A
Nação só muda lentamente, caso contrário......
E
na média chegamos, então, ao que queriam, o cidadão padronizado,
seguidor, tarefeiro, sem opinião ou silenciado por falta de
interlocutor?
Dia
a dia segue a rotina montada para pessoas tornadas vazias, cuja
conversa é tipicamente composta do relato de ações e reações
operacionais. O relacionamento esvazia e a conversa não passa de um
“será que vai chover?”
Triste
é a prática de meros seres levados a não ter espírito crítico,
levando a vida sem muito assunto, esvaziados, alimentados por
coisinhas do dia a dia, sem muito além de futebol, comida e bebida,
medos e aberrações do dia que convergem para a banalização de
fatos absurdos. Nem se sonhe com a Nação de filósofos e
intelectuais ou cientistas. Sonhe-se pelo menos com uma Pátria de
pessoas que possam ser livres e possam ter as chance de se tornarem
mais esclarecidas e conscientes. A Nação é construída de etapas,
muito trabalho e esforço do povo, isto não implica ignorância,
escravidão e cegueira programada, a menos que isto seja interessante
para grupos que se apossaram do Poder e alimentam tais deficiências
humanas a seu favor. Somos um gigante territorial com cérebro ainda
em crescimento. Levaremos muitas gerações para passar pelo
desfiladeiro que nos separa do futuro melhor para todos.
Teremos
que construir com muito trabalho e suor a ponte para esta realidade.
Por força da História não ficaremos ricos com ouro e prata e
pedras preciosas roubadas de outros países, não teremos prêmios
de guerras de conquista, não teremos piratas a nosso favor.
Teremos nosso território, nossa gente, nossa produção e nossas
vendas. E estes aspectos movem-se lentamente em evolução histórica.
Não haverá milagre.
Após
várias décadas de pregação insistente e perdulária, a realidade
nacional produziu o cidadão médio, de todas as classes econômicas,
sem muita conversa relevante, sem muita opinião, com medo de
expressar, ou pior, sem palavras para expressar o que sente, se é
que sente algo de bom para falar.
Mas
mesmo nesta situação a que estamos todos submetidos, só há uma
sensação dentro de cada indivíduo de que algo está errado e vem
crescendo ao longo das décadas. Até o mais alienado cidadão sabe
que algo não vai bem. Todavia, qualquer explosão não será
coletiva, uniforme e ao mesmo tempo, pode até ser que em casos
pontuais como na carestia, mobilidade urbana e saúde ocorram
exemplos mais freqüentes de revolta coletiva, mas nada e nunca
teremos uma voz só, no mesmo momento envolvendo o país inteiro. A
revolta pintada de fatores pessoais e individuais será provavelmente
sempre individual, a qualquer momento e voltada para o outro cidadão,
numa fila, num hospital, na rua, em casa, no trabalho, na direção
do carro. O desabafo do sentimento de frustração, o vulcão interno
pode explodir em qualquer lugar de modo violento ou não. Trará
conseqüências e tudo será considerado um episódio individual,
pessoal, isolado. Dirão sempre “ o cara tinha problemas”,
evitando sempre conectar o fato a qualquer problema social, nacional
e consequência do que estamos vendo formar-se já em grau mais
grave. Lembrando que a depressão, o abandono pessoal, a desistência
da profissão ou da vida econômica, a aposentadoria precoce e outras
reações são também um modo de desistência pacífica, mas
igualmente danosa para a Pátria. Se um jovem desiste do Brasil,
ninguém se apercebe da sua relevância .
Dificilmente
o aumento de bêbados e drogados, o aumento de acidentes do trabalho,
a desistência do estudar, o abandono do curso superior etc é
entendido como um problema de deterioração da malha social por
influência do individualismo e do materialismo egocêntricos em que
estamos sendo metidos. A falta de sensibilidade, a personalidade fria
e calculista não está sendo corretamente avaliada. Sua já visível
manifestação através de crimes hediondos é tida como problema
individual e de família.
A
maioria das ações e reações individuais não contribuem em nada
para a Pátria e só criam medo e dificilmente são vistas como
denunciadoras de que algo muito mais grave vem se formando e é
errado. O desrespeito às características da Nação, promovido por
interesses econômicos, só cria confusão de valores na mente do
cidadão. Por bens materiais, as decisões passam por cima do humano.
Querer implantar valores do individualismo aqui e tão rapidamente,
gera aberrações em forma de violência e produzem uma sociedade de
conflitos, que nem a polícia nem o Judiciário serão suficientes
para solucionar.
Violência,
radicalismo, extremismo nunca serão a solução para esta crise sem
precedentes. A única saída é velha e esquecida, é a educação, a
boa formação, o esclarecimento, a discussão focada através dos
meios formais. Todavia, a população ordeira, trabalhadora,
honesta, tornada seguidora e tareferia, foi condicionada a esperar
soluções de cima para baixo, sem sua participação, põe fé no
paternalismo e delega aos seus representantes as decisões. Fica mais
fácil assim e tocar a vida. Assim nasceu esta espécie de corretores
do poder, os políticos. Estes metidos agora na maior crise de
credibilidade da história. Entre eles, face à diversidade e à
pluralidade, muitos mergulham na variação de interesses, defendem
casos de todo tipo, metem-se em corrupção e esquemas para garantir
o Poder e a reeleição. Novamente a população comenta à boca
pequena, que entre os candidatos a escolher, não há opção, pois
todos roubam, todos nada fazem. Injustos comentários, pois bons
políticos os há, mas estes são boicotados porque os demais querem
preservar seus esquemas dentro do poder. Serão reeleitos e tudo
continuará. Os honestos entre os políticos não conseguem conter as
exceções nos parlamentos e todo o legislativo é colocado em foco
de exame. Mas quem são nossos políticos, senão a pura expressão
do povo? Não são seres especiais, reais ou sobrenaturais, tem
origem no povo, são povo, embora alguns pelo tempo de exercício
político e a sua profissionalização, já se achem
reais, superiores e pertencentes, eles e suas famílias, a uma
realeza virtual. Os nossos políticos são produto e correspondem à
evolução do pensamento da Nação.
