quarta-feira, 9 de março de 2016






                                         
                                              Infeliz secular mosquito.
 
                  
Encurralado está nosso país, pego novamente de surpresa, mas desta vez, numa das maiores trapalhadas históricas. As “elite política” com seu domínio acastelado, agora é composta de novos senhores, os quais, quando na oposição, marchavam contra castelos do Poder.

Arrombado e conquistado o então imaginário castelo supremo, tudo passou a ser sonho e idealismo para mudar o modo de ser na condução dos negócios de interesse da Pátria. Ledo engano. Os então opositores clássicos, por décadas apoiados pela crescente massa e desgostosos desempregados da classe média, uma vez no Poder, ficaram eufóricos, fascinados, cegos. Nenhuma alteração fizeram, a não ser a de dar benefícios  tresloucados, superficiais e temporários enquanto lançavam mão das estratégias muito bem elaboradas das “elite política” para se perpetuar no Poder. Marinheiros de primeira viagem no Transatlântico Brasil, mas espertalhões de muitas aventuras sindicais, foram além da cota, além da conta. Avançaram todos os sinais e limites. As “elite” sempre viveram de negócios de interesse privado tornados públicos, mas a atual geração de poderosos foi além da marca d´água. Realizaram o adágio popular “quem nunca comeu marmelada, quando come se lambuza”.

Os novatos seguiram o mesmo caminho, mas extrapolaram a capacidade de carga, o que chamou a atenção dos ex-detentores do Poder e pretensos aspirantes dessa marina, os quais  desesperados, viram logo que jamais voltariam à ponte de comando, diante do enorme estoque de bens e dinheiro nos estaleiros particulares dos atuais poderosos. Com as chamadas reservas para eleição em baixa, surgiram timidamente as primeiras denúncias, as primeiras campainhas, avisando que algo estava muito errado. Nos esquemas alguém não recebeu a sua parte. O ego foi inflado, surge a revolta e a traição.  Daí a sucessão de escândalos, fazendo com que as negociações políticas ficassem fora da conveniência.

A corrupção generalizada vem à tona. É revelado o maior esquema corrupto até hoje visto. Algo cientificamente elaborado, complexo, intrincado, feito por profissionais de várias áreas.  Milhares de euros nos porões já esgotados e saindo para o convés.   Descobre-se então que o transatlântico esteve todo o tempo na mão de “piratas”. Com a inédita atuação do Ministério Público e da Polícia Federal, inicia-se o desmonte dos castelos de areia, que prometiam educação, saúde e vida melhor para a população, emprego fácil, salário maior, casa mobiliada e carro na garagem numa economia próspera e sobre bases sólidas. Uma época de ouro como a de Franklin Roosevelt  e Juscelino Kubitschek.    

A Justiça, que tanto foi cautelosa e crédula nos processos do Mensalão, entregou-se à verdade maior e não pode negar Justiça aos jornais e parte do povo crédulo e estarrecido de todas as camadas sociais e econômicas perante a avalanche de operações policiais desmascarando tudo que estava sendo plantado como verdade.  

Agora o desmonte vai se agravando. De todo o aspirado progresso, agora o  reverso: desemprego, queda do consumo, queda da produção, mais desemprego, inflação e juros altos. O país envergonhado. A Direita com sede de voltar ao Poder. Pessoas deixando suas moradias alugadas ou financiadas. O carro novo ou seminovo devolvido. Na falta de salário, a evasão escolar, a separação de casais, a violência. Filhos retirados da escola e da faculdade, o endividamento total. A farsa, o sonho, a fantasia tentada é desmontada para compor o teatro dos horrores e da ópera bufa. No desgosto coletivo, todavia, a dor e o drama individual do brasileiro é marginalizado e sepultado, como problema pessoal.

Por tradição cristã, somos já por condicionamento, levados a pensar no perdão, na piedade, na solidariedade e compaixão para com o Próximo, sempre prontos para dar a segunda chance. Os ditos poderosos que armaram cientificamente toda esta arquitetura de corrupção e assalto aos cofres cheios de impostos só pensaram em seus bolsos cheios e não nas diversas faces da miséria nacional. Enchem agora suas bocas demagógicas alardeando que deram muitas bolsas e benefícios sociais, mas não ousam rebater o ataque de que esse tipo de benefício é sim uma compra de votos financiada com dinheiro público e insustentável no tempo, face a situação econômica do país, que nunca foi boa.   

O sonho maior dos atuais poderosos  de eleger e manter uma América Latina socialista afunda como um barco à deriva, onde o capitão comeu lula, esqueceu a chave da chácara e perdeu a moral. É dado o início a problemas estruturais graves e o estopim para a volta de juros muito mais altos, depressão econômica e inflação sem controle. Até o ano 2020, segundo analistas americanos, o país só crescerá 1,5% cumulativamente.

