quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016




2016


Tudo que foi continuará? A economia em crise, a política, no seu mundinho de tramas e acertos, com seus shows de mentira e verdade na luta pelo Poder e dinheiro; a cena pública sem coerência nem satisfação, sempre retratada na chuverada diária de más notícias sobre acidentes e corrupção. A coisa pública sempre sendo objeto de espoliação, indignando alguns e sendo banalizada por muitos. O teatro será o mesmo, os shows piores ou não. Mas a vida continuará e a vida é interesse de cada um, principalmente a de qualidade.

Seguiremos andando. A qualidade será conquistada, se os propósitos forem justos e honestos num plano de desenvolvimento pessoal, que vise o progresso não só profissional, mas emocional e espiritual. Se a Nação brasileira é feita de seus indivíduos, estes com sua vida privada, que cada um tente ser melhor, mais honesto, menos corrupto, que desenvolva meios de viver e conviver em harmonia, e assim estaremos efetivamente dando base ao que o novo Código Civil Brasileiro elegeu como princípios: a boa fé e a solidariedade.

Para começar o ano, nada melhor que começar a contrariar as tendências do individualismo egoístico e materialista que nos vem sendo imposto, a ponto de condicionar comportamentos para que sejamos só consumidores e trabalhadores, com atitudes de seres frios, calculistas, cegos, dominados pelos defeitos egoísticos, massificados e robotizados, tudo em detrimento do humano. O sistema continuará assim em sua base. A vida de cada um continuará sendo empacotada e enrolada se nada mudar. Ninguém será amado, se não amar a si mesmo, ninguém será vencedor, se não vencer a si mesmo no que o sistema o fez acreditar. Durante décadas fomos fazendo, como Nação uma cultura, um pensamento, um modo de pensar e valorizar e agora começam a nascer as consequências em tom mais grave.

Que tal pensar no Próximo e quebrar pensamentos errados como “ninguém faz, por que eu tenho que fazer?”, o mesmo com os verbos dar, ajudar, ceder e até amar.
Aos poucos, temos que, com consciência, acordar para o que estão fazendo subliminarmente com as gentes no dia a dia. Dizem ser progresso, mas que tipo de progresso ? O questionamento é raro, a autocrítica ainda pior. 
 
Como continuar jogando este jogo, onde só o indivíduo sai perdendo? Começa a ser cada vez mais importante não deixar que o dinheiro, as preocupações impostas pela mídia, as agendas impostas e os temas propostos controlem a vida pessoal sob o pretexto de ser “atual “, “estar por dentro”. 
 
É só perguntar, se há alguém conscientemente satisfeito com a vida interna e externa de seu corpo. A insatisfação é comum. A vida quase toda vivida em função do exterior, exposta ao dia a dia, não está dando em nada e será cada vez pior, se o modo de convivência retirar do indivíduo a capacidade de pensar, interiorizar-se para repensar seus defeitos, dominar seu ego e criar condições de consciência positiva e produtiva sem a exclusão do Próximo.

Se abandonarmos nossa capacidade de se ensimesmar e autocriticar, com o tempo seremos tão insensíveis que não veremos a vida e a realidade; a cegueira não deixará pensar no amor, na esperança, em algo suave e intenso, no romance da vida e na sinfonia da Natureza, porque já estaremos todos como tarefeiros robotizados no mundo do trabalho e em casa. Não seremos mais nada, só trabalhadores, seguidores, amassados e cegos em definitivo. Qualquer sistema que torne pessoas em meros seguidores, ao invés de pensadores, não leva a bom lugar, pois não aproveita a intuição criativa do humano.

Olhemos para nós mesmos, para o céu interno, para as estrelas de luz que ali há. Pensemos o que temos feito com nosso Ser. Pensemos no Próximo e o que temos feito com ele na vida produtiva, na rua, em casa e no local de trabalho. Perguntemo-nos, se estamos satisfeitos com os resultados? Temos dado bons resultados? Estamos sozinhos? Por que?

Ao mesmo tempo de nossa existência, a Nação prossegue, crises e avanços medíocres, sucessos em alguns setores, derrota total em outros, mas sem dúvida a corrupção, a imoralidade, a improbidade, a má-fé, a violência moral e física assumem o nível exagerado como reflexo do comportamento de seus protagonistas, verdadeiros miseráveis na vida espiritual, mas por vezes excelentes profissionais, gerenciadores e líderes da dimensão do mundo das formas, cores, sabores e ego. Nem se queria saber o que fazem e como fazem para sobreviver no ambiente por eles mesmo criado e disputado para sobreviver no Poder. Tampouco notam que não estão dando bons resultados na convivência. Uma paçoca nacional e tendenciosamente negativista, fadada a não dar certo.