Nosso
país já passou por várias crises políticas, todas teatralizadas
por estudantes e algumas camadas sociais. Passaram. A crise atual é
no entanto não só política, é social, econômica, e de vida em
si, e tem conseqüências danosas na medida que apresenta a
perda de identidade, a fragmentação, a dissipação e substituição
de valores e princípios nossos, gerando antes de tudo uma crise
pessoal para cada cidadão. É esta a célula mater da Nação e dela
depende tudo. Se o indivíduo enfraquece, enfraquece sua família e a
Nação. Um filho drogado, um pai ou mãe bêbados, um irmão
deprimido, um primo preso ou em vias de o ser, um parente que
pertence ao crime desestruturam tudo e fazem a vida perder o rumo
certo.
Evidentemente
que nestas circunstâncias, a prática das máximas cristãs, berço
de nossa civilização, tornam-se mais desacreditadas. Some a
cordialidade, a educação etc e o relacionamento entre as
pessoas vai às favas. Cada indivíduo afunda num emaranhado de
decepções e frustrações que o acompanham no caminho da vida,
buscando uma fuga , um desabafo ou o silêncio e a desistência em
suas mais amplas formas de manifestação.
No
início de nossa abrupta industrialização, São Paulo e Rio
esboçaram reações à forte invasão e transformação da vida.
Surgiram as gerações de 50 a 70 que iam mudar o mundo. Hoje
pergunta-se o que deu daqueles jovens hippies, dos PTs de primeira
hora, etc? Não deu em nada? Conseguiram o diploma ou um cargo
público e engajaram-se no mesmo sistema que condenavam? Seguiram a
mesma ideologia que agora vemos não dar em nada? De estudantes
rebeldes passaram a ocupantes de cargos de decisão, políticos,
juízes, advogados, administradores, médicos etc e sua geração tem
protagonizado o pior que o país já viu , modelos destestáveis e
exemplos abomináveis.
Todos
venderam seus sonhos, nada fizeram de novo e criativo, só copiaram,
seguiram e ganharam posição, dinheiro, sei lá, mas nada ou muito
pouco mudaram. Isto porque o sistema é muito maior e os planos
de manipulação ultrapassam o tempo de vida de um simples indivíduo.
Assistiremos agora e doravante o resultado de décadas de descura,
negligência e falta de patriotismo de todos que viraram corruptos,
gananciosos, egoístas, materialistas e individualistas egocêntricos
cuidando do umbigo em detrimento do país. As conseqüências de
terem se vendido a interesses de piratas estrangeiros já são
sentidas por todos.
Foram
décadas de gerações mal conduzidas, gerações enganadas, falsos
modelos e ideologias erradas. Hoje quando um moleque de rua mata um
empresário, altamente qualificado e responsável, já vemos que as
conseqüências estão chegando à porta de casa. Quando vemos
que bárbaros depredam lojas e bancos, estamos vendo que as
conseqüências estão na rua. As ações e reações
estão aí e são proporcionais ao descuido com as coisas e a alma da
Nação.
Em
ideologias mensais e modismos de momento, as pessoas foram sendo
condicionadas, escoladas, conduzidas a substituição de sua educação
em nome de um maior consumo de coisas que poderiam dar mais imposto e
adoção de comportamentos doentios. Todas estas ideologias cabem
hoje numa caixa de fósforo que pode explodir. Não bastou o acúmulo
desvairado de Poder, dinheiro, o império político com carros,
casas, fazendas e gado. Agora há um Brasil aberto e explosivo,
prestes a dar frutos da plantação de todas as épocas passadas,
prestes a falar sem ter palavras para exprimir o que sente, mas cujo
comportamento é violento, hediondo como o do bruto bárbaro.
Estamos
a conhecer a barbárie antes de conhecer a plena civilização porque
todos os dias os meios de comunicação, tão úteis para todos os
sistemas de marketing que condicionaram o povo, mostram quão frias,
calculista e insensíveis estão as pessoas. Qualquer cidadão olha o
Próximo com medo, desconfiança, procurando ali descobrir segundas
intenções, que preencham seus medos. Os lares se fecham atrás de
alarmes, muros, cercas elétricas, etc. As empresas gastam cada vez
seu bom recurso na proteção de seus produtos, sistemas de
informática e em treinamento para desfazer os comportamentos dos
jovens que entram no mercado de trabalho, onde não encontram muito
que corresponda a seus modos de vida e intelecto.
Se
o silêncio como modalidade de reação ou ação, contra tudo isto,
não explode no coletivo, na rua, o faz no relacionamento com o
Próximo, no desamor, na negligência, no relaxo com tudo e todos. O
comportamento indiferente ao humano reflete-se nos projetos de obras
públicas, nas decisões das autoridades, nas decisões das empresas,
no relacionamento entre as pessoas, na gestão privada e pública. Há
um descaso como futuro, uma despreocupação com as conseqüências.
