Infeliz secular mosquito.
Encurralado está nosso
país, pego novamente de surpresa, mas desta vez, numa das maiores trapalhadas
históricas. As “elite política” com seu domínio acastelado, agora é composta de
novos senhores, os quais, quando na oposição, marchavam contra castelos do
Poder.
Arrombado e conquistado o então imaginário
castelo supremo, tudo passou a ser sonho e idealismo para mudar o modo de ser
na condução dos negócios de interesse da Pátria. Ledo engano. Os então
opositores clássicos, por décadas apoiados pela crescente massa e desgostosos
desempregados da classe média, uma vez no Poder, ficaram eufóricos, fascinados,
cegos. Nenhuma alteração fizeram, a não ser a de dar benefícios tresloucados, superficiais e temporários
enquanto lançavam mão das estratégias muito bem elaboradas das “elite política”
para se perpetuar no Poder. Marinheiros de primeira viagem no Transatlântico
Brasil, mas espertalhões de muitas aventuras sindicais, foram além da cota,
além da conta. Avançaram todos os sinais e limites. As “elite” sempre viveram
de negócios de interesse privado tornados públicos, mas a atual geração de
poderosos foi além da marca d´água. Realizaram o adágio popular “quem nunca
comeu marmelada, quando come se lambuza”.
Os novatos seguiram o mesmo caminho, mas
extrapolaram a capacidade de carga, o que chamou a atenção dos ex-detentores do
Poder e pretensos aspirantes dessa marina, os quais desesperados, viram logo que jamais voltariam
à ponte de comando, diante do enorme estoque de bens e dinheiro nos estaleiros
particulares dos atuais poderosos. Com as chamadas reservas para eleição em
baixa, surgiram timidamente as primeiras denúncias, as primeiras campainhas,
avisando que algo estava muito errado. Nos esquemas alguém não recebeu a sua
parte. O ego foi inflado, surge a revolta e a traição. Daí a sucessão de escândalos, fazendo com que
as negociações políticas ficassem fora da conveniência.
A corrupção generalizada vem à tona. É
revelado o maior esquema corrupto até hoje visto. Algo cientificamente
elaborado, complexo, intrincado, feito por profissionais de várias áreas. Milhares de euros nos porões já esgotados e
saindo para o convés. Descobre-se então
que o transatlântico esteve todo o tempo na mão de “piratas”. Com a inédita
atuação do Ministério Público e da Polícia Federal, inicia-se o desmonte dos
castelos de areia, que prometiam educação, saúde e vida melhor para a
população, emprego fácil, salário maior, casa mobiliada e carro na garagem numa
economia próspera e sobre bases sólidas. Uma época de ouro como a de Franklin
Roosevelt e Juscelino Kubitschek.
A Justiça, que tanto foi cautelosa e crédula
nos processos do Mensalão, entregou-se à verdade maior e não pode negar Justiça
aos jornais e parte do povo crédulo e estarrecido de todas as camadas sociais e
econômicas perante a avalanche de operações policiais desmascarando tudo que
estava sendo plantado como verdade.
Agora o desmonte vai se agravando. De todo o
aspirado progresso, agora o reverso:
desemprego, queda do consumo, queda da produção, mais desemprego, inflação e
juros altos. O país envergonhado. A Direita com sede de voltar ao Poder.
Pessoas deixando suas moradias alugadas ou financiadas. O carro novo ou
seminovo devolvido. Na falta de salário, a evasão escolar, a separação de
casais, a violência. Filhos retirados da escola e da faculdade, o endividamento
total. A farsa, o sonho, a fantasia tentada é desmontada para compor o teatro
dos horrores e da ópera bufa. No desgosto coletivo, todavia, a dor e o drama
individual do brasileiro é marginalizado e sepultado, como problema pessoal.
Por tradição cristã, somos já por
condicionamento, levados a pensar no perdão, na piedade, na solidariedade e
compaixão para com o Próximo, sempre prontos para dar a segunda chance. Os
ditos poderosos que armaram cientificamente toda esta arquitetura de corrupção
e assalto aos cofres cheios de impostos só pensaram em seus bolsos cheios e não
nas diversas faces da miséria nacional. Enchem agora suas bocas demagógicas
alardeando que deram muitas bolsas e benefícios sociais, mas não ousam rebater o ataque de que esse tipo de
benefício é sim uma compra de votos financiada com dinheiro público e
insustentável no tempo, face a situação econômica do país, que nunca foi
boa.
O sonho maior dos atuais poderosos de eleger e manter uma América Latina
socialista afunda como um barco à deriva, onde o capitão comeu lula, esqueceu a
chave da chácara e perdeu a moral. É dado o início a problemas estruturais
graves e o estopim para a volta de juros muito mais altos, depressão econômica
e inflação sem controle. Até o ano 2020, segundo analistas americanos, o país
só crescerá 1,5% cumulativamente.
