quarta-feira, 29 de outubro de 2014




Sementes plantadas.  

Há mais de 5 anos atrás, a Universidade de Stuttgart na Alemanha, estava dando palestras na Universidade Federal do Paraná e Pedro Franco de Carvalho, engenheiro da Sanepar, fazendo mestrado, fez a aproximação dos professores da Universidade de Stuttgart com a Sanepar. Assim, vários professores e técnicos compareceram à Sanepar para uma breve apresentação dos trabalhos da Universidade no campo do tratamento do esgoto sanitário.
Da aproximação feita e como resultante do interesse da Sanepar neste campo, começaram as tratativas para um convênio de cooperação, enquanto os professores de Stuttgart continuariam ministrando aulas de mestrado no Paraná.
Houve imediato interesse de profissionais da Sanepar em fazer o mestrado, tendo surgido então um grupo de profissionais que, durante o período de estudos, pôde viajar para a Alemanha. Após a viagem, o mestrado continuou e os profissionais empenharam-se com seus orientadores para seguir a programação com rumo à aprovação final.
Assim, desde 2008 foram iniciadas as atividades do Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano e Industrial (MAUI), do qual participaram alguns saneparianos.
Da turma de 2012, Priscila Alves dos Anjos, da Sanepar, foi a primeira a conseguir qualificação para defender seu trabalho perante a banca de examinadores, após muito esforço e também compreensão familiar, tendo concluindo assim o mestrado no início de agosto deste ano.
Não foi nada fácil cumprir as exigências resultantes das revisões feitas pelos orientadores, o que exigia horas e horas de muita dedicação.  Nasceu assim o trabalho denominado: “CONSÓRCIOS PÚBLICOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: ESTUDO DE CASO NO ESTADO DO PARANÁ”, dissertação, apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Meio Ambiente Urbano e Industrial, do Programa Internacional de Mestrado Profissional em Meio Ambiente Urbano e Industrial, Setor de Tecnologia, da Universidade Federal do Paraná, em parceria com o SENAI/PR e a Universität Stuttgart, Alemanha, tendo por orientador o Dr. Klaus Martin Fischer  e co-Orientadora: Dra. Karen Juliana do Amaral.
É assim que sementes do passado como estas são plantadas e em terreno fértil dão resultado. Fernando Massardo e Loraine Bender, empregados da Sanepar, estão envolvidos no mesmo mestrado e são exemplos de esforço e dedicação.
Todos são exemplos de gente que não se deixa acomodar e vai à luta, para estudar e progredir. Estão alertas quanto às forças da acomodação e da mesmice das tarefas que acabam derrotando as energias do indivíduo na empresa. É normal que o trabalho da empresa torne-se rotineiro e acabe cegando os profissionais encurtando-lhes o horizonte.  É também importante saber destruir esta normalidade, com criatividade, interesse diversificado, inclusive o de contrariar a normalidade e ir além do lugar comum.  
Manter o espírito de autodesenvolvimento que fez cada um entrar para a empresa com seus projetos pessoais torna-se imprescindível. É missão de cada um encarar o desafio de não se deixar morder pela mediocridade que nasce geralmente no ambiente empresarial, que é voltado para as tarefas diárias, repetitivas, limitadas e que muitas vezes não preenchem todas as horas disponíveis.
É fácil ser picado pela desmotivação e culpar os outros, quando no caso da negligência com seu próprio preparo e atualização decorreu da própria pessoa que se deixou levar pelo cordão de Maria-vai-com-as- outras na fileira da acomodação.
Evidentemente muitas são as realidades pessoais que podem dificultar a volta ou a manutenção dos estudos ou a difícil missão de enfrentar uma pós–graduação ou um mestrado, mas a vontade e o objetivo são aspectos poderosos da vida.
Um bom motivo para que se comece a pensar neste assunto é tomar o exemplo de colegas e pensar também no Plano de Carreira Técnica que prevê altos salários para quem tiver mestrado, etc. É uma razão prática que pode ser utilizada também.
O fato é que pessoas estudando e se aprimorando criam na empresa um ambiente de um nível mais elevado e contribuem muito para a elevação das conversas entre colegas na empresa. O nível intelectual aumenta e a empresa ganha muito em ambiente.
Não devemos esquecer que na Sanepar há vários setores técnicos onde há pessoas de alto nível e que foram atrás de seus objetivos pessoais porque durante a duração do vínculo laboral não se deixaram matar pela monotonia e mesmice das tarefas rotineiras. Ubaldo Stier, na área operacional, inventava ferramentas inéditas; Alfredo Richter inventava estações de tratamento; Cleverson Vitório Andreoli escreve livros e é uma pessoa reconhecida mundialmente na área de tratamento de lodo de esgoto, Ary Haro dos Anjos escreve livros e é muito reconhecido tecnicamente, Julio Espínola sempre foi um ser pensante e muito mudou a empresa e assim há muitas pessoas de talento que não se deixaram acomodar.  Muitos profissionais de Engenharia graduaram-se em Direito e Administração procurando o aprimoramento complementar numa demonstração de esforço muito grande.  E não se pode esquecer os inúmeros empregados que nem tinham curso superior e já trabalhando na Sanepar fizeram curso superior, procurando melhor capacitação pessoal. 
O trabalho de Priscila Alves dos Anjos será referência nacional neste momento em que o país desperta para a importância dos resíduos sólidos. A figura do Convênio é apropriada para marcar a união conjunta de forças em busca de um progresso sustentável. 
 