Vale o aqui-agora, a transitoriedade em detrimento da vida humana e
sua verdadeira consideração e qualidade. Valoriza-se a cultura
baseada no hedonismo em graus jamais vistos. Vale o bem-estar e mais
nada. As mensagens subliminares são: a vida é curta, curta!; não
vale a pena entregar-se a nada e a ninguém; para que estudar e ser
alguém; o resultado tem que ser para já.
O
materialismo oficial é algo chocante e manifesto e é ele que
sustenta a mídia para garantir receita tributária. Nem se duvide
que o sistema capitalista é o melhor e não há outra alternativa,
todavia, há selvageria quando o consumo é forçado e baseia-se em
produtos desnecessário, de pouca qualidade e causa problemas de
endividamento e de saúde. Como exemplo clássico, que pode
demonstrar muito bem o esquema a que estamos submetidos, o cigarro
com fonte de tributos na década de 50 e o descaso com os
jovens e as pessoas da época que foram levadas ao vício porque na
época a mídia era paga para mostrar o charme e elegância do
fumante em filmes e revistas. Décadas depois, estes fumantes morrem
nos hospitais e o custo para o país é alto e coloca em crise o
sistema de saúde. O fumante morre deixando sua família, seu
emprego, seu futuro na Nação. Há inúmeros exemplos idênticos e
nada aconteceu ou acontece aos políticos e gerações deles que
ficaram ricos ao votar leis e ressalvas em textos de leis para
favorecer este sistema daninho. A impunidade é algo estabelecido,
pois corvo não come corvo. E hoje quantos produtos estão à venda e
farão malefícios em 10 ou 15 anos? O Governo é cediço aos
interesses privados, que muitas vezes não passam de atos
inconseqüentes de pirataria. A lição nunca é aprendida. A Copa de
2014 revelou isso com clareza. Os pífios investimentos, inócuos
para a população, nulos para a saúde, segurança e educação, só
arruinaram o comércio local e causaram uma queda no PIB do
trimestre, agravando o problema econômico. É assim. Não adianta
avisar. Querem pagar para ver. Alguém fica rico , o Brasil mais
pobre.
Tudo
se passa subliminarmente, enquanto o cidadão é mantido na baia de
condicionamento com uma rotina estressante para tentar conseguir
manter a vida e seu sustento. Um cegueira alienante.
É
o fruto de uma plantação de há muito iniciada e que vem sendo
irresponsavelmente mantida e alimentada com distrações promovidas
pelo mundo oficial em conluio como grandes promotores da vida
nacional, que manipulam e orquestram os dias como bem entendem.
Haverá conseqüências maiores do que seres cegos e inconscientes
como pilares da Nação? A robotização, a perda da
sensibilidade humana, o comportamento frio e calculista, o menosprezo
pela vida e pelos seres humanos já tem apresentado seus
resultados danosos para todos. Ou colocar formol no leite e outras
substâncias, falsificar medicamentos etc, esquartejar o marido,
matar os filhos não quer dizer nada?
A
falta de crítica, a falta de criatividade, o descaso com tudo e a
falta de motivação estão em todos os lugares, em casa e nas
empresas. Mas como ser diferente, se o cidadão é mantido na dúvida,
na rotina estafante de trabalho e apreensões, inclusive financeiras?
Como querer que alguém não se concentre senão no seu próprio
umbigo como última fortaleza, diante de uma permanente
instabilidade? Esta lida, difícil, controlada e mantida dura,
sepulta também muito talento, muitas pessoas inteligentes do país e
que nunca tiveram lugar, destaque, nada, a não ser o trabalho duro.
A vida, como está sendo conduzida aqui, devora muitos talentos,
sepulta sonhos e mata seu futuro melhor; sacrifica a ética, a moral
e faz valer o ganha-ganha a qualquer custo. O cidadão comum é
colocado como adversário, inimigo comercial ou não, de seus
semelhantes.
Há
um desprestígio do mérito, há o nivelamento por baixo. Uma das
conseqüências imediatas é que a conversa entre as pessoas torna-se
rala, vazia, cheia de mera descrição das coisinhas rotineiras e
operacionais, sem muita reflexão, sem conteúdo crítico. A pá de
cal em qualquer comentário mais aprofundado é dada com a
frase “ você está filosofando”, nada mais triste. Poucos são
os grupos de pessoas que conversam algo com substância. Impera a
mediocridade, a visão curta e o hedonismo. Tudo é voltado ao bem
estar físico, a pouco fazer, ao nada pensar, à proteção do ganhar
sem muito esforço, sem trabalho. Se há alguma opinião mais
abalizada, é porque o umbigo está envolvido,o interesse pessoal e
raramente decorre de uma visão mais geral, sistêmica, afastada dos
pequenos interesses .
Este
é o ambiente gerador e que vai dando exemplos à geração dos que
nem trabalham, nem estudam nem nada fazem de produtivo. Que país
subsiste com isto? Por quantas décadas ainda? O que dará dos cursos
técnicos vazio, dos cursos de engenharia abandonados?