Isto em plena e anunciada recuperação
mundial, para a qual deixaremos de dar garantias para a saúde, educação e
segurança. Os atuais poderosos, que estavam tão concentrados em seus
interesses de acumulação, esqueceram a conjuntura mundial e do país. Não viram
o tsunami, para o qual, em sua miopia na
Ilha da Fantasia, deram o nome de
marolinha. Mais uma vez então voltaram-se para as chamadas “base” pedindo
dinheiro, mais impostos, admitindo que erraram, mas que as bases deveriam pagar
tudo. O cidadão já de bolso gasto e as empresas já saturadas são mais uma vez
obrigadas a contribuir. O que dizer então de planos para criar um bom ambiente
para os negócios comerciais, instalações de empresas e exportações, inovações
tecnológicas e pesquisa além da necessidade imperiosa de melhorar a
conectividade, como instrumento essencial para os negócios? O
Transatlântico Brasil mais uma vez
ficará parado para limpeza interna enquanto o mundo vai progredir? Faltou cabeça, só ampliaram a nível nacional
suas ideias miúdas, sem base e planejamento, erradas. Torraram a oportunidade
histórica de ajudar a Nação. Só obras
casca de ovo e superfaturadas. O total malogro.
O dano causado pela trapalhada geral,
fundeada na falta de planejamento, na administração gerenciada pelo tradicional
“apagar o incêndio”, pela incompetência, pelas consequências da quebra da
meritologia, pelo inchaço do Poder Executivo e empresas estatais, pela falta de
planejamento de longo prazo etc, etc, etc, etc, agora deverá ser pago pela
Nação.
Mas mais impostos, mais dinheiro, não será a
solução. A mentalidade materialista dos governos sempre foi um grande erro num
país onde 8% dos 96% de alfabetizados pode ler e interpretar um texto. Não
precisa dizer mais nada para projetar os reflexos de tal realidade em todos os
campos da vida nacional.
O país é político e fisiológico, não
científico e racional. Giramos e falamos pelo que se vê na TV do dia anterior,
quase teleguiados. Os inquilinos do
Poder usam todos os meios, diante de qualquer grave crise de imagem, para sair
do foco e distrair a atenção. Como em qualquer governo, vale mentir, roubar,
tramar, trair, sabotar, delatar, manipular dados e informações, escamotear,
plantar notícias, tentar silenciar a imprensa, tudo pelo Poder, que vive de cobiça,
vaidade, prestígio, orgulho, luxúria, ciúme, inveja, sendo o verdadeiro reino
do Ego, tudo de mal, ajudado pelo hedonismo e a competição de
megalomaníacos. A saída para não queimar
votos futuros é sair de cena, deixando outros atores de momento, talvez o
futebol, talvez até um secular mosquito. Aliás, mosquito que parece não picar
crianças, justamente as que mais brincam nos quintais sujos onde há depósito de
tudo. Pelo menos nisso, o alarde geral servirá para melhorar a higiene e a condição de nossos quintais, onde
ainda parte da infância é passada com sucesso.
O comprometimento da vida do país é grave, a
Nação está abalada, mas poucos podem ver e transcender ao caos gerado pelo
desmonte de uma sonho fantasioso, talvez até válido em seu conceito histórico
de se beneficiar o povo num governo do povo para o povo e pelo povo como previu
Abraham Lincoln. Mas um sonho que sem dúvida esqueceu a qualidade dos
executores, quase todos iguais ou piores do que os membros clássicos das “elite
“ que tanto condenavam.
O tradicional e secular ponto fraco vem à
tona: o ser humano, o cidadão comum. Sustentáculo da política, do mundo
corporativo, das obras e serviços, começa a mostrar-se inadequado para o
progresso no mundo virtual como gerador de ideias. Fisiológicos, carregando um
recalque de carências materiais de séculos, mostram-se meros seguidores,
incapazes de participar de decisões na pobre democracia intentada no sistema de
poder político na coletividade, nas empresas etc.
No geral mantido numa rotina massacrante,
eternamente endividado, quando no Poder faz valer a regra “agora eu vou me
fazer”. No dia à dia, é o alienado, manipulado, egóico, violento mas de fácil
condução; mostra-se cansado e incapaz de analisar e entender a terminologia de
processos da vida pública; mostra-se arrasado pelo que se diz na TV de uma dia
para o outro e incapaz de projetar as consequências para sua rotina de cidadão
e trabalhador; engana-se com os instrumentos da informática, crédito fácil e
inúmeras pegadinhas da cidade que lhe
sugam o tempo de parar, pensar,
criticar e propor. A perda da liberdade
é silenciosa e traz muitos danos. O
cidadão torna-se robotizado, condicionado,carente.
