quinta-feira, 30 de junho de 2011

Artigo da semana

Vale tudo na modernidade?

Será que as dificuldades da vida atual autorizam o vale-tudo? Será que as necessidades materiais, as ambições de cada um, a competição, os condicionamentos sociais, a demora da Justiça, descartam a observância dos valores e princípios no exercício da profissão e na vida particular?

Nem na profissão nem na vida pessoal, valores e princípios deixam de ser exigidos e cobrados. Pode-se observar que com a modernidade, os meios, os equipamentos, as coisas em geral de consumo, tornam-se, por uma questão de modelo econômico, descartáveis, passageiros e transitórios.

Todavia, qualquer tentativa de transpor tal realidade para o mundo do relacionamento profissional ou não, está fadada a falhar, pois no campo espiritual, valores e princípios como respeito ao próximo, honestidade, boa-fé, probidade, compaixão, fraternidade etc, não são descartáveis, porque são códigos de comportamento que a humanidade testou e consolidou como meio de conveniência não só entre as pessoas, mas também entre países em qualquer situação e função. Independentemente da posição ou cargo, do campo profissional e da pessoa, o semelhante é o Ser que se deve respeitar.

A exigência ética e moral são na verdade reflexo dos princípios e valores do campo espiritual de cada um, do coletivo e do país, incorporados a legislação ou não, mas existentes para nortear a vida honesta entre os seres humanos do bem.

Durante o processo judicial ou não, durante as questões administrativas, e em conflitos da vida funcional, por disputas internas, ninguém é autorizado a agir sem ética e moral.

Estratégias, tramas, esquemas e estratagemas processuais e pessoais não darão bom resultado se não observarem à ética. Poderá o indivíduo ou seu grupo transitoriamente obter sucesso, mas logo a própria sociedade local restabelecerá o caráter honesto de como deve-ser.

A sanção social será política ou processual, mas ninguém escapa a seu poder no mundo externo ou no tribunal de sua consciência. Por vezes o sucesso obtido com falta de observância da moralidade e da ética permanecem no campo do foro íntimo e queimam o indivíduo todos os dias. A dor é intensa e incessante.

Ter crédito junto às pessoas, ser uma pessoa ética e moral e desenvolver a vida dentro dos padrões honestos, de boa-fé e positivos, sempre dará bons resultados e nenhum arrependimento.

A ética profissional, cujas regras estão baseadas na enumeração de atos a serem evitados no exercício da profissão, constam de diplomas legais e diversos; é matéria facilmente assimilável pela pessoa que em seu interior espiritual já tenha tais valores de bondade e da boa conduta.

Seja o administrador, o contador o advogado, o médico, o engenheiro etc, todos têm um código de ética similar. Cada profissão tem seus atos caracterizados como antiéticos e passíveis de punição pelos órgãos de classe. Não importando a profissão, todas as normas da ética têm ligação direta e comum entre si, por advêm da necessidade de respeito à dignidade da pessoa humana como pessoal ou profissional, a boa-fé, a honestidade, a solidariedade etc.

As infrações ético-profissionais dificilmente podem ser desassociadas de mente de seu infrator, que é o Ser Humano, talvez despreparado, talvez inexperiente e com tudo para aprender e crescer pela dor que as conseqüências de seus atos acarretarem.

O individualismo, o materialismo e a queda de sensibilidade humana trazidos pela modernidade na cidade grande, cobertos pelo aparente anonimato e ilusão de impunidade, dão a falsa impressão de que tudo vale e tudo será premiado. Mas assim não é e a realidade tem mostrado. Mais cedo ou mais tarde a infração a ética e moralidade vem à luz, mesmo que já tenha ardido na mente do infrator. Só com a vida e com muita dor a maioria vai entender que no mundo das coisas, por questão de modelo econômico, tudo é mesmo passageiro e transitório, há o culto a aparência com muita competição e comparações, criando ansiedade e frustração. O Transitório pertence ao mundo dos objetos e equipamentos. Será um erro essencial aplicar tal transitoriedade para o mundo dos valores espirituais, ético e morais.

Na modernidade, valores e princípios espirituais continuam fortes como referência para o relacionamento humano, pessoal e profissional. Não foram e nunca serão abolidos. As aparentes mazelas do mundo político  e seus níveis de comportamento, ampla e diretamente divulgados pelos meios de comunicação, pode dar a impressão  de um descontrole geral no campo ético; todavia, no campo miúdo do relacionamento pessoal e profissional, o controle existente, é praticado e as punições são aplicadas não só pelos órgãos de classe mas pelos colegas, conhecidos e cidadãos que comentam, segregam, discriminam a pessoa anti-ética e amoral. A punição neste campo é draconiana, pois a pessoa é rejeitada no meio social e profissional. Nada pior do que isto.  A pessoa ser excluída. Um ser humano que ainda não deu certo.

O art. 34 do Estatuto do Advogado está vigente, os artigos 14 e 17 do Código de Processo Civil  e a lei 8906/94 como um todo tratam da ética na advocacia. Se bem analisado todo o ordenamento jurídico está baseado e protege valores e princípios para o deve-ser, fornecendo uma boa referência para a sociedade e as pessoas conduzirem-se pela inevitável modernidade e avanços do material, coisas e equipamentos.

por Odilon Reinhardt

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