Continuam
a prevalecer as máximas do individualismo e do materialismo
egoístico,fazendo valer o transitório, o pensar descontraído, o
resultado imediato, o ganhar por ganhar, a ideologia do vagabundo
hedonista, o reino da mediocridade. Tudo sob o domínio e controle de
poucos grupos de Poder que em tudo mandam e programam para a já
desmiolada geração de cidadãos vazios, casuais, procurando fugas e
alegrias passageiras que os afastem de uma realidade triste e
massacrante.
Culpado
o cidadão? Culpados esses tarefeiros e seguidores? Seria leviano
dizer que a culpa é totalmente da vítima e com isto excluir os
idealizadores de tudo isso que os condicionam e os tornam preza fácil
de uma idéia para criar facilidades de domínio e de Poder, para com
isso fazer prevalecer o maior consumo de inutilidades, a aceitação
popular inconteste das decisões e de tudo que lhes convier, a
cegueira e a anestesia coletiva, a massificação, a robotização e
o condicionamento com padrões, modelos e modas de momento em prol de
comandos interesseiros , aventureiros e de piratas estrangeiros.
O
cidadão comum, mesmo sob o julgo de tal situação, inconsciente
parcial ou totalmente, pode não ter palavras para expressar sua
indignação ou sua realidade, mas pensa. Não tem como conversar.
Engole seus problemas, sufoca suas reclamações, sabendo que nada ou
muito pouco acontecerá sobre os assuntos ou soluções que levantar.
Silencia. Explode quando tiver oportunidade, preferencialmente
em situações que possam preservar seu anonimato. Reage assim em
situações talvez bem distintas das que originaram sua revolta, ao
que as ditas autoridades de momento reagem e não hesitam em
caracterizar o evento como vandalismo, terrorismo ou falta de
democracia.
No
mais, a Nação foi mesmo condicionada a viver alienada, deixando a
discussão e a solução dos temas locais e nacionais para os
políticos, esperando soluções do alto. Tal aspecto cultural veio
pela religiosidade e não desgruda do modo de pensar do povo, o qual
fica cego e anestesiado perante o mando e o desmando das soluções
descuradas. Nada ajuda. O Judiciário atolado, burocrático,
ineficiente, parcial em certos casos e altamente remunerado; o
Legislativo em todos os níveis confuso e sem norte; o Executivo
incoerente, estrombólico, gastador e ilógico; uma classe política
corrupta nadando em um sistema defasado, complexo e cheio de acordos
e ajustes ; a vida social dando sinais de falta de boa referência,
crescimento dos problemas de relacionamento entres as pessoas,
violência familiar, dúvida dos pais sobre o que é certo ou errado
neste mundo, aumento dos crimes hediondos inéditos no mundo, aumento
da criminalidade e do império da droga, acúmulo de problemas que se
entrelaçam dando às cidades o aspecto de falta de governabilidade e
condições de vida sustentável. Os crimes domésticos e de rua já
caracterizam pela quantidade uma guerra civil.
É
visível que o caminho está errado. É o que resultou de décadas
desse domínio inconseqüente, da falta de estudo, da falta de
cultura geral, da desinformação, da guerra de mentiras virtuais, da
falta de educação , da falta de esclarecimento, da falta de
verdade, da falta de discernimento, da manipulação de informação,
da inconsequente manipulação da mente popular, da ignorância
e do nivelamento por baixo, dos defeitos de avaliação, da falta de
ciência, da falta de visão sistêmica para entender e dominar a
conjuntura, o que dificulta e não facilita a vontade do cidadão de
participar.
Não
há entre os cidadãos o clima para uma conversa particular para
pensar, filosofar, trocar idéias, pois o que temos são cidadãos
atormentados, inseguros, doentes, instáveis. Não há cultura e
sapiência para isto e nem Português para expressar corretamente os
sentimentos. O que impera é a conversa operacional de pessoas
acostumadas ao fazer por fazer, à prática das coisas do dia a dia.
Nesse ambiente nacional, não se dá valor nem se acredita mais numa
conversa mais estruturada que leve as pessoas a entender nem que seja
parte da conjuntura. E mais, há medo de saber, de estar
consciente, pois se o cidadão souber onde está metido, não terá
como consertar, como se livrar de tal domínio, o que poderá
simplesmente redundar no fato de perder fé no que tem e nada ter em
troca como alternativa de solução. Dar esclarecimento e consciência
a quem está no eito pode acabar em algo mal feito. A preferência é
pela ignorância e pelo não-saber como alienação consciente,
inocente e pacífica para viver bem com o que tem. A capacidade
de reação positiva, a adoção de novo pensar e agir , novos
caminhos, é mínima. Não há reação contra o que está ocorrendo
com a Nação. Isto dá carta branca para que se continue a
fazer o que vem sendo feito. Não há mudança nenhuma a vista.
Eleições vêm e passam e nada muda para melhor em termos de
comportamento. Talvez surja alguma obra nova, aqui , ali, um serviço
melhor por enquanto, mas isto não é mais suficiente para preencher
o vazio do cidadão, o qual só pensa em fugir. Por isso para muitos
continua a haver escuridão nos dias de sol. Há falta de luz
interna, há dúvidas e pouca solução humana.
O
Estado e seus políticos continuam a crer que as soluções
materialistas e suas obras são a solução única de progresso
pessoal; acreditam que uma ponte nova, uma avenida ou um estádio de
futebol podem mudar o mundo e ser fonte de progresso. Mas então
porque tanta violência, tantos problemas humanos nos centros
urbanos? Por que só aumenta a criminalidade na industrialização?