A Nação vem sendo há décadas ameaçada num de
seus mais importantes componentes: o brasileiro. Alguns dentre os
brasileiros, quando chamados a preencher um cargo público ou qualquer posição
de maior responsabilidade não deixam de mostrar quem são e como são em seus
planos e sonhos a fim de realizar seus modelos. O lema maior acima mencionado “
agora vou me fazer” é a motivação desses piratas em todos os níveis de Poder,
onde ,entre os honestos e regulares seres, “trabalham” em baixo das mesas como
o objetivo de assaltar os cofres públicos de maneira direta e indireta, sendo
portadores de uma sub-cultura de fluxo e amplitude até internacional nos jogos
patrióticos; uma casta inferior, material e individualista, controlada pelo
ego. Infiltram-se em todos os níveis da vida pública em inconsciente busca do
tesouro material que os faça sentirem-se superiores perante as massas mal
pensantes, obrigadas a tê-los por pelo menos 4 anos como soberanos. Tudo
financiado pelos impostos.
Depois
deixam para a população o que sobrou. O espólio. Geralmente voltam impunes para
o anonimato mas ricos. Este trivial costume esta para acabar agora. Mas as
consequências na população persistem: aumenta a violência entre as pessoas, o
ego domina os relacionamentos, o conflito sobrecarrega a polícia e Justiça. O
nível é rebaixado, o país torna-se mais operacional. Empresas em agonia demitem
quem tem graduação, preservam as pessoas de nível técnico. Vale manter-se vivo
e não pensar em soluções, menosprezando
a verdade de que na crise é que surgem as oportunidade de repensar e ir em
frente para a prosperidade. Sorte que o país ainda tem alguns empresários
natos, corajosos e destemidos empreendedores que ainda acreditam em seus
talentos e dedicam-se a seus negócios particulares pagando milhares de reias em
impostos.
Todavia a
sequência de erros históricos está rendendo novas realidades,
infelizmente não de progresso sucesso e avanço, mas a de regresso aos níveis
anteriores na evolução da humanidade.
Prevalece o fisiológico como último bastião do ser brasileiro.
Infelizmente há dúvida quanto a tudo que se
montou como estatal e seus ocupantes extraordinariamente remunerados. Há muito
político idealista sufocado no meio de tudo o que está acontecendo. Mesmo assim
duvidamos dos políticos, dos líderes, das políticas, dos programas e nos
socorremos da esperança em algumas instituições e na separação dos três
poderes. Tomado o poder da direita sob pretexto de democratizar e incluir, só
houve distribuição de benefícios sociais e controle artificial de preços e
manipulação de balanços, sem que tenham sido implantadas medidas estruturais na
economia para garantir maior renda e melhor vida continuamente. Inventaram até
mesmo uma economia paralela, um universo só deles, bem movimentada, para lavar
dinheiro e gerar emprego e assegurar uma vida para eles cheia do material. Nada
de aprender a pescar, só peixe de graça.
Agora o fim da fantasia e o recomeço do sofrimento para os agraciados.
Este é o show dos horrores no setor público, com seus dramas políticos e muita
corrupção e propinagem em meio a guerras políticas. Tudo financiado pelos
impostos. Que país é este, perguntou um corrupto ao ser detido e isto leva à
reflexão de que é uma país tolerante,
mas rígido depois da denúncia. A Justiça em seu maior escalão, a Polícia
Federal e o Ministério Público mostram que mudaram e são independentes no
cumprimento do dever. O país não é o mesmo e o corrupto indagante, cego com
seus dinheiros e poder, não viu o sinal de que a impunibilidade estava
desaparecendo.
No entanto, apesar do show na área pública há
muitas coisas que vêm acontecendo. Ficam saturadas as críticas mais gerais e
globais. Pensadores, comentaristas e escritores abandonam o geral e dedicam-se
à crítica diária de fatos menores, doam-se ao aqui-agora das edições de jornais, revistas e periódicos para quem
trabalham. Fazem crítica superficial e
cativa.
No mesmo sentido, são abandonados os números
alarmantes da estatística sobre doenças mentais, sobre psicopatias e
sociopatias, reprovação escolar, doenças sexuais , absenteísmo nas empresas,
malária, número assassinatos diários nas cidades etc, etc. Vence o mosquito,
ressalta-se o mosquito, elege-se o mosquito. Salve o maldito mosquito!
Novamente o pensamento materialista estatal,
colocando de lado os erros históricos quanto à saúde, à educação e à segurança,
principalmente a emocional do brasileiro mais jovem, abandonado ao
individualismo importado. O país perde mão de obra todo dia, perde pensadores,
ganha tarefeiros e seguidores cegos. Rendemo-nos à importação de tudo e todos
com suas ideias e planos discutíveis de piratas sem destino. Seremos salvo pelo
herói do momento, o mosquito que venceu o Brasil?
Tiradentes foi enforcado e esquartejado por
que queria a Liberdade. Qual a pena para quem a tem retirado lentamente da
Nação?
Odilon Reinhardt.