Diante dessa realidade, para a pessoa consciente e com luz própria, não pode haver desmotivação nem esmorecimento. Terá que saber agir e deixar passar cada fase criada por pessoas afogadas na 3ª dimensão, que agem e reagem dominadas pelas contrariedades e estímulos de seus defeitos egoístas. Pessoas que vão perdendo no trabalho a sensibilidade de ver a vida, o mundo e o Próximo. Um crime contra si mesmas e sua condição humana, pois renderam-se ao comum, ao vulgar da frieza, do calculismo, da cegueira do egoísmo, do materialismo individualista. Enfim, inconscientemente ou com consciência de má orientação, a derrota do Ser para um sistema autoritário, que só cria servos e não pensadores criativos e participantes, mas seres revoltados com a contrariedade de seus interesses de umbigo.

Que tal começar a contrariar toda a realidade imposta, criticar, colocar ideais melhores e pensar como humanos, sensíveis e conscientes? Que tal começar a pensar positivo, para variar um pouco? Até mesmo na hora máxima de exercer o único voto que temos como cidadãos.

Que tal ter projetos pessoais de reconstrução interior, resgate do amor, da solidariedade, da fraternidade, da amizade, dos bons projetos de desenvolvimento pessoal e profissional, das boas intenções e dos planos sadios de existência?

A opção está aberta. Cabe a cada um saber se está dando certo como Ser, ao tornar-se incapaz de valorizar a orquestra da Natureza, da qual esqueceu que faz parte. Como robot insensível talvez nem entenda o que está escrito acima e muito menos o que está escrito abaixo, que escolhi, como metáfora, para terminar este texto de modo mais suave:


Para todas as mulheres ao entardecer.


Numa doce tarde, já estava no fim,
céu azul, por do sol à beira mar,
tudo foi assim:

leve como a brisa,  passou, foi tão de repente,
só depois percebi, havia levado  meu coração,
mas deixou no silêncio da mente,
a mais bela e suave sensação, você .

Tento hoje, em vão, reproduzir,
voltar aquele instante,
mas não vou jamais conseguir,
com você já tão distante. 

Ah, se eu pudesse voltar,
não teria deixado você partir,
sigo procurando em todo por do sol,
você, que me deixou a pensar, quero prosseguir.

Em cada entardecer, sim,
numa nova poesia de amor,
imagino você, assim.

Mas chega novamente cada novo entardecer,
tudo que tenho é você, na mente,
meu modo de sobreviver. 

Ah, se eu pudesse voltar
àquele lento por do sol no verão,
para entender você e seu modo de  amar. 

Sob o azul escuro do céu estrelado,
este é o meu  tempo de sonhar,
imagino você sempre perto de mim.

Se eu pudesse retornar,
se você pudesse me reencontrar,
o abraço seria intenso, um infinito beijar.
  
Eu então saberia o que é felicidade,
por enquanto fica o belo encanto,
um sonho, um momento para pensar,
um beijo de amor no ar.

Continuarei procurando você
que pode dar sentido a meus dias,
Você, você, meu amor.

Sigo assim parado,
naquele fim de tarde,
sob o céu estrelado.

Imaginando onde você possa estar,
se um dia ali retornará,
se suavemente poderá parar.

Que seja mesmo uma mulher e não a própria vida, pessoal, perdida num jogo de trabalho robotizado e remunerado como tarefeiro, mero seguidor e irrecuperável perdedor. Cabe a cada um pensar e tomar suas atitudes, porque para muitas e muitas pessoas, a vida passa por elas e passa sem que seja vista como ela é, mas, sim, como um drama, uma ilusão, até um castigo. O trabalho tornado um calvário; o Próximo, visto como rival, um competidor, sempre considerado como obstáculo, porque o que vale é sempre o umbigo. 
 
Que em cada ano novo cada um pense sobre si e repense seus passos. Poderá ter melhor sucesso, se aprender a escrever sua própria história, tornando-se sujeito dela, evitando ser objeto dos eventos da vida e da agenda de terceiros. Para quem desejar, ainda há tempo para não perder o trem da sua própria revolução interna.
Feliz 2016.

Odilon Reinhardt