Por que as pessoas entram em depressão e deixam de estudar,
trabalhar e produzir? Por que há tantos casos de conflitos pessoais
e matrimoniais? Por que a família não é mais a prioridade? Não se
pode entender, pois a rua está limpa, o prédio é novo, o carro é
O KM e de luxo, a avenida foi inaugurada ontem, a praça está
iluminada, todos têm televisão e celular. O mundo material
está uma beleza, mas o cidadão por dentro...... .
Já
nota-se a desqualificação de mão de obra, a falta desta, a falta
de técnicos , de engenheiros projetistas, estudantes abandonando o
curso de Engenharia porque não acompanham o cálculo, a má
qualidade de médicos e advogados etc; a educação nunca como
prioridade, os altos índices de reprovação, a evasão escolar etc.
E mais, medidas dos Governos para escamotear e tapear tais
realidades. Isto tudo então não vai dar em nada, não vai trazer
consequências para o país? È necessário ler entre as linhas
e ler os sinais dados pela realidade bem como o intangível que ali
existe. Mas quem consegue, com tantas fontes programadas de
distração? É necessário que o cidadão consciente saiba, nas
entrelinhas do dia a dia, ler e estressar os cenários para ver as
tendências que estão nos levando para o futuro. A Copa do Mundo,
por exemplo, foi um verdadeiro celeiro desse exercício. Foi possível
ver a Nação, o país e o povo agindo.
Cansado
e assustado o cidadão tentam buscar proteção. Bons profissionais
abandonam a profissão, aposentam-se antes da hora, desistem e sua
substituição é precária. Há vagas que necessitam ser
preenchidas, isto ocorre com qualquer um, não importa mais a
qualificação. Dane-se o curriculum, o que importa é que é
“gente nossa”, eis o lema de muitas administrações.
Os
seguidores e tarefeiros de todos os níveis sociais são mantidos
nesta lida, controlados em seus desejos mais íntimos, em suas
vontades, em seus gostos, em seus objetivos. A toda hora há anúncios
e comerciais mexendo no intelecto do cidadão de todas as idades. São
levados a pensar que o problema é geral, uma situação para a qual
o Ser Humano mostra-se impotente em controlar, pois é o progresso, a
modernidade, o avanço dos tempos. Todos são mantidos em seu nível
econômico e cultural, amarrados as suas características
tradicionais, forçados diariamente a acreditar que não podem
fazer nada, que o problema é dos outros e a solução deve ser dada
pelos outros. E mais, pensam que o que está ocorrendo é comum a
todos os países. Esperar, olhar para cima, ter fé e esperança que
alguém irá resolver tudo.
É
que o objetivo sempre foi o domínio, o controle de muitos por
poucos. A cultura política é autoritária, antidemocrática,
violenta na reação e tem sucesso à mediada em que o cidadão de
todas as idades é silenciado, manipulado, sem recursos e mantido de
cabeça baixa, aceita , vota fácil e segue e faz suas tarefas sem
muito protesto a não ser por mínimas questões básicas de vida
como transporte no bairro, atendimento no posto de saúde, falta de
creche, uma rua sem asfalto. Nunca veremos na rua uma passeata por
temas de fundo e de mais filosóficos e existenciais, apesar de serem
estes os pontos cruciais para a Nação do modo como a mesma está
sendo conduzida e manipulada. Nem a religiosidade está dando conta
do problema atual.
Assim,
de resto, tudo continua dominado e controlado, com a população em
silêncio ensurdecedor e poucos usufruindo de benefícios do Poder
quase absoluto, face o quase perfeito entrelaçamento garantido pela
troca de favores, alianças políticas etc. A população, origem de
todos as autoridades e políticos, vota como massa de manobra, vota
por critérios que refletem o nível intelectual, ou seja, porque o
candidato é bonitinho, simpático, carismático, fala e se veste
bem, é rico e não precisa roubar, etc. Não se vota em idéias e
propostas nem ideologia. Vota-se em quem aparecer mais e tiver
mais dinheiro e a melhor propaganda. Vota-se emocionalmente. Por
falta de critério que leve em conta o espírito público e os
interesses do país, esclarecimento, visão geral ou discernimento
não há garantia alguma que por muito tempo a população ainda
continuará votando nas eleições pelo faro, com o umbigo, visando o
seu microcosmo, seus benefícios pessoais. Continuaremos a decidir em
quem votar pegando “santinho” no chão no dia da eleição. A
alienação é total durante a campanha e em 2014 nunca foi tão
explícita. Os candidatos não comovem.
Entre
os políticos o debate de temas nacionais de fundo é marcado pela
polarização e pelos interesses partidários e suas alianças
comprometidas. Se existir proposta ou ideologia, valem só para a
eleição, depois são esquecidas, pois o “jogo” é outro e o
mundo político engole o mais puro e sincero político.
Ainda
veremos muito nesta vertente, com a evolução da história de todos
os casos chegando a um agravamento de uma crise sem precedentes.
Quando o homem–comum efetivamente notar que seus sonhos básicos de
ter uma casa, um carro e uma aposentadoria, talvez uma família e
filhos, foram traídos, haverá uma reação sua ou de seus
descendentes.