Um breve resumo da dissertação foi colocado nos seguintes termos:

“Os atuais padrões de consumo desafiam os limites de sustentabilidade do nosso planeta, o aumento crescente da geração e complexidade dos resíduos, e uma legislação cada vez mais rígida, exigem sistemas mais eficientes de gestão, resultando em custos mais altos para a prestação dos serviços correlatos. Além disso, o gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos urbanos pode causar sérios problemas ambientais, de saúde pública, e constitui um desafio aos municípios. O Consórcio Público se apresenta como uma alternativa viável para atendimento às exigências do cenário de saneamento básico, mas que ainda não se consolidou. O objetivo geral desta pesquisa é analisar o processo de formação de novos consórcios públicos intermunicipais de resíduos sólidos urbanos, sob os aspectos de gestão, manejo e indicadores, utilizando como estudo de caso o Estado do Paraná. Os objetivos específicos compreendem realizar um levantamento de consórcios públicos de resíduos sólidos em operação no Brasil e no Paraná; caracterizar o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos – CONRESOL; comparar os indicadores de resíduos sólidos do grupo de municípios do CONRESOL e de um grupo de municípios paranaenses não consorciados; apontar vantagens e dificuldades na formação de consórcios públicos de resíduos sólidos. A metodologia baseou-se em pesquisa bibliográfica e de campo. Primeiramente foram mapeados os consórcios públicos de resíduos implantados no Brasil. Posteriormente foi selecionada a região sul e o estudo de caso focado no Paraná. Na definição da amostra selecionou-se o grupo de municípios do CONRESOL e um grupo de municípios não consorciados e pertencentes a outras regiões metropolitanas do Paraná. Foram aplicados questionários para representantes do CONRESOL e dos municípios não consorciados, contemplando aspectos sobre a formação de consórcios públicos, gestão e manejo de resíduos, e indicadores. Entre os resultados pode-se apontar a iniciativa do município como fundamental no processo; o trâmite jurídico para a implantação do consórcio representando mais segurança jurídica do que um empecilho; e a viabilização da disposição adequada a maior vantagem na formação de um consórcio. As dificuldades apresentadas para a formação de novos consórcios foram questões político partidárias, conflitos, interesses e a questão econômica. As principais recomendações são: delegar a instituições com atuação regional o papel de fortalecer a proposta de consórcios públicos; disponibilizar subsídios financeiros para viabilização de projetos e custos iniciais para a implantação de aterros sanitários compartilhados; e capacitar quadros funcionais dos municípios. As recomendações apresentadas para o Paraná são aplicáveis em outros estados, a partir do entendimento que o consórcio público é um modelo de gestão adequado e viável para que os municípios possam superar os desafios de gestão e manejo de resíduos sólidos urbanos.”
A introdução foi escrita para indicar que “o desenvolvimento econômico, a urbanização e o aumento dos padrões de consumo indicam o crescimento tanto na quantidade quanto na complexidade dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), contribuindo para o agravamento de problemas sanitários. Os avanços da industrialização e do consumo refletem o aumento na geração de RSU em todo o mundo, desafiam os limites de sustentabilidade do nosso planeta pelos impactos ambientais que causam, e conciliados com uma legislação cada vez mais rígida exigem sistemas mais eficientes de gestão, resultando em custos mais altos para a prestação de serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
É fato que o lixo depositado em locais inadequados causa contaminação do solo, ar e água; proliferação de vetores transmissores de doenças; entupimento de redes de drenagem urbana, favorecendo a ocorrência de enchentes; degradação do ambiente; depreciação imobiliária; e ocorrência de doenças.
O gerenciamento dos RSU, desde sua produção, coleta e disposição final, representa um grande desafio aos municípios e à sociedade de modo geral. O tema limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos destacam-se no cenário nacional e nas comunidades locais, pelos aspectos ligados à saúde pública, pela crescente contaminação hídrica e pelas questões sociais ligadas aos catadores (MONTEIRO, 2001).
De acordo com Batista (2011c) pode-se afirmar que a figura do Consórcio Público, consolidada pela Lei de Consórcios Públicos (BRASIL, 2005), busca responder aos desafios das cidades, em especial dos pequenos municípios, uma vez que, seu objetivo é ampliar a capacidade de gestão municipal e a disponibilidade de recursos para melhorar a prestação de serviços, e também pelo fato de sua estrutura permitir a interação entre diversos atores – Estado, União, iniciativa privada e sociedade de modo geral.
