Será
o fim do grande “Negócio”?
Mais
de 500 anos de um grande negócio: assaltar os cofres públicos,
direta e indiretamente. Parece que estamos com a Polícia Federal e o
Ministério Público afinados e a favor do interesse público e do
contribuinte. Pode estar acabando os séculos de grandes negociatas,
de grandes e pequenas operações de esbulho e assalto ao Governo de
todos os níveis.
Visivelmente
o fim da impunidade? Todos desejamos isto, mas a dúvida coexiste com
a mesma perspectiva de vitória dos detratores e de pizzas a la
carte. Do petit-voleur aos grandes reis do bas-fond, reunidos em
botecos ou em grandes hotéis de luxo, há um entrelaçamento de
interesses sociais e políticos de tamanho tão grande quanto a vida
nacional. O hábito para assaltar é pré-requisito dos mega e
pequenos projetos na qualidade de quase cláusula pétrea .
Aponta-se
hoje o financiamento de campanha como a grande causa da caça ao
dinheiro público fácil: obras públicas, contratações de serviços
fantasmas, aditivos fraudulentos, fiscalização tendenciosa,
corrupta e omissa, falsas necessidades e projetos vazios a serem
atendidos por empresas de fachada, propinagem e lavagem de dinheiro.
Uma extensa trama, gerando certamente milhares de reuniões,
telefonemas, viagens e acertos, dando movimento à vida do sub-mundo
da economia.
Por
trás de tudo, o cidadão de sangue desonesto, corrupto, operador de
um modos de vida até agora intocado em seu âmago político-cultural.
Mas agora novos ventos parecem estar soprando sobre o jogo político
que tem acobertado o teatro feito de posição e oposição, que se
revezam no Poder e vem utilizando os mesmos moldes e estrutura de
negócio.
Há
um ar de novos ares, o cofre mostrou seu fundo, mas ainda teremos
que ver confirmadas as novas tendências de honestidade pública e
império do interesse público verdadeiro, puro, aquele que nasce do
amor à Pátria e ao seu povo.
na
cultura do ganhar-ganhar, o jogo do Poder é terrível para os cofres
públicos. Inúmeros são os exemplos da barbarie neste campo.
Diariamente a imprensa divulga casos de verdadeira pirataria em obra
se serviços públicos, infestando a gestão pública com o cheiro de
enxofre e crime.
Seja
oposição ou situação, os atores agem do mesmo modo e no intuito
de assaltar, espoliar e derrotar a esperança do cidadão
contribuinte. Mas a ficha está lentamente caindo: os cofres públicos
tem fundo, tem fim. A roubalheira atingiu seu limite, o fundo do
cofre começou a aparecer e a escassez tornou-se visível e perigosa.
Outra
verdade que começou a ser bastante mostrada é que sem produção,
sem consumo, não há imposto e sem este não há dinheiro público
nem pagamento nem salários. A União, o Estado e o Município
empobrecem, a sociedade vai à falência com a ameaça dos serviços
públicos. Nem o neo-liberalismo apoia o fim do Estado desse modo.
Altos
funcionários públicos com seus altos salários em serviços
hiper-valorizados para muito além da realidade, todos com seus
benefícios sem fim e que menosprezam a cada concessão a população
rota e esfomeada, começam a ser ameaçados. Começa-se a desenhar
uma realidade esquecida: o Brasil agora vive do Brasil.
Ficaram
mais difíceis os grandes financiamentos, os subsídios, os
empréstimos a fundo perdido que durante o período militar eram a
realidade. A função pública, antes cargo tão disputado e
prestigiado, preocupa. Tudo e todos dependem dos impostos que vem do
consumo. Sem consumo, tudo pode acabar na degradação. A
consequência será danosa. O magistrado, o desembargador, o
embaixador, o alto funcionário público de qualquer Poder chegará a
não receber seu salário no mês. Que realidade teremos? Greve de
Juízes, greve nas Forças Armadas, greve na Diplomacia etc.
É
prioridade acabar com o Grande Negócio: este milenar, assaltar os
cofres públicos. Isto porque o cofre, diminuído pela falta de
consumo de produtos e serviços, não aguentará ainda o desvio e a
corrupção através dos meios usuais de assalto para pagar campanhas
eleitorais etc.
O
cidadão comum não aguentas mais. Há uma ira social . O cenário de
abusos , desvios, mandos e desmandos ,etc, é recorrente. O teatro
está ficando saturado e os ventos estão mudando. A plateia de
cidadãos sabe o que está acontecendo, mas por respeito, ainda não
faz nada mais cruel. Os meios de comunicação acharam notícia
sensacional em tudo isto e o esclarecimento das massas cresce.