A
quem querem os políticos e governantes enganar com este jogo teatral
de direita e esquerda, enquanto se sabe que são todos pertencem à
mesma cultura , ao mesmo saco de farinha e desejam o Poder com a
mesma intenção predatória? Ademais, neste teatro de sessão
contínua, o cenário econômico é que está comprometido
depois de tantas décadas de espoliação do país, de modo que
os políticos que vierem a serem empossados em 2015 nada poderão
fazer na fazenda do Brasil, com sua limitação de pessoal, produção
e cultura. Ainda demoraremos tempo para crescer porque é a forja do
tempo que constrói a Nação, embora sua destruição possa ser
feita em poucas décadas. Infelizmente a rapidez no crescimento
econômico não pode acompanhar o avanço tecnológico e a mudança
de vitrines na feirinha de informática e eletrônicos . No momento
há mais fatores de destruição do que construção.
Os
políticos prometem, mostram planos bisonhos e depois nada fazem a
não ser mudança de gestão, modos de administração na mesma
coisa, dão maior ou menor divulgação de seus atos na imprensa mais
ou menos e todos agem do mesmo modo porque têm pouco espaço para
manobras. Ademais, os políticos hoje estão profissionalizados, tal
a complexidade do mundo que montaram em seu clube fechado. Só eles
entendem dos entrelaçamentos, jogos e amarrações da vida política,
de modo que se tornou difícil a participação de qualquer cidadão
,por mais idealista que seja. Eleitos novatos, estes perdem pelo
menos 2 anos para entender a dinâmica do legislativo e suas
entranhas.
Desde
a menor Câmara Municipal, espalhando-se por todos os níveis de
poder, a intenção básica inicial é “ agora eu vou me fazer”,
querendo dizer, vou fazer tudo para me aproveitar e ficar rico.
E neste caminho, a venda da alma é o passo mais corriqueiro. A
imprensa por sorte tem mostrado muito da realidade do mundo político.
A transparência hoje é uma conquista da sociedade, todavia, pode
também acarretar o desinteresse dos cidadãos honestos em participar
da política face a sujeira da politicagem. O preço é muito alto
para participar, talvez isto já explique o porquê de sempre os
mesmos estarem disputando cargos eletivos, da falta de opções e da
escassez de bons líderes. O individualismo tem também este efeito
de fazer o cidadão não se interessar pelo todo e pela coisa
pública.
Enquanto
isso, o cidadão comum dá tudo de si para conseguir sobreviver,
manter sua honestidade pagando impostos, segue sua vida e tem fé e
esperança. O país, apesar de tanto esforço pessoal, atola seu
futuro na burocracia, na falta de moralidade, pudor e encoberta
ilegalidade de seus dirigentes. As gerações atuais não sentem que
quem está tendo a vida futura comprometida são elas mesmas.
Elas é que pagarão pelo que está sendo feito. Enfrentarão
resultados de decisões erradas e danosas, tomadas a longo tempo
atrás e também agora. Verão consequências quentes de soluções
aplicadas para satisfazer o imediatismo politiqueiro.
O
cidadão esvaziado em conceitos e formação, sem cultura,
insensível, robotizado, massificado, condicionado é o ápice de
sucesso de tudo isto, ao passo que o domínio do medíocre
estabelece-se para controlá-lo e conduzí-lo ao bel prazer de seus
interesses apátridas.
Na
permanência da evolução dos problemas cruciais que afetam a Nação
e a irresponsabilidade das decisões políticas, o país tem perdido
e perderá mão de obra e produtividade para a violência em suas
mais variadas modalidades do dia a dia, para a depressão pessoal,
para os que se abandonam, para os cidadãos que emigram. O país
envelhece, quem e como vai se trabalhar e produzir com qualidade e
segurança?
O
país foi construído pela iniciativa privada, por empreendedores,
investidores que acreditaram em suas idéias e empresas, sem as quais
não há impostos. Sem tributos como viverá o Governo de todas as
épocas e sua ideologia desconexa? Sem trabalho não há casa, carro,
viagens, alimentos, saúde etc. A Nação empobrece. O povo adoece.
A
falta de recursos cria a dependência. Fica fácil que o Poder e seus
habitantes transitórios de cada momento tornem-se falíveis, cediços
aos interesses externos, de modo que tal proceder faça o país se
ajoelhar às instituições externas, sem nada opor. Altera-se a
legislação, os costumes, os comportamentos para acomodar interesses
de piratas. São os poderes superiores, as forças terríveis, das
quais falou Jânio Quadros ao renunciar à Presidência da República,
deixando o país sem entender o que isto significava naquela época.
Estes poderes agem no escuro, através de políticos, mudam as leis,
pintam e bordam e o povo segue sua lida honesta, dedicando-s à luta
perpétua pela melhor condição de vida.
Ao
longo de décadas e décadas, independentemente do governo, só
pode-se notar o avanço de um a implantação adversa que reforça
cada vez mais enfaticamente princípios do individualismo egoístico
e tal força pressiona governos e o “establisment”, de modo que
até mesmo partidos fortes em ideologia quando eleitos mudam de
orientação, tal a pressão vinda de fontes de Poder que desejam
preservar seus interesses e lucros. Inegável que o Brasil de hoje
distanciou-se materialmente do Brasil de 1945, surgiram muitas
cidades, muitos produtos e facilidades, mas a que custo humano?
Poderia ter sido diferente se o progresso fosse qualitativo. Hoje a
degradação do tecido social em suas milhares de faces ameaça o uso
de muitas conquista materiais. Empreendimentos não saem de projeto
porque não há mão de obra.