O federalismo cooperativo previsto na Lei de Consórcios Públicos se apresenta como um instrumento para equacionar problemas enfrentados pelas Administrações Públicas, dentre os quais, a prestação de serviços de manejo de resíduos sólidos municipais - coleta, transporte, transbordo, tratamento e disposição final do lixo doméstico, conforme diretrizes da Lei n. 12.305/2010 (BRASIL, 2010f).
Acrescente-se que, a Lei n. 12.305/2010 (BRASIL, 2010f) prevê a redução na geração de resíduos e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos. Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos; cria metas para a eliminação dos lixões e institui instrumentos de planejamento nas esferas nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e municipal; além de impor aos particulares a elaboração de Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
Considerando-se as diretrizes da Lei n. 12.305/2010, de forma resumida apontam-se sete medidas que impactarão a forma de tratar a questão do “lixo” no Brasil: Logística Reversa; Fim dos Lixões; Planos Municipais; Responsabilidade Compartilhada; Cooperativas de Catadores; Financiamento para Consórcios Intermunicipais e Novas Tecnologias (BELO, 2011). No entanto, a maioria dos municípios enfrenta dificuldades para atender aos novos paradigmas estabelecidos, tanto pela insuficiência de recursos orçamentários, quanto pelo falta de quadro técnico com profissionais especializados.
Desta forma, acredita-se que a utilização dos consórcios públicos como instrumento da gestão associada no setor de saneamento representa um avanço na política de cooperação intergovernamental, e que a contratação de um consórcio público na área pode trazer benefícios, por exemplo, a racionalização do uso dos recursos destinados ao planejamento, regulação, programação, fiscalização e consecução dos objetivos comuns contratados (CHIECO, 2011).
A partir da literatura sobre o tema constata-se que a constituição de consórcios públicos para a prestação de serviços de resíduos sólidos é uma alternativa viável e relevante face às exigências do atual cenário de saneamento básico, mas que ainda precisa avançar considerando-se a estatística para o país.
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), existem 80 consórcios públicos que contemplam a questão dos resíduos sólidos no Brasil, sendo 8 no Paraná, entre os quais o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos – CONRESOL, que abrange Curitiba e municípios da Região Metropolitana de Curitiba (BRASIL, 2012b). No entanto, esta pesquisa observou que na prática o número de consórcios intermunicipais de resíduos sólidos efetivamente atuantes é muito menor do que dados oficiais apontam.
A problemática da gestão dos resíduos sólidos conciliada com as exigências impostas aos municípios pela legislação aplicável indicam que os consórcios públicos representam uma alternativa para a superação do desafio de compatibilizar demandas do setor com pouca disponibilidade orçamentária e quadro técnico insuficiente, e melhorar indicadores, por exemplo, da disposição adequada em aterros sanitários, que no Brasil alcança pouco menos de 60% e no Paraná 70% (ABRELPE, 2012).
Desta forma, este trabalho se justifica pela importância em compreender os possíveis motivos que desfavorecem a formação de novos consórcios nessa área, de modo a apresentar recomendações que fortaleçam a proposta de consórcios públicos de resíduos sólidos, e ao mesmo tempo contribuir com pesquisas afins.
Neste contexto, a questão problema desta pesquisa é: por que a formação de consórcios públicos intermunicipais de resíduos sólidos ainda não se consolidou no Paraná?
Assim, ao responder o questionamento, é possível disponibilizar elementos que contribuam para a formação de novos consórcios públicos de resíduos sólidos, bem como, fortalecer as discussões sobre o tema.
Para tanto, esta dissertação está estruturada em 6 capítulos, a saber: o capítulo 1 apresenta o tema e os objetivos da pesquisa. O capítulo 2 contém a revisão de literatura, com as definições e classificação dos resíduos sólidos; aborda as questões de gestão dos resíduos, comenta aspectos de consumo e geração de resíduos sólidos, etapas do gerenciamento de resíduos, sintetiza o cenário dos resíduos sólidos no Brasil e no Paraná; contempla os aspectos legais a partir da Lei de Consórcios Públicos, da Lei de Saneamento Básico e da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O capítulo 3 refere-se ao material e métodos empregados, apresenta a definição da amostra, a qual abrange um grupo de municípios não consorciados e o grupo dos municípios do CONRESOL, e descreve os procedimentos utilizados na pesquisa. Os resultados são apresentados no capítulo 4: levantamento dos consórcios de resíduos sólidos no Brasil; caracterização do grupo de municípios integrantes do CONRESOL e do grupo de municípios não consorciados; análise dos indicadores de resíduos sólidos dos dois grupos pesquisados; e resultados da pesquisa de campo. No capítulo 5 discute-se os resultados e no capítulo 6 apresenta-se a conclusão do estudo, com recomendações para a formação de novos consórcios públicos de resíduos sólidos no Paraná”.
