
realidade. Agora suas vidas retrocedem, perdem apartamentos, carros,
empregos, casamentos e seus pequenos empreendimentos em busca de rendimentos. Os responsáveis escondem-se na cadeia temporária.
Ficou
a página da história que contará quem foram, o que fizeram de mau. Em
jornais, revistas e documentários, estudantes e pesquisadores no futuro
irão visitá-los citando seus nomes e copiando em seus trabalhos o que
este bando fez. Entrarão para a enciclopédia da vida humana no Brasil
como malfeitores da Pátria, a qual certamente nunca amaram e na qual
sempre odiaram seu povo, pois o mais importante para eles era o umbigo,
sua vaidade, sua vontade de acumular, de ser Grande, seu bem estar
luxuoso e megalomaníaco, suas mansões e iates, carros, aviões,
certamente seu nome de família ligado à corporação que fizeram crescer
às custas do dinheiro público. Mas agora tudo acabado, nome no rol dos
réus, nada de viagens com os “poderosos”, “nada de reuniões de
interesses milionários”, nenhuma viagem para o exterior para tomar sol
no Caribe ou nas ilhas gregas. Agora uma outra realidade: “Pessoal, a
hora de sol è às 10:00 horas para a Ala C !!!!“ A boia é às 12:00!”
Pobre fraqueza humana, baseada num vazio sem fim e na eterna ilusão e fantasia de Poder e Dinheiro.
Mundos
corporativos arruinados, demissões em massa, obras paradas, as
consequências serão funestas para a vida nacional. Afora este exemplo da
venda do ser humano, a sua passagem para o anti-humano, há milhares de
ações e reações individuais que estão marcando a vida nacional. Elas
acontecem no seio familiar, nas empresas de pequeno e grande porte,
públicas e privadas, onde decisões refletem o vazio deste mesmo tipo de
gente, seu fracasso interno como pessoa, sua falta de consciência e boa
referência.
Decisões
e escolhas que não decorrem de planejamento e não medem consequências
no ambiente em que serão aplicadas, só levam a prejuízo pessoal e
coletivo. Um dia a casa cai para todos, pessoal e profissional e
corporativamente. E com a soma do drama particular de cada um, o país
sofre as consequências da desmotivação institucionalizada, que os mais
burros e inconscientes correm para dizer que é por falta de dinheiro, um
reflexo da crise internacional, a tal “marolinha”que então chegou.
Corruptos
e corruptores de seu próprio interior fizeram o que sempre fizeram: roubaram dinheiro público da infra-estrutura de saúde, segurança e
educação. Agora
fica o país jogado mais uma vez na contra mão da História, inflação,
altos juros, desemprego, crise de energia, cérebros indo par ao
estrangeiro, crise em tudo e depressão à vista. Que país é este?
Todos
os corruptos e corruptores que atuaram e atuam em todos os níveis da
vida oficial e privada, contribuíram para a volta ao passado, o da crise
econômica, porque ela é a materialização das mazelas nacionais. Gente
que há muito já se distanciou de si mesmo e assumiu a posição de objeto,
de gente calculista, fria, materialista, insensível, tudo como o
individualismo egocêntrico quer.
E
o país vive tal e qual na sua decadência lenta e progressiva no campo
interno, promovendo o desmoronamento das almas, da vida íntima, de sua
vida interior. A grande mentira. A falsa estabilidade. O discurso
oficial é mascarar e não admitir a existência de tal realidade e encarar
os problemas de frente. Poucos observam o que está acontecendo com a
adoção de meios perversos do modelo individualista egoístico adaptado ao
“ mundo pós -moderno” do Brasil, algo que lembra uma ópera bufa, um
teatro de bonecos feios e mau feitos como nos sonhos materiais
desconexos e absurdos enquanto a plateia ri de fome e miséria.
No
império do “umbigo”, falta amor à Pátria e amor ao Próximo. Os
crimes,os erros são de ordem pública nacional, são diretos contra a
Pátria. Esses são só verdadeiros assassinos do futuro da Pátria.
Terroristas da vida privada. Assustadores. Certamente já viviam em seus
cárceres mentais porque sabiam que estavam na ilegalidade, fazendo o
errado e que a impunidade é uma realidade virtual e temporária
como qualquer mentira. O que não continuaria acontecendo, se não fosse a
imprensa livre, a Polícia Federal e o Ministério Público? Tudo ou nada
só depende da divulgação que exista. A imprensa televisiva com seus
ancoras nos horários certos denunciam algo, caso contrário impera o
silêncio. E se houve denúncia, alguém não recebeu sua parte ou algum
acordo não foi respeitado. Há interesse político na questão. E a posição
e a oposição política se confrontam, tentando salvar-se do desgaste
político.
Vivemos
500 anos no escuro com a roubalheira fazendo fortunas individuais às
custas de Portugal, da Monarquia e na República do povo. Cadeia é pouco
para a crime de trair a Pátria.
Acabou
então a intocabilidade dessa gente; é a derrota para a tradicional
impunidade? Se positivo, é um efetivo passo mega histórico.
E
aos jovens e todos que perderam seus empregos e pequenos negócios, que
vão ter que abrir mão de seus sonhos, que acreditaram na falácia toda,
aos empresários que irão fechar as portas, aos casamentos que irão se
desfazer, aos honestos que trabalham, pagam impostos e para quem nada dá
certo, há um silêncio. Todos acreditaram na realidade fake e embarcaram
nela quase que obrigatoriamente porque estavam muitos nas fases da vida
em que se deve viver o que a realidade concede. Agora, mais uma vez há
um silêncio barulhento dentro de cada indivíduo. Vale o que poeta Juares
Baggio, escreveu, traduzindo o momento:
“ Na história de uma nação,
ouvi contar de um cidadão,
que sempre cheio de razão,
olhava somente o chão.”
O castelo de areia ruiu. A casa caiu. A esperança quase sumiu. E agora José em sua Pátria?
Odilon Reinhardt.