As
conseqüências estão aí no dia a dia e sua influência maior ataca
subliminarmente o cidadão, a base da Nação, tornando-o alienado,
vazio, insensível, condicionado, frio, calculista e forçado; como
última saída, a solução é cuidar de seu umbigo, algo bem
individualista e egoístico, tutelado pelo materialismo desenfreado,
baseado no consumo de bens na maioria inúteis. “ Danem-se os
outros! Quero salvar a minha parte! Não tenho nada a haver com isto!
Etc, são frases comuns que explicitam o que está acontecendo.
Apesar
das qualificações e posições que cada um possa ter na sociedade,
somos todos um só povo. Ninguém que pense que não é. Somos povo e
povão. O mais alto funcionário do Poder Judiciário ao sair do
cargo não é mais nada, a não ser cidadão e povo. Da mais alta
autoridade ao mais desprotegido cidadão, sem título algum, todos
somos cidadãos e povo. Podemos ter diferenças quanto ao preparo
para a vida funcional, mas no básico somos seres humano, todos
passíveis de condicionamento, de uniformização, o que pode
diminuir em intensidade de acordo com o esclarecimento e consciência,
mas seja lá como for somos todos responsáveis pela nossa casa, o
Brasil de todas as vilas e cidades e suas realidades. Ninguém que se
ache pior ou melhor, por seus bens materiais e posições
transitórias, porque a Nação é o barco onde estamos e somos
responsáveis pelo seu navegar. Todos os cidadãos têm valor, não
podem ser reduzidos a meros tarefeiros sem importância. Na luta
contra o assalto a empresas públicas e aos megas esquemas para
garantir o financiamento de campanha ou seja lá o que for, todos
devemos acordar e votar com consciência .
Nas
eleições de 2014, votarão cidadãos de todo o país nos lugares
mais distantes, exercendo sua fé na democracia e na vontade de
participar. Apesar do cidadão estar atordoado, desmotivado, cansado
de sua lida dura; apesar de todo dia receber uma chuverada de
notícias ruins e pessimistas, é necessário votar e mostrar ao
pensamento político dominante, que continuar como vem conduzindo nos
últimos 50 anos a coisa-pública não está certo. A esperança é
que tanto o cidadão comum quanto o empreendedor, o empresário
pequeno grande, não sejam afetados pelo pessimismo orquestrado e
possam continuar lutando e construindo , gerando empregos, caso
contrário teremos o algo muito pior.
A
grande maioria das pessoas é afetada grandemente pelo clima que é
emprestado ao país através da mídia ou da percepção de que na
sua rotina algo está errado. Cidadãos continuam a luta diária pela
manutenção de seus sonhos de vida, todavia, numa vida produtiva que
os agride e diminui, emburrece, bitola e condiciona, fazendo-os
perder algum talento, o potencial e a inteligência criativa por mau
uso de suas capacidades. A limitação intelectual de um povo é
praga que marca gerações por muitas décadas. A cegueira decorrente
só favorece a alguns e por algum tempo. Já é um mal sinal quando
pessoas graduadas não tem criatividade, tornam-se tecnocratas e
tarefeiros sem opinião e mesmo assim têm a falsa sensação de
estarem progredindo funcional e profissionalmente. O próprio mau uso
do dinheiro público já não seria a demonstração da falta de
criatividade que esconde a verdade feita de incompetência e falta de
horizontes mais largos? Não seria o nosso modo de gestão
pública e as idéias de interesse público de dirigentes no país
inteiro, um sinal do cidadão vazio e alienado, eleito para o
exercício de um cargo público, embora sempre colocando sua omissão
na falta de recursos.
Mantendo
o cidadão atordoado, endividado, condicionado e cego, fica tudo mais
fácil, pois neste quadro o cidadão fica vulnerável, eis que
fragilizado e dependente de sua abatida economia pessoal; é mais
fácil tê-lo por manipulável e manobrável. Mega interesses podem
esmagar um cidadão, como uma pulga, se for necessário aos seus
superiores interesses, pois compram a todos e a tudo se for o caso.
São brasileiros que se acreditam bem superiores, que com seus
descendentes vivem do Estado e acreditam ter direito absoluto de
usufruir e usar o Estado para seus interesses, pois dedicaram a vida
inteira a ele. São brasileiros que atuam a seu favor e tudo por
dinheiro, fazem negócios pagos com 30 moedas apátridas e milhares
de euros e dólares. Ao primitivo tempo de Jânio Quadros, as ditas
forças terríveis eram uma ou poucas, hoje são plurais e de fontes
diversas, internas e externas, mas todas perversas , apátridas e sem
compromisso com a Nação. Ninguém atreve-se a contrariar seus
interesses. A grande massa nem desconfia que é simples massa de
manobra no dia a dia de suas rotinas mantidas tresloucadas, feitas
para ocupar-lhes a existência e distrair-lhes a mente.
Em
eventos nacionais e internacionais, mostramos a nacionalidade acima
de qualquer governo. Temos o Brasil na veia, mas forças superiores
fazem com que o cidadão fique cego, condicionado e tal cegueira é
danosa. Vota por critérios emocionais já antes mencionados, mas na
hora da falta de hospitais e equipamentos de saúde, educação,
segurança etc, todos sofrem por igual. A responsabilidade é de
todos.
Se
no futebol e nos esportes torcemos pelo Brasil, por que nas eleições
o mesmo sentimento não é tão forte e consciente?