A discussão em torno da temática dos resíduos sólidos “torna-se cada vez mais presente na pauta mundial de discussões sobre meio ambiente e saneamento básico. O problema da gestão e do gerenciamento dos RSU no Brasil, além da questão ambiental e de saúde pública, constitui um desafio imposto pela legislação aos municípios de todos os portes. Principalmente aos municípios com até 30 mil habitantes, que representam mais de 80% do país, o que requer investimento e capacitação dos quadros técnicos das prefeituras.
Os municípios são obrigados a compatibilizar diferentes demandas dos diversos setores, por exemplo, saúde, educação, trabalho, com recursos escassos, pois a municipalização não está sincronizada com a disponibilidade orçamentária. As responsabilidades que eram da União e dos estados foram delegadas aos municípios pela Constituição de 1988, porém os repasses de recursos financeiros para esses fins ainda não são suficientes.
Desta forma, a proposta de consórcios públicos de resíduos sólidos representa uma alternativa para os municípios atenderem às exigências previstas nas Leis n. 11.445/2007 e n. 12.305/2010, bem como, demais legislações aplicáveis. No entanto, esta forma de arranjo institucional para resíduos ainda não está consolidada, conforme o levantamento realizado. Ademais, há pouca informação sobre o número de consórcios de resíduos sólidos efetivamente estabelecidos no país, onde estão estes consórcios, e qual o objeto específico de tais consórcios.
Entende-se que a construção de um mapeamento mais preciso dos consórcios públicos de resíduos sólidos seria o primeiro passo para estabelecer a troca de experiências e consequentemente fomentar a implantação de novos consórcios de resíduos no Brasil. É verdade que na esfera federal elaboraram-se alguns materiais de orientação aos municípios os quais estão disponíveis em sites do governo, que pode ser considerada uma iniciativa importante, mas ainda falta muito a fazer para que os municípios tenham acesso às informações e orientações sobre consórcios públicos, principalmente se for considerada a estrutura de tecnologias de informação e a falta de equipes técnicas na maioria dos municípios.
Quanto à pesquisa da literatura do tema, é consensual que o consórcio público para a prestação de serviços de resíduos sólidos possibilita investimentos que o titular do serviço, no caso o município, no geral não tem condições de realizar. Conforme Chieco (2011), entre os benefícios cita-se: racionalização do uso dos recursos, consolidação das peculiaridades regionais na execução dos serviços comuns, aumento nos investimentos regionais, auxílio entre os entes consorciantes para atender às demandas locais ou regionais, entre outros. Acrescente-se que não foi encontrado material apontando desvantagens para o consorciamento na área de resíduos.
Além disso, a solução regional representa ganho no custo de investimentos e de operação com o compartilhamento de instalações, e ao mesmo tempo, é conveniente aos municípios que têm dificuldades para operar sozinhos um aterro sanitário (BRASIL, 2010b).
Sobre a formação de consórcios públicos de resíduos sólidos, no caso do CONRESOL, a pesquisa indicou que a iniciativa do município foi fundamental para o processo (55% das respostas), seguida do convite de outro município (27% das respostas), ou seja, o consórcio não funciona de forma imposta, se viabiliza por meio de um processo de negociação entre os municípios. Esta negociação enfrenta diversos impasses, principalmente devido a diferenças políticas, partidárias, demais interesses e conflitos que possam existir, em especial, a definição de área para a disposição final dos resíduos.
Quanto ao ritual jurídico para a implantação do consórcio público, a pesquisa com o grupo consorciado mostrou que 75% dos municípios pesquisados demoraram menos de um ano para formalizar a participação. O que permite inferir que após a negociação entre os municípios, o prazo do trâmite burocrático não representa um entrave, portanto, pode-se afirmar que o processo previsto para a formalização dos consórcios públicos representa muito mais segurança jurídica do que morosidade.