Isto em plena e anunciada recuperação mundial, para a qual deixaremos de dar garantias para a saúde, educação e segurança. Os atuais poderosos, que estavam tão concentrados em seus interesses de acumulação, esqueceram a conjuntura mundial e do país. Não viram o tsunami, para o qual, em sua miopia na Ilha da Fantasia,  deram o nome de marolinha. Mais uma vez então voltaram-se para as chamadas “base” pedindo dinheiro, mais impostos, admitindo que erraram, mas que as bases deveriam pagar tudo. O cidadão já de bolso gasto e as empresas já saturadas são mais uma vez obrigadas a contribuir. O que dizer então de planos para criar um bom ambiente para os negócios comerciais, instalações de empresas e exportações, inovações tecnológicas e pesquisa além da necessidade imperiosa de melhorar a conectividade, como instrumento essencial para os negócios? O Transatlântico Brasil mais uma vez ficará parado para limpeza interna enquanto o mundo vai progredir?  Faltou cabeça, só ampliaram a nível nacional suas ideias miúdas, sem base e planejamento, erradas. Torraram a oportunidade histórica de ajudar a Nação.  Só obras casca de ovo e superfaturadas. O total malogro.  

O dano causado pela trapalhada geral, fundeada na falta de planejamento, na administração gerenciada pelo tradicional “apagar o incêndio”, pela incompetência, pelas consequências da quebra da meritologia, pelo inchaço do Poder Executivo e empresas estatais, pela falta de planejamento de longo prazo etc, etc, etc, etc, agora deverá ser pago pela Nação.

Mas mais impostos, mais dinheiro, não será a solução. A mentalidade materialista dos governos sempre foi um grande erro num país onde 8% dos 96% de alfabetizados pode ler e interpretar um texto. Não precisa dizer mais nada para projetar os reflexos de tal realidade em todos os campos da vida nacional.

O país é político e fisiológico, não científico e racional. Giramos e falamos pelo que se vê na TV do dia anterior, quase teleguiados.  Os inquilinos do Poder usam todos os meios, diante de qualquer grave crise de imagem, para sair do foco e distrair a atenção. Como em qualquer governo, vale mentir, roubar, tramar, trair, sabotar, delatar, manipular dados e informações, escamotear, plantar notícias, tentar silenciar a imprensa, tudo pelo Poder, que vive de cobiça, vaidade, prestígio, orgulho, luxúria, ciúme, inveja, sendo o verdadeiro reino do Ego, tudo de mal, ajudado pelo hedonismo e a competição de megalomaníacos.  A saída para não queimar votos futuros é sair de cena, deixando outros atores de momento, talvez o futebol, talvez até um secular mosquito. Aliás, mosquito que parece não picar crianças, justamente as que mais brincam nos quintais sujos onde há depósito de tudo. Pelo menos nisso, o alarde geral servirá para melhorar a higiene e a condição de nossos quintais, onde ainda parte da infância é passada com sucesso.

O comprometimento da vida do país é grave, a Nação está abalada, mas poucos podem ver e transcender ao caos gerado pelo desmonte de uma sonho fantasioso, talvez até válido em seu conceito histórico de se beneficiar o povo num governo do povo para o povo e pelo povo como previu Abraham Lincoln. Mas um sonho que sem dúvida esqueceu a qualidade dos executores, quase todos iguais ou piores do que os membros clássicos das “elite “ que tanto condenavam.

O tradicional e secular ponto fraco vem à tona: o ser humano, o cidadão comum. Sustentáculo da política, do mundo corporativo, das obras e serviços, começa a mostrar-se inadequado para o progresso no mundo virtual como gerador de ideias. Fisiológicos, carregando um recalque de carências materiais de séculos, mostram-se meros seguidores, incapazes de participar de decisões na pobre democracia intentada no sistema de poder político na coletividade, nas empresas etc.

No geral mantido numa rotina massacrante, eternamente endividado, quando no Poder faz valer a regra “agora eu vou me fazer”. No dia à dia, é o alienado, manipulado, egóico, violento mas de fácil condução; mostra-se cansado e incapaz de analisar e entender a terminologia de processos da vida pública; mostra-se arrasado pelo que se diz na TV de uma dia para o outro e incapaz de projetar as consequências para sua rotina de cidadão e trabalhador; engana-se com os instrumentos da informática, crédito fácil e inúmeras pegadinhas da cidade que lhe  sugam o tempo  de parar, pensar, criticar e propor.   A perda da liberdade é silenciosa e traz muitos danos.  O cidadão torna-se robotizado, condicionado,carente.