Obras
públicas paradas, abandonadas e já deterioradas. Escolas e
hospitais apodrecendo sem jamais terem sido inaugurados. A educação
e a saúde ao abandono e negligência.
Verdadeiramente
não sobra nada de positivo e bom para a imprensa mostrar à
população.
Não
bastasse o assalto direto aos cofres públicos, há o assalto
indireto através de erros na administração ineficaz, ineficiente,
anti-econômica e imoral. Erros de planejamento, incompetência, a
farra com salários e benefícios, a negociata e arranjos envolvendo
pessoas. Ora, tudo isto está esgotando a paciência de um povo
pagador, que só tem olhado para baixo, silenciando, cansado de sua
rotina que não leva ao progresso pessoal e familiar.
É
certo que o povo sempre foi pacífico, depositando 100% de confiança
nos eleitos, e delegando tudo inocentemente, mas isto pode estar
acabando, principalmente quando se sabe que o cidadão comum,
massificado, robotizado e conduzido, só se mexe quando o bolso dói.
Fica
evidente que a coisa-pública, o interesse público é interesse de
todos, porque todos pagam por ele e recebem as boas e más
consequências. Não é mais propriedade momentânea deste ou daquele
partido eleito, é interesse permanente de todos. A acomodada
alienação popular que só desaparece quando aumentam a passagem do
ônibus, não tem lugar num Brasil que queira sobreviver.
Os
jovens da geração Y ou seja lá como for a denominação,
acomodados e cheios de seus aparelhinhos de informática, com os
quais pensam que resolveram o mundo, que acordem. É a vida deles que
está em jogo. Fugir para outro país, fugir para o mundo das drogas
ou bebida, fugir para atividades que não dão em nada, já não vai
ser a opção.
As
consequências do individualismo e do egocentrismo alienante terão
que ser vividos e comidos aqui mesmo, na falta de empregos, na falta
de salários, na falta de futuro.
O
amanhã tem um preço. Estão mexendo no futuro das novas gerações,
que vêm sendo enganadas por modelos e ideologias ultrapassadas, que
ajudam a confirmar a posição esquerdista de “vítima eterna das
elite”, tudo dentro da síndrome do “cão viralata”, esperando
que alguém resolva a sua situação, no caso os cofres públicos
falidos.
Não
haja engano, um país pode falir. É só olhar a história recente.
Pode acreditar , já tivemos inflação de 3% ao dia. Esta
roubalheira toda, enfraquece a economia, mas pior, esmorece o jovem e
todos. Sem educação, sem saúde, vendo tudo apodrecendo, um mar de
mentiras e fascismo, no que acreditar? A alternativa é o que já
está acontecendo aqui e ali, num caleidoscópio maluco e que formará
uma realidade diferente.
Mas
os ratos apátridas, acharam um meio de sobreviver num mundo
especial, cheio de dinheiro. Criaram a razão social Malandrobrás
Ltda., uma empresa virtual, com muitos presidentes, inúmeros
vice-presidentes. O objetivo social era um só: assaltar os cofres
públicos. Capital social: flutuante em viés de crescimento. O nome
de fantasia foi: Tá fácil Empreendimentos S.A. O código de ética
era feito em cada dia e de acordo com o negócio do momento.
Mas
o grande negócio foi descoberto, porque alguém não recebeu a sua
parte. Tudo era tão perfeito, funcionava como um sistema de moto
contínuo. Mas foi à falência. Maldito elemento humano! - exclamam
os surpresos e espantados criadores e consultores deste paraíso
virtual.
Que
haja iluminação e o Brasil aproveite está esquina de sua História
para cruzar a rua e livrar-se dessa gentalha da Malandrobrás que
aprontou toda esta situação, ameaçando a economia e a
credibilidade do país.
Será
mesmo que agora tudo isto irá intimidar todos os esquemas ilícitos
e seus atores? Será que doravante, as obras serão algo honesto do
começo ao fim, sem erros de projeto, fiscalização e aditivos
fraudulentos? Será que as obras corresponderão efetivamente às
necessidades? Será que acabará a promiscuidade entre empreiterias e
os partidos ou seja lá quem for? A esperança é que o Grande
Negócio secular, tenha chegado ao fim, porque desta vez vímos o
fundo do cofre e isto não é nada bom.
Odilon
Reinhardt.