Todavia, no grupo dos municípios não consorciados revelou-se que mais da metade dos municípios não conhece os instrumentos legais de um consórcio público, o que indica a necessidade de orientação e capacitação sobre o assunto, o que pode ser realizado via esfera federal por meio de um plano intenso e abrangente para atender esta demanda.
Em relação aos custos é pertinente comentar que inicialmente o município despenderá um valor maior, que ao longo do tempo será compensado em função da economia de escala. A maior vantagem sob a forma consorciada é a viabilização da disposição adequada. Acrescente-se que os municípios consorciados têm prioridade na obtenção de recursos de financeiros, conforme prevê a Lei n. 12.305/2010.
A pesquisa indicou para o grupo de municípios consorciados o aumento das despesas com resíduos. Este incremento é resultado da disposição adequada, ou seja, era mais barato dispor inadequadamente, porém, os custos dessa disposição inadequada se perpetuam no tempo pelos impactos ambientais, sociais e de saúde pública que causam, tornando a contabilização desses passivos ambientais algo muito complexo. Também vale comentar a indisponibilidade de estudos econômicos da situação dos municípios consorciados antes da assinatura do Protocolo de Intenções, para uma avaliação econômica que ateste a vantagem do consórcio sob este aspecto.
Quanto à comparação sobre o manejo de resíduos sólidos entre o grupo de municípios consorciados e não consorciados, nas categorias coleta seletiva, coleta de resíduos especiais, discussão sobre mecanismos de logística reversa, existência de centrais de triagem e separação de resíduo orgânico, não há disparidade nos resultados. Os resultados do grupo consorciado não são significativamente melhores porque o consórcio não influencia diretamente estes indicadores, uma vez que, o escopo do CONRESOL abrange somente tratamento e disposição final dos resíduos sólidos.
Em relação à análise dos indicadores de resíduos disponibilizados no SINIR, para comparar o grupo de municípios consorciados ao grupo de municípios não consorciados. Conforme descrito no capítulo anterior, com base nos resultados das médias calculadas não é possível afirmar que o grupo do CONRESOL apresenta superioridade de desempenho nos indicadores selecionados, quando comparado ao grupo de municípios não consorciados. Todavia, um banco de dados desses indicadores é extremamente útil por compor uma série histórica, e permitem, no futuro, correlações com ações de gestão e gerenciamento de resíduos dos municípios, para fins de planejamento do setor.
A pesquisa demonstrou a importância do consórcio público de resíduos sólidos para a viabilização da disposição adequada, ao evidenciar o CONRESOL, que representa um terço da população do Paraná, com disposição adequada. Acrescente-se que o CONRESOL possui um planejamento para a implantação de um sistema regionalizado de tratamento e disposição final, a planta denominada Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (SIPAR), que foi objeto de discussões judiciais e aguarda novo procedimento licitatório.
Em contrapartida, no grupo de municípios não consorciados 30% realizam disposição inadequada, e mesmo aqueles que dispõem seus resíduos em aterros sanitários devem preocupar-se com a vida útil desses aterros, considerando a tendência crescente na geração de resíduos e as exigências para licenciamento ambiental de novas áreas.
Quanto ao aumento na geração de resíduos sólidos, destaque-se a importância da implantação de programas de educação ambiental contínua e programas de comunicação e mobilização social, como forma de estímulo à institucionalização do conceito de sustentabilidade por parte da população, para que esta busque modificar hábitos de consumo e assuma suas responsabilidades, especialmente, em relação à correta separação e destinação dos resíduos recicláveis. A separação na fonte geradora, com a destinação adequada, fortalece a cadeia da reciclagem e implica na redução da quantidade de resíduos dispostos em aterros.
Em suma, entre os municípios do grupo não consorciado, mesmo aqueles que realizam a disposição adequada serão obrigados a repensar a gestão e o manejo de resíduos sólidos que geram em um futuro próximo e a partir de um cenário adverso, com a busca por novas áreas para disposição, tecnologias adequadas e recursos financeiros limitados, uma vez que, a Lei n. 12.305/2010 implicou em exigências que requerem mais investimentos dos municípios nessa área.
Acrescente-se que, se por um lado um aterro que atenda uma população maior possa ter uma diminuição de vida útil, em decorrência de um maior número de municípios que passam a realizar a disposição final no local, o compartilhamento de custos pode melhorar os processos de reutilização e reciclagem, bem como, viabilizar o investimento em outras tecnologias de tratamento”. (Trechos extraídos da dissertação)