A
Nação mora em um país de uma diversidade enorme. Temos no mesmo
tempo, realidades do 1º ao 4º mundo. Por maiores as previsões,
análises, projeções, adivinhações e chutes sobre os caminhos da
Nação e do Brasil, economistas, sociólogos, psicólogos,
políticos, filósofos não conseguem lidar com nossa imensa
idiossincrasia, nossa mistura nacional, que de certo modo prejudica
mas também protege o país contra ações e planos radicais.
Aqui nada dá certo como planejado pelas tais forças superiores
porque tudo tem que ser adaptado as nossas múltiplas realidades e
facetas. Nossa diversidade e diferenças regionais, sociais ,
culturais etc, impedem qualquer regime do mal de ter sucesso
prolongado.
Com
corrupção, com farra de dinheiro público, com mau uso de recursos,
com obras públicas sem necessidade, com planejamento voltado para
interesses de quem está no poder em qualquer governo e em qualquer
época, nada consegue ser fórmula, regra, panacéia para o país
inteiro, todavia, pelo meio de tudo, tem avançado as tendências e a
implantação do individualismo pernicioso e danoso para a Nação.
Como pano de fundo do teatro nacional, há o desenvolvimento de algo
mais grave, de algo mais triste que afeta o modo de ser do cidadão,
seu comportamento, sua espiritualidade e acaba enfraquecendo-o e ao
mesmo tempo facilitando a implantação de interesses da tais forças
superiores. A população distraída pelo cenário aparente não
nota que estão lhe sabotando a mente e de seus descendentes, sob a
desculpa de que é o progresso, os novos tempos, a modernidade.
Dos
que ainda usam arco e flechas até o astronauta brasileiro, da
miséria existente em seu grau mais acentuado até o mais alto
intelectual, encontramos de tudo e tal quadro é difícil de ser
pintado numa tela só, de modo que teremos que conviver com muitas
realidades por muitas gerações para ver no que vai dar na sucessão
dos anos, regimes, governos que ainda vamos enfrentar, mas fica cada
vez mais certo que cidadãos individualistas, materialistas,
insensíveis, frios e calculistas só irão piorar o quadro ou
quadros futuros a serem pintados.
No
teatro montado, todos nós somos distraídos para eventos tais que
não permitem ver o pano de fundo, o cenário permanente que está
sendo mudado subliminarmente. A praga do individualismo está sendo
disseminada través de propaganda publicitária, onde se vê exemplos
tais de descaso ao amor ao Próximo, à renúncia, ao perdão, à
solidariedade e outros itens que compõem a base espiritual da
Nação. Com tal praga o cidadão e seus jovens pensam ser
auto-suficientes, um todo que se auto basta, vivem numa fantasia até
que precisem do todo e quando isto acontecer verão que o todo
não corresponde a seu umbigo. Deste ponto em diante ficará
reforçada a vida sem equipe, sem convivência, sem necessidade do
todo e a derrota do Ser será inevitável.
O
Brasil que acorde logo de seu berço esplêndido porque o futuro está
sendo comprometido e em alto grau. Quem bolou e vive
deste esquema , não quer saber disso; depois da terra arrasada parte
para outras terras em outro continente ou para nos nossos vizinhos. É
o futuro de gerações que estão nascendo que estão tendo seus dias
comprometidos.
Que
não se brinque de votar, que não se brinque com nada, a Nação
está correndo o sério risco que vai muito além de uma derrota no
futebol, da falta de estradas e hospitais , de falta de segurança
etc.
Infelizmente,
por muitas gerações ainda veremos o que temos visto. Esta não é
felizmente uma Nação que verá revoluções armadas e guerra civil
militarizada, mas cada cidadão terá que enfrentar seus inimigos com
o voto. Sua única chance de participação. O voto é a arma mais
democrática para liquidar com o corrupto, como representante dos
interesses superiores, com as forças terríveis, com o ladrão, com
o mau político, com o mau gestor do dinheiro público, do campeão
da imoralidade .
Não
é luta fácil, é trabalho lento. Não haverá nova nação, nem
Brasil diferente, nem país novo. É luta do tempo e muitos votos
ainda serão gastos até que seja o Brasil de todos da Nação
preservada em suas melhores bases espirituais .
Já
será um começo, o voto certo, justo, honesto e também será um ato
bom que cada pai, cada mãe poderá fazer para começar a cuidar da
célula mínima da Nação, a sua casa, a sua própria família e sua
própria vida e ali restabelecer os princípios perenes da vida e da
convivência.
Se
não fizermos nada para acabar ou diminuir a força das tendências
do individualismo, não haverá vencedores nem individuais nem
coletivos. Nenhuma Nação subsistirá que possa valer à pena e
poderemos ver muitos jovens desistindo do Brasil. A persistirem
as tendências atuais, pode-se prever que todo o entrelaçamento e o
jogo dos políticos será tão somente mais um dos emaranhados
burocráticos do país e não dará bons resultados. E ficamos todos
pasmados, vendo a parte comer o todo, acreditando cegamente que tudo
isto é “progresso”.
Uma
vez o Contra- Almirante Saldanha da Gama em 1893 em seu manifesto
disse: “ Compatriotas! Os povos que abdicam de seu direito não
podem queixar-se dos seus opressores....Mostrai que não somos um
povo conquistado,mas um povo livre e cônscio dos seus destinos”.
Mal sabia Saldanha da Gama no começo da República quanto e o que
ainda ocorreria nesta temática.
Odilon
Reinhardt.