A Nação vem sendo há décadas ameaçada num de seus mais importantes componentes: o brasileiro. Alguns dentre os brasileiros, quando chamados a preencher um cargo público ou qualquer posição de maior responsabilidade não deixam de mostrar quem são e como são em seus planos e sonhos a fim de realizar seus modelos. O lema maior acima mencionado “ agora vou me fazer” é a motivação desses piratas em todos os níveis de Poder, onde ,entre os honestos e regulares seres, “trabalham” em baixo das mesas como o objetivo de assaltar os cofres públicos de maneira direta e indireta, sendo portadores de uma sub-cultura de fluxo e amplitude até internacional nos jogos patrióticos; uma casta inferior, material e individualista, controlada pelo ego. Infiltram-se em todos os níveis da vida pública em inconsciente busca do tesouro material que os faça sentirem-se superiores perante as massas mal pensantes, obrigadas a tê-los por pelo menos 4 anos como soberanos. Tudo financiado pelos impostos.

Depois deixam para a população o que sobrou. O espólio. Geralmente voltam impunes para o anonimato mas ricos. Este trivial costume esta para acabar agora. Mas as consequências na população persistem: aumenta a violência entre as pessoas, o ego domina os relacionamentos, o conflito sobrecarrega a polícia e Justiça. O nível é rebaixado, o país torna-se mais operacional. Empresas em agonia demitem quem tem graduação, preservam as pessoas de nível técnico. Vale manter-se vivo e não pensar em soluções, menosprezando a verdade de que na crise é que surgem as oportunidade de repensar e ir em frente para a prosperidade. Sorte que o país ainda tem alguns empresários natos, corajosos e destemidos empreendedores que ainda acreditam em seus talentos e dedicam-se a seus negócios particulares pagando milhares de reias em impostos.

Todavia a  sequência de erros históricos está rendendo novas realidades, infelizmente não de progresso sucesso e avanço, mas a de regresso aos níveis anteriores na evolução da humanidade.  Prevalece o fisiológico como último bastião do ser brasileiro.

Infelizmente há dúvida quanto a tudo que se montou como estatal e seus ocupantes extraordinariamente remunerados. Há muito político idealista sufocado no meio de tudo o que está acontecendo. Mesmo assim duvidamos dos políticos, dos líderes, das políticas, dos programas e nos socorremos da esperança em algumas instituições e na separação dos três poderes. Tomado o poder da direita sob pretexto de democratizar e incluir, só houve distribuição de benefícios sociais e controle artificial de preços e manipulação de balanços, sem que tenham sido implantadas medidas estruturais na economia para garantir maior renda e melhor vida continuamente. Inventaram até mesmo uma economia paralela, um universo só deles, bem movimentada, para lavar dinheiro e gerar emprego e assegurar uma vida para eles cheia do material. Nada de aprender a pescar, só peixe de graça.  Agora o fim da fantasia e o recomeço do sofrimento para os agraciados. Este é o show dos horrores no setor público, com seus dramas políticos e muita corrupção e propinagem em meio a guerras políticas. Tudo financiado pelos impostos. Que país é este, perguntou um corrupto ao ser detido e isto leva à reflexão de que é uma país tolerante,  mas rígido depois da denúncia. A Justiça em seu maior escalão, a Polícia Federal e o Ministério Público mostram que mudaram e são independentes no cumprimento do dever. O país não é o mesmo e o corrupto indagante, cego com seus dinheiros e poder, não viu o sinal de que a impunibilidade estava desaparecendo.   

No entanto, apesar do show na área pública há muitas coisas que vêm acontecendo. Ficam saturadas as críticas mais gerais e globais. Pensadores, comentaristas e escritores abandonam o geral e dedicam-se à crítica diária de fatos menores, doam-se ao aqui-agora das edições de jornais, revistas e periódicos para quem trabalham. Fazem crítica superficial e cativa. 

No mesmo sentido, são abandonados os números alarmantes da estatística sobre doenças mentais, sobre psicopatias e sociopatias, reprovação escolar, doenças sexuais , absenteísmo nas empresas, malária, número assassinatos diários nas cidades etc, etc. Vence o mosquito, ressalta-se o mosquito, elege-se o mosquito. Salve o maldito mosquito!

Novamente o pensamento materialista estatal, colocando de lado os erros históricos quanto à saúde, à educação e à segurança, principalmente a emocional do brasileiro mais jovem, abandonado ao individualismo importado. O país perde mão de obra todo dia, perde pensadores, ganha tarefeiros e seguidores cegos. Rendemo-nos à importação de tudo e todos com suas ideias e planos discutíveis de piratas sem destino. Seremos salvo pelo herói do momento, o mosquito que venceu o Brasil? 

Tiradentes foi enforcado e esquartejado por que queria a Liberdade. Qual a pena para quem a tem retirado lentamente da Nação?


Odilon Reinhardt.