 Após a elaboração supervisionada deste trabalho, evidentemente o mesmo tornou-se monografia que poderá ser consultada pelos estudiosos no assunto. Todavia, a mensagem maior é para todos os colegas da Sanepar como incentivo ao auto-desenvolvimento e a persistência na luta para não abandonar seus objetivos pessoais de mais conhecimento, mais cultura e mais aprimoramento técnico e pessoal, como fator de elevação do nível interpessoal na empresa.

Cada um que fique atento para sua qualificação, pois não haverá lugar para quem esmorecer e parar, esperando que o mundo passe por sua porta. A acomodação acaba com o indivíduo, sua determinação, sua identidade, mata sua alma, esbagaceia a vida e compromete o futuro.

Na seqüência vem a insatisfação e o negativismo e logo uma espécie de negativo coletivo. Os momentos nacionais e estaduais com sua variação política e instabilidade constituem terreno fértil para que o indivíduo esqueça a perspectiva positiva, tais as incertezas e também a fraqueza em que se meteu. Sim, onde se meteu devido a sua falta de pro-atividade? Meteu-se na mediocridade de não suportar ver os outros colegas estudar, crescer; na pitada do comunismo interno de pensar que todas as pessoas são iguais; na ilusão de pensar que ninguém pode se mover para cima para que não fique por baixo ou isolado no nível em que parou e numa exposição desagradável; na insatisfação, como raiz de sua acomodação e medo; no vício de culpar a empresa e os outros como muro das lamentações; há muito tempo deixou de perguntar o que aprendeu durante a semana e deixou de se incomodar em receber o nada como resposta. Abandonou-se às tarefas rotineiras e ao dia a dia, esperando as horas passarem na frente do computador. Afinal, o salário vem no final do mês de qualquer modo.

E diga-se o autodesenvolvimento não se restringe a aprimoramento técnico. Há cargos onde não há mais tal atrativo, mas há muitos outros campos de interesse que podem ser adentrados com a finalidade de aprimoramento pessoal como ser humano. É este o maior ideal, procurar crescer como pessoa, como Ser, procurando esclarecimento  contínuo em busca da consciência como indivíduo. Disto, aproveita-se  o funcionário, a empresa, a esposa, os amigos, a família e a sociedade. A sabedoria e o aprimoramento nas relações humanas é um grande avanço para a sociedade e depende do interesse individual. Isto já melhora em muito o clima e o relacionamento entre as pessoas na empresa, diminuindo os efeitos do individualismo e do materialismo reinante, com efeito prático em prol da amizade e cordialidade ou no mínimo mais respeito.  Já seria um grande passo humano para curar muitos da falta de ética, da falsidade e do espírito de “traíra” que muitos cultuam como “independência”, mas que não passa de camuflado egoísmo e expressão da frieza da materialização e coisificação do Próximo.      

Com maior possibilidade de discernimento advindo dos estudos, haverá para cada um mais crítica, auto-crítica e possibilidades de estar consciente da realidade e dos rumos a tomar. As tarefas da empresa nunca serão feitas só para contentar o chefe e colegas, mas para a empresa em si, porque esta está acima de todos seus passageiros no tempo. Não é uma empresa de embalagens, bebidas e veneno etc, é empresa de saúde, de bem–estar, de redução da miséria, doenças e mortalidade infantil. Vale a pena dedicar-se a isto com qualidade pessoal.  

E é bom lembrar que a Sanepar está no limiar de enfrentar uma das suas maiores evasões de capacidades técnicas e pessoais, pois a partir possivelmente de 2015, muitos profissionais de experiência poderão se aposentar e surgirá um gap técnico e gerencial. Haverá uma grande oportunidade para a gente nova que permanecer na empresa.

É bom se manter acordado. O mundo não pára e a empresa vai se ajustando às necessidades do setor de saneamento. Mira o futuro e vive do presente. Muitas oportunidades serão criadas, mas haverá exigência de qualificação e aprimoramento técnico.  Não haverá lugar para incompetentes e protegidos políticos que não correspondam com trabalho e qualidade.

Cada um que se preocupe em fazer a diferença, chocar o senso comum instalado e mudar o ambiente de trabalho para um novo clima de progresso pessoal e coletivo. Cada um pode ser um bom agente de mudança positiva para acabar com as forças da mesmice e da monotonia de gastar horas cheias olhando o computador com coisas vazias. 

Em todo local de trabalho há sempre uma coleção de tipos humanos. Haverá os tarefeiros, seguidores e haverá os pensadores e idealizadores. Há problema quando o equilíbrio é ameaçado e os tarefeiros conseguem dominar o ambiente e estabelecer padrões medíocres de relacionamento, quase sempre voltados à proteção de seu umbigo e status quo, o qual desejam seja imutável, impedindo o  desenvolvimento das ideais de crescimento coletivo e individual. É certo que pessoas sem cultura geral, sem uma visão ampla do processo humano de civilização, meras seguidoras, têm muita dificuldade em desconectar o umbigo na hora de fazer sua análise da conjuntura no mundo que as cercam. Predomina a visão fisiológica, voltada à satisfação do básico na rotina de vida. Ganha chance o individualismo, fica difícil o trabalho em equipe e também ver a empresa como um esforço conjunto para obter resultados para a sociedade.               

Odilon